Rescaldo do jogo de ontem
Gostei
De terminarmos o campeonato a vencer. Em Vizela, campo difícil. Frente a um adversário motivado e muito incentivado pelo seu público.
Da reviravolta. Recuperámos de um resultado desfavorável (golo sofrido logo aos 6'), empatando aos 20', e consumámos o triunfo aos 85'. Triunfo por 2-1. Tudo está bem quando acaba bem.
De Pedro Gonçalves. Nada se decidia já neste jogo, que para nós se destinou apenas a cumprir calendário. Mas o nosso n.º 28 suou a camisola, inconformado. Quis sempre mais, quis sempre melhor. Perante uma reduzida mais vibrante falange de adeptos leoninos. Querer é poder: foi dele o passe para o golo inicial, na marcação de um canto, e é ele quem conduz toda a jogada que culmina no segundo. Somou 11 assistências na Liga. Melhor em campo.
Da estreia de Gonçalo Inácio a marcar no campeonato. Mesmo no último jogo: foi dele o cabeceamento bem calibrado de que resultou o golo inicial. Fecha a temporada com quatro bolas metidas no fundo das redes - mas para a Liga 2022/2023 foi só este. Ainda a tempo.
De Edwards. Estará em vias de abandonar o Sporting para regressar à Premier League? Talvez, algo indiciado pelo facto de ter começado no banco - facto insólito nas opções do treinador. A verdade é que quando entrou, aos 58', logo agitou o jogo, causando desequilíbrios graças à sua excelente técnica. O colectivo leonino beneficiou muito com ele em campo. Se sair, teremos saudades dele.
Do autogolo. De Ivanildo Fernandes, aos 85', quando trocou os pés numa bola bombeada por Pedro Gonçalves para Chermiti, ali bem perto. O antigo jogador da formação leonina, que chegou a participar em vários jogos da nossa equipa B, cumpriu enfim um sonho antigo: marcar pela equipa principal do Sporting. Foi o quinto autogolo de que beneficiámos neste campeonato - e o oitavo em toda a temporada. Nenhuma equipa em Portugal se pode gabar do mesmo.
De termos cumprido 14 jogos seguidos sem perder. Balanço positivo da nossa segunda volta: 13 vitórias, três empates, apenas uma derrota, com 38 golos marcados e só 13 sofridos. Se tivéssemos feito o mesmo na frustrante primeira volta, chegaríamos ao fim do campeonato com 84 pontos. Merece reflexão.
Da nossa folha limpa perante o Vizela. Já os defrontámos em dez partidas - sempre a vencer. Um caso inequívoco de maioria absoluta.
De Osmajic. O avançado montenegrino do Vizela, emprestado pelo Cádiz, marcou um grande golo em contra-ataque, beneficiando de uma perda de bola nossa a meio-campo, da falta de velocidade de Coates e da indecisão de Israel, que nem fez a mancha nem cobriu o primeiro poste. Fecha a temporada com oito golos apontados. Fazia-nos falta ter um artilheiro assim.
Não gostei
De Dário. Rúben Amorim apostou nele como titular, mas o jovem da nossa formação esteve muito longe de corresponder à confiança que o treinador nele depositou. Trapalhão, desposicionado, sem conseguir articular-se com os companheiros, não aproveitou esta oportunidade. Tem responsabilidade na perda de bola que conduziu ao golo do Vizela. Saiu aos 56', dando a sensação de que devia ter ficado no balneário logo ao intervalo.
De Paulinho. Chega ao fim do campeonato com cinco golos marcados, cifra medíocre para quem joga na posição dele e foi a contratação mais cara de sempre do Sporting. Ontem, mais do mesmo: falhou emendas, chegou tarde aos lances, cabeceou na direcção errada. Seria mais útil à equipa se aplicasse em golos metade da energia que vai desperdiçando em protestos inúteis durante os jogos.
De ver Ugarte no banco. Sinal inequívoco de que o internacional uruguaio, digno sucessor de Palhinha, está em vias de deixar o Sporting, supostamente a caminho do futebol inglês. Sentiu-se já a falta dele como tampão no nosso meio-campo, mesmo contra uma equipa como o Vizela, que não pressionou muito. É uma lacuna que se abre no onze titular leonino. Não será Dário a preenchê-la.
Da indisciplina. Começa a ser raro haver um jogo do Sporting sem forte sururu no terreno, com actos que não dignificam o futebol nem o nosso emblema. Ontem, mesmo já não havendo objectivos a cumprir excepto a obrigação de vencer, vários jogadores envolveram-se em picardias e gestos antidesportivos totalmente desnecessários. Pedro Gonçalves e Coates deviam ter visto cartões amarelos.
De ver vários nossos ex-jogadores com a camisola do Vizela. Bruno Wilson, Ivanildo, Tomás Silva: todos formados em Alcochete. O segundo teve a bondade de retribuir com o autogolo que nos valeu três pontos.
Do horário do jogo. Este Vizela-Sporting, parte do qual disputado debaixo de chuva, começou só às 21.15. Não admira que houvesse apenas 3309 espectadores nas bancadas. Inaceitável, termos jogado uma temporada inteira quase sempre a horas impróprias. Como se fôssemos um clube de vão de escada.