Rescaldo do jogo de ontem
Não gostei
De perder dois pontos em Braga. Os primeiros que desperdiçamos nesta Liga 2023/2024, perante um adversário que há quatro anos não consegue vencer-nos em casa. Soube a pouco. Soube exactamente ao mesmo do Braga-Sporting da época anterior, em que fomos à capital do Minho empatar 3-3. Só com a diferença, desta vez, de o empate ter sido com menos golos: 1-1. Mas não fizemos melhor.
De falharmos a possibilidade de nos distanciarmos do FC Porto. A equipa azul-e-branca deixou-se ontem empatar no Dragão perante o Arouca, num jogo em que perdia por 0-1 aos 90 minutos e teve 23' de tempo extra - seguramente recorde nacional nesta matéria. Seria uma ocasião soberana de ficarmos com mais dois pontos do que os nossos rivais do Norte. Um desperdício.
De termos visto um golo anulado. Seria o nosso segundo, muito bem marcado por Morten - o seu primeiro de Leão ao peito. Por alegado fora-de-jogo posicional: Pedro Gonçalves estaria deslocado, sem interferir na jogada, mas interferindo no ângulo de visão do guarda-redes Matheus. Aconteceu aos 38', coroando o melhor lance colectivo do Sporting nesta partida, com destaque para os contributos de Gyökeres e Morita.
De Paulinho. Jogava num estádio onde já foi feliz. Mas isto não parece tê-lo motivado. Passou ao lado do jogo. O treinador decidiu prescindir dele ao intervalo. Assistiu à segunda parte no banco de suplentes.
De Nuno Santos. Desde que veio de lesão ainda não parece em plena forma. Novamente com desempenho muito apagado, recebeu ordem para sair aos 60'. Anda a abusar dos passes à retaguarda em vez de mostrar aquilo que bem sabe fazer: cruzamentos com o seu potente pé esquerdo. Abusa também do excesso de teatralidade no relvado, o que pouco ou nada o favorece perante as equipas de arbitragem.
Da saída de Morten. O reforço dinamarquês estava a ser pendular no meio-campo, conferindo segurança e robustez ao nosso corredor central, jogando de cabeça bem levantada, com noções apuradas de tempo e espaço. Causou surpresa a decisão do treinador de tirá-lo aos 60', contribuindo para desguarnecer aquela zona em tarefas de contenção e recuperação da bola.
De Daniel Bragança. Nenhuma das cinco substituições feitas por Rúben Amorim foi muito feliz. Mas o desempenho do nosso médio criativo, que tantas vezes tenho elogiado, esteve claramente abaixo daquilo que esperamos dele. Em campo como substituto de Morten, entregou duas vezes a bola em zona perigosa e é ele a causar o livre directo, absolutamente desnecessário, quase à entrada da nossa área que gera o golo do empate do Braga, marcado por Álvaro Djaló, aos 78´.
Do desgaste de Gyökeres. O internacional sueco voltou a jogar muito para a equipa. Procura a bola em frenesim constante, tenta ser útil em toda a largura do terreno, mas vai-se desgastando em missões demasiado longe dos postes, abandonando a zona de tiro - precisamente aquela em que melhor faz a diferença. Gostaria de vê-lo mais enquadrado com a baliza e menos como interior ou até como extremo ao longo das partidas. Porque precisamos dele, sobretudo, a marcar golos.
De ver Bruma e José Fonte com outra camisola. Bons desempenhos do veterano central (e campeão europeu em 2016) e do avançado que agora alinham pelo Braga. Ambos são produto da formação leonina, como é sabido.
Gostei
Do grande golo de Pedro Gonçalves. Já tínhamos saudades de o ver fazer o gosto ao pé. Após três jogos em branco, voltou a facturar - abrindo o marcador aos 25'. Belo golo marcado de ângulo muito apertado, o que o torna de execução técnica difícil, só ao alcance de um predestinado. Merece ser designado o melhor Leão em campo.
De Diomande. Vai crescendo de jogo para jogo. Não apenas útil na contenção defensiva, como central do lado direito, mas também na saída de bola - exibindo segurança e maturidade muito acima dos seus 19 anos. Teve intervenção decisiva no nosso golo: é ele a fazer a assistência vertical, muito bem medida, para Pedro Gonçalves. Chamem-lhe reforço: é a palavra certa.
De Morita. Voltou a demonstrar extrema utilidade. Quer a calibrar o nosso meio-campo e acorrendo às dobras de vários companheiros ao fechar corredores em manobra defensiva quer a descobrir linhas de passe para colocar a bola bem medida nos pés dos avançados. Muito eficaz nas recuperações. Foi ele a fazer a assistência para o golo de Morten que acabou por ser anulado sem a menor culpa nem do internacional nipónico nem do dinamarquês.
De termos chegado ao intervalo a vencer 1-0. Fomos superiores na primeira parte e podíamos ter construído uma vantagem mais dilatada. Entrámos a recuar muito no segundo tempo, como tantas vezes já aconteceu, e permitimos que o Braga assumisse o controlo do jogo, mesmo criando poucas oportunidades de golo. Bastou concretizar uma para nos impedir a conquista dos três pontos.
Da estreia de Fresneda. O jovem espanhol, recém-chegado do Valladolid, vestiu pela primeira vez a verde-e-branca aos 85', quando substituiu Esgaio. Tempo insuficiente para fazer um juízo sobre o seu desempenho, apenas para assinalar que já o pudemos ver em acção.
Da qualidade do jogo. Bem disputado, com emoção até ao fim, foi um cartaz apelativo para a promoção do futebol. Certamente apreciado pelos 22.781 espectadores que compareceram no estádio municipal de Braga.
De termos cumprido 18 jogos seguidos sem perder. Se somarmos o de ontem às 14 rondas finais da Liga 2022/2023 e às vitórias nas três jornadas iniciais do campeonato em curso, é este o número de desafios que já levamos sem conhecer o mau sabor da derrota em partidas oficiais. À frente de qualquer outra equipa.
De termos dez pontos em 12 possíveis. Seguimos no comando do campeonato, integrando um trio que também inclui Boavista e FC Porto. Há um ano, à quarta jornada, só tínhamos quatro pontos. Faz enorme diferença.