Rescaldo do jogo de ontem
Gyökeres muito cumprimentado pelos companheiros: bisou a converter penáltis
Foto: Luís Forra / Lusa
Gostei
De ver o Sporting ultrapassar um adversário muito difícil. Saímos do estádio de São Luís com uma vitória suada (2-3) mas nem por isso menos saborosa: o Farense é sempre uma equipa muito complicada. Como bem sabe o Braga, que perdeu neste mesmo estádio por 3-1. Como bem sabe o FC Porto, que arrancou a ferros uma vitória tangencial ao onze algarvio no Dragão - com o golo decisivo marcado aos 90'+10.
De Gyökeres. Soma e segue: mais dois golos no seu currículo. Leva agora seis de verde e branco - cinco na Liga - e ascende ao primeiro posto da nossa galeria de artilheiros. Foi ele o homem do jogo ao bisar de grande penalidade de modo irrepreensível. Primeiro aos 21', depois aos 90', sentenciando a partida e fixando o resultado. Mas não se limitou a marcar: foi um batalhador incansável. Sempre a disputar a bola mesmo policiado em permanência por dois defesas adversários.
De Pedro Gonçalves. Excelente notícia, ter voltado a afinar a pontaria: marcou um belo golo (o seu segundo da temporada) aos 35'. Um golaço, com remate rasteiro, forte e muito bem colocado na sequência de um canto. Confirmando que o Sporting, nesta época, tem elevado índice de aproveitamento dos chamados lances de "bola parada". Pormenor a salientar: nos dois penáltis, que em princípio deveria ter sido ele a bater, fez questão de oferecer a bola a Gyökeres, dividindo com ele o protagonismo neste jogo. Bonito gesto de companheirismo: merece ser enaltecido.
De Mattheus Oliveira. Não está aqui por engano, apesar de actuar pelo Farense: merece mesmo destaque. Fez a melhor partida desde que está em Portugal, marcando os dois golos da sua equipa (aos 36' e aos 55'), ambos na conversão de livres directos que Adán foi incapaz de travar. Dois estupendos remates que pareceram soar a vingança contra o Sporting, onde o médio ofensivo filho do antigo campeão mundial Bebeto esteve sob contrato mas quase não foi utilizado - só disputou quatro jogos na nossa equipa principal. Talvez não volte a fazer um jogo com o brilhantismo deste, em que esteve perto de marcar o terceiro, em lance corrido (grande defesa de Adán aos 81').
Da atmosfera no estádio. Bancadas cheias, apoio incessante às duas equipas do princípio ao fim. Quase tudo irrepreensível, excepto o arremesso de tochas e potes de fumo para o relvado no início do encontro. Pelos mesmos de sempre, que forçam o Sporting a pagar largos milhares de euros em multas impostas pela Liga: não têm emenda.
De termos conquistado 19 pontos em 21 possíveis. Mais nove do que na mesma fase do campeonato anterior. Eficácia sem margem para dúvida. Marcámos até agora em todos os jogos.
De termos cumprido outro jogo sem perder. Se somarmos o de ontem às 14 rondas finais da Liga 2022/2023 e aos desafios das seis jornadas iniciais deste campeonato, mais o da Liga Europa na Áustria, já levamos 22 sem conhecer o mau sabor da derrota em partidas oficiais.
De ver o Sporting a liderar isolado o campeonato. Tal como na época em que fomos campeões, assumindo o comando à jornada 7, seguimos em primeiro. Agora com mais um ponto do que o Benfica (que tem 18), mais três do que o FC Porto (que tem 16) e mais seis do que o Braga (que tem 13). Haverá quem não goste, mesmo entre alegados adeptos leoninos? É bem possível. Com toda a franqueza, já nada me admira.
Não gostei
Da lesão de Coates. O nosso capitão teve de passar a braçadeira a Adán logo aos 11'. Saiu com queixas musculares, cedendo o lugar no onze a Matheus Reis (Gonçalo ficou ao meio). Oxalá recupere depressa: precisamos dele.
De termos passado de 0-2 a 2-2. Mesmo a jogarmos só contra dez a partir do minuto 19, beneficiámos pouco ou nada dessa vantagem numérica. Pelo contrário, foi a partir daí que os leões de Faro se empolgaram ainda mais e partiram para cima de nós em rápidos lances ofensivos de que resultaram os dois golos. Valeu-nos o segundo penálti - muito duvidoso - que Luís Godinho assinalou por suposta falta sobre Edwards sem que o vídeo-árbitro Manuel Mota o tivesse contrariado. Sinceramente, não parece ter existido motivo para castigo máximo nesse lance. Mas foi graças a ele que trouxemos os três pontos de Faro.
De Morten. Partida para esquecer do internacional dinamarquês. Aos 36', fez uma falta indiscutível e totalmente desnecessária de que resultou o primeiro golo da turma algarvia. Amarelado, aos 42' voltou a fazer outra falta sem margem para dúvidas e também sem qualquer necessidade que em estrito rigor lhe deveria ter valido o segundo amarelo e consequente expulsão. Rúben Amorim deve ter sofrido um calafrio. De tal modo que trocou Morten por Paulinho ao intervalo. Percebeu que, com ele em campo, arriscaria passar a jogar só com dez.
De Daniel Bragança. Voltou a fazer a diferença, novamente para pior. Em campo desde os 83', substituindo Nuno Santos, foi incapaz de ser útil à equipa quando precisávamos de desfazer o empate e de trazer qualidade ao meio-campo leonino. Pelo contrário: logo no minuto seguinte viu o amarelo ao cometer uma falta sem qualquer nexo. Aos 90'+3, quando precisávamos de pausar o jogo e segurar a bola, precipitou-se entregando-a ao Farense lá na frente. Assim dificilmente será titular do Sporting. Absolutamente decepcionante.
De ter sofrido dois golos, mesmo em superioridade numérica. Ainda não foi desta que mantivemos as nossas redes invictas na condição de equipa visitante. É o próximo marco a conquistar.