Rescaldo do jogo de ontem
Não gostei
De mais dois pontos perdidos. Não pode ser coincidência: na primeira volta, fomos a Arouca perder (0-1), ontem estivemos perto disso. Lá conseguimos empatar, com um penálti manhoso, e andámos no habitual desespero dos últimos minutos (com a ajuda do árbitro Vítor Ferreira, que ontem nos concedeu 11 minutos de tempo extra!) sem desfazer o 1-1.
De voltar a ver Coates como ponta-de-lança improvisado. Chega a ser humilhante para o próprio capitão leonino, comandante do sector defensivo: lá voltou ele, na tal fase do desespero, a ser remetido para a frente, como "pinheiro" na grande área, para tentar um cabeceamento miraculoso que nos salvasse daquela aflição final. Não resultou. Teria sido muito mais fácil contratar um avançado goleador no Verão passado, como vários de nós escrevemos e como a mais elementar lógica indicaria.
De Chermiti. Andou aos papéis, durante quase o jogo todo, comprovando que não basta contar com alguém alto na grande área: é preciso que esse jogador tenha faro - e habilidade - para o golo. Chegou atrasado nas ocasiões propícias para marcar. Falhou remates a passe de Trincão (8'), Nuno Santos (14') e Arthur (21'). O primeiro (aos 30', servido por Ugarte) saiu-lhe frouxo. Incapaz de uma recarga aos 54'. O melhor que conseguiu foi acertar no poste (62'). Assim torna-se muito difícil.
De Diomande. Ontem a nossa linha de centrais foi composta por ele, Coates (antes de ser plantado na grande área adversária) e Matheus Reis. O jovem marfinense, que já tinha feito boas exibições, saiu desta vez mal da fotografia com uma rosca que originou o golo sofrido. Serve um pouco de símbolo do que tem sido o desnorte do Sporting na temporada em curso.
De Bellerín. O espanhol que chegou como aspirante a sucessor de Porro mas tem passado mais tempo na enfermaria do que no relvado prometia muito mas vem oferecendo quase nada - na linha da recarga falhada a um metro da baliza em Turim. Ontem foi pior do que contra a Juventus: primeira parte nula, sem qualquer acção digna de registo. Ao intervalo, deu lugar a outro (Morita, bastante melhor).
Da troca de Nuno Santos por Rochinha. Aconteceu aos 59'. Não entendi. Já a poupar o jogador a pensar no Sporting-Juventus da próxima quinta-feira? É a hipótese mais plausível, tal como a exclusão de Morita durante toda a primeira parte e a ausência de Gonçalo Inácio até aos 89'. Mas a verdade é que fez falta à equipa, enquanto Rochinha se limitou a ser... Rochinha.
Do penálti falhado. Por Pedro Gonçalves, aos 35'. E vão três, de seguida - por Chermiti contra o Chaves, do mesmo Pedro Gonçalves contra o Portimonense e agora este frente ao Arouca. Felizmente foi-nos assinalado outro, o que nos situa no topo das equipas que mais têm beneficiado de grandes penalidades. Valeu-nos esse, aos 87', para empatar o jogo. Em lance corrido, pelo que se viu contra o quinto classificado da Liga, seríamos incapazes.
Das ausências. St. Juste e Paulinho estão arrumados até ao final da época, já não contamos mais com eles. Edwards, nosso habitual desequilibrador, também esteve ausente, por suposta indisposição (esperemos que recupere para enfrentar a Juventus em Alvalade na quinta-feira). Além deles, também Morita e Gonçalo Inácio estiveram fora do onze inicial. Num plantel já de si curto, com jogos de três em três dias, estas baixas pesam sempre.
Da primeira parte. Oferecida ao Arouca: levamos demasiado longe o desportivismo face aos nossos adversários - incluindo agora no lance do golo marcado por Antony, aos 38'. Nesta fase do jogo, a intensidade parece emigrar para parte incerta. Depois restam-nos 45 minutos (ontem mais 56') para correr contra o prejuízo.
Dos assobios nas bancadas. É verdade que estávamos a perder, mas assobiar os jogadores ao intervalo não serve para nada. Excepto para dar mais moral à equipa adversária e afundar ainda mais a nossa num estádio que tinha ontem 25.584 espectadores. Pura estupidez.
Da expulsão do treinador. Facto raro: Rúben Amorim viu o vermelho mesmo ao cair do pano. Ignoro o motivo, mas nunca é bom sinal. Não queremos competir com o técnico do FC Porto no campeonato dos cartões.
Da classificação. Fomos ainda mais empurrados para o quarto posto, perdendo terreno para FC Porto e Braga - que venceram os respectivos jogos e têm estado realmente melhor do que nós nesta Liga 2022/2023. Com o consequente adeus à liga milionária que já se vislumbra. E os naturais reflexos que isso terá na formação do plantel da próxima época.
Gostei
De Pedro Gonçalves. O mais batalhador, o mais inconformado, o melhor dos nossos. É verdade que falhou um penálti, mas converteu outro - o seu 19.º golo da temporada. E voltou a demonstrar que é o principal activo do futebol leonino. Pelo que joga e pelo que faz jogar. Sempre de cabeça levantada, sem nunca perder o rumo da baliza.
De Morita. Com ele em campo, a equipa muda. Para melhor. Agora que Ugarte anda mais apagado, nota-se ainda mais o bom trabalho do internacional japonês, único criativo do habitual dueto do nosso meio-campo, eficaz transportador da bola, sem receio do choque físico nem de arriscar passes de ruptura. Desta vez entrou com 45 minutos de atraso. Cabeceou à trave, aos 54', após canto convertido por Nuno Santos.
Do Arouca. Nunca tinha pontuado em Alvalade: superou ontem essa marca. Segue com sete jogos seguidos sem perder. Um lugar abaixo de nós na classificação geral.