Rescaldo do jogo de ontem
Gostei
Da terceira vitória consecutiva. Desta vez por 1-0, no nosso estádio, contra o Famalicão - a quem impusemos a primeira derrota. Em jogo de sentido único, com domínio total leonino. Frente a uma equipa que logo na ronda inaugural desta Liga 2023/2024 foi ganhar em Braga.
De Paulinho. Outro golo marcado: e vão quatro, em três jogos. Outro desempenho decisivo na conquista de pontos: já lhe devemos sete nas partidas disputadas. Desta vez ameaçou aos 19' (Luiz Júnior salvou um golo quase certo defendendo com a cabeça!), mas concretizou aos 52': estava no sítio certo para completar da melhor maneira, cabeceando, uma tentativa de Coates na grande área dando sequência a um livre lateral. Melhor jogador em campo, é hoje o mais destacado elemento desta equipa. Voltou a ouvir o cântico que lhe é dedicado, por mérito próprio.
De Gyökeres. Não marcou, mas foi incansável no trabalho em campo. Actuando umas vezes como extremo, noutras como interior esquerdo ou direito. É dele o passe para o quase-golo de Paulinho aos 19'. Tem um vigor físico impressionante e obriga a fixar dois defesas adversários sempre de olho nas suas movimentações imprevisíveis, abrindo espaços para os companheiros. Esteve perto de marcar, de livre directo, num remate rasteiro. Grande contratação.
Da estreia de Morten a titular. O reforço dinamarquês jogou bastante adiantado, mais como médio de construção do que médio defensivo. Segura com eficácia a bola, define bem o passe, sabe temporizar o jogo. Tentou articular-se com os companheiros: passou no teste. Falta-lhe apenas acentuar a robustez física: saiu aos 84', visivelmente desgastado.
Das entradas de Geny e Daniel Bragança. Ambos formados em Alcochete, trouxeram frescura e ousadia numa fase de notória quebra física da nossa equipa. O primeiro entrou aos 60', rendendo um desinspirado Nuno Santos (passando para o corredor direito com a entrada de Matheus Reis, aos 66'): foi dele um dos lances individuais mais espectaculares do jogo ao ganhar uma bola disputada mesmo no limite da linha de fundo, driblando Moura, e ao centrá-la, bem redonda, para Pedro Gonçalves tentar dar-lhe o rumo certo. O segundo, em campo desde os 84', foi vital para garantir a posse de bola numa fase em que o Famalicão tentava o golo do empate. Esteve até à beira de marcar com um tiro do seu pior pé, o direito.
De não termos sofrido golos. Primeira partida deste campeonato em que as nossas redes se mantiveram invioláveis após termos permitido que Vizela e Casa Pia marcassem. A presença de Morten facilitou o trabalho do trio defensivo (Diomande, Coates e Gonçalo Inácio). A tal ponto que o Famalicão não criou um só lance de golo em todo o jogo.
Do guarda-redes do Famalicão. Luiz Júnior foi fundamental para evitar que a sua equipa saísse de Alvalade com uma derrota mais volumosa. Pelo menos com intervenções decisivas a remates de Paulinho (19'), Gyökeres (65') e Daniel Bragança (85').
Do ambiente festivo no nosso estádio. Vive-se uma inegável comunhão entre os adeptos e os jogadores. Confiança inabalável da nação leonina nas potencialidades desta equipa, que ontem apresentou talvez o melhor onze em campo. Não por acaso, registou-se a presença de 40.287 espectadores nas bancadas. Testemunhando este facto inegável: chegamos ao fim de Agosto com a pontuação máxima garantida. Todos os sonhos são possíveis. Daí ter-se gritado «Sporting campeão!» ainda antes do apito inicial.
De termos cumprido 17 jogos seguidos sem perder. Se somarmos o de ontem às 14 rondas finais da Liga 2022/2023 e às vitórias nas duas rondas iniciais do novo campeonato, é este o número de desafios que já levamos sem conhecer o mau sabor da derrota em partidas oficiais.
De ver o Sporting no comando. Nove pontos, liderança do campeonato - para já partilhada com o V. Guimarães. É precisamente aqui que devemos estar. Na Liga 2022/2023, também à terceira jornada, só tínhamos quatro pontos - menos de metade dos actuais.
Não gostei
De Pedro Gonçalves. Outra exibição apagadíssima. Nem actuando mais na frente, compondo um trio com Gyökeres e Paulinho, nem recuando no terreno nos minutos finais, conseguiu fazer a diferença. Errou vários passes, acusou falta de intensidade, foi ineficaz na marcação de cantos, não protagonizou lances de ruptura. Falhou escandalosamente o golo que Geny lhe ofereceu aos 90'+4. Podia ter sido feliz na marcação de um livre directo, aos 49', quando fez a bola embater na barra - único momento positivo em dia não. Mais um, desde que decidiu trocar o n.º 28 pelo n.º8 que antes tinha sido de Bruno Fernandes.
De Nuno Santos. Ainda não recuperou a antiga forma desde que falhou o início da temporada oficial devido a lesão. Quase sempre inofensivo no corredor esquerdo, permitiu que Esgaio tivesse muito mais iniciativa atacante no flanco oposto. Limitou-se a quatro cruzamentos, sem consequências dignas de registo - de resto, abusou dos passes à retaguarda. Melhor momento: a marcação de um livre, tipo canto curto, do lado direito - que daria início ao nosso golo solitário. Poucos minutos depois saiu, visivelmente insatisfeito com a sua prestação em campo.
Do empate a zero ao intervalo. Sabia a muito pouco num primeiro tempo de sentido único, em que só a nossa equipa procurou a baliza adversária, com o Famalicão todo recolhido em 30 metros: basta anotar que o primeiro canto da turma minhota só aconteceu aos 82'. A nossa aparente incapacidade para furar a muralha defensiva dos visitantes foi enervando parte do público no estádio, que começou a transmitir nervosismo à equipa. Sem necessidade alguma.