Rescaldo do jogo de ontem
Pedro Gonçalves muito cumprimentado pelos colegas: o transmontano bisou em Chaves
Foto: Pedro Sarmento Costa / Lusa
Gostei
Da vitória em Trás-os-Montes. Missão cumprida: fomos a Chaves e vencemos. Por 2-3, quase replicando o resultado lá alcançado na deslocação anterior, há quatro anos. A segunda parte foi de inequívoco domínio leonino, exceptuando a falha defensiva que permitiu o segundo golo flaviense mesmo ao cair do pano.
Da desforra. Com este resultado vingámos a humilhante derrota em casa (0-2) frente à mesma equipa, em Alvalade, logo à quarta jornada desta Liga 2022/2023.
Do bis de Pedro Gonçalves. Rúben Amorim, evidenciando uma casmurrice que começa a desafiar toda a lógica, insistiu em colocá-lo novamente no meio-campo em parceria com Ugarte, quando tinha Morita e Tanlongo no banco. Foi preciso o Chaves empatar - e o tempo começar a escoar-se sem reviravolta no marcador - para o técnico mandar entrar enfim o internacional japonês, por troca com o inútil Trincão, e fazer avançar o transmontano. Isto aos 60'. No minuto seguinte, num belo lance de futebol de ataque, Pedro Gonçalves marcou um golaço - o da reviravolta. Já aos 8' tinha mandado a bola para o fundo das redes, convertendo um penálti. Foi o homem do jogo, igualando João Mário, Gonçalo Ramos (Benfica) e Navarro (Gil Vicente) na lista dos melhores artilheiros do campeonato. É assim quando actua no sítio certo.
Da estreia de Diomande. Pela primeira vez como titular, actuando na posição de central do lado direito, o jovem marfinense, de apenas 19 anos, deu boa conta do recado: atento, concentrado, com poderio físico, disciplina táctica e leitura correcta do tempo de intervenção, foi competente no passe e não hesitou em transpor linhas envolvendo-se em lances ofensivos. Promissora estreia deste nosso reforço de Inverno.
Dos três golos marcados. Facto que merece ser assinalado pois há seis meses não nos sucedia isto: a última vez que tínhamos rematado com tamanho sucesso fora de casa, nesta Liga, havia sido na jornada inaugural, contra o Braga (3-3). Outro destaque: é a primeira vez, no campeonato em curso, que registamos dois triunfos seguidos como visitantes.
De termos sido desta vez os primeiros a marcar. A vencer desde o minuto 8, nunca deixámos a equipa adversária adiantar-se. Caso para sublinhar, sobretudo nos jogos fora de Alvalade, em que temos um saldo ligeiramente positivo (5 vitórias, 2 empates, 4 derrotas) e apresentamos igualdade entre golos marcados e sofridos (16-16, a partir de agora).
Do centésimo jogo de Rúben Amorim na Liga 1. Foi este, agora cumprido, com uma vitória. Oxalá seja sinal de que a estrelinha do treinador leonino voltou a brilhar. Espero que ele contribua para isso, adaptando-se com maior eficácia às dificuldades que lhe surgem pela frente sem insistir sempre nos mesmos processos e nos mesmos protagonistas, até quando se torna evidente que é fundamental haver mudanças.
Não gostei
Do empate (1-1) que se registava ao intervalo. Aos 34', deixámos o Chaves empatar, num vistoso remate cruzado de João Teixeira em que Adán saiu mal na fotografia - ele que seis minutos antes tinha evitado um golo praticamente certo. Parecia um filme que já vimos em diversos desafios ao longo deste campeonato. Felizmente desta vez o desfecho foi diferente.
Do golo que sofremos ao cair do pano. Mesmo no último lance da partida, com a bola a deslocar-se a toda a largura da nossa defesa sem ninguém conseguir interceptá-la e Nuno Santos, apático, a falhar o duelo com Hector. Dava a impressão que naquele momento alguns dos nossos jogadores já estavam com os níveis de concentração próximos do zero, talvez a pensar no desafio de quinta-feira, na Dinamarca, para a Liga Europa.
De Trincão. Amorim insiste nele, fez até questão de o incluir entre os titulares, mas o ex-Braga voltou a demonstrar que está muito longe de merecer tal confiança. Outra partida em que passou ao lado, sem nada de relevante evidenciar: macio, sem objectividade, incapaz de causar desequilíbrios, facilmente anulado, com pouca resistência ao choque, ficou novamente aquém daquilo de que uma equipa com as aspirações do Sporting necessita. Pior: a sua inclusão no onze titular força Pedro Gonçalves a jogar onde menos rende. Saiu aos 60', por troca com Morita: no minuto seguinte desfizemos o empate. Não terá sido coincidência.
De Paulinho. Desta vez rematou, acertando na barra à queima-roupa (25'). E até marcou duas vezes, mas em qualquer dos casos estava fora-de-jogo. Custa entender como é que um avançado com a experiência dele é incapaz de medir o tempo de intervenção de modo a colocar-se atrás do defesa em fracções de segundo. É verdade que fez uma assistência - a segunda nesta Liga - para o nosso terceiro golo, apontado por Nuno Santos aos 70'. Mas não é menos certo que saiu, aos 80', mantendo-se em jejum prolongadíssimo, sem corresponder àquilo que os adeptos mais aguardam dele. Balanço à 21.ª jornada: apenas dois golos no campeonato. Segue em 56.º lugar na lista dos marcadores.
Do penálti falhado. Pedro Gonçalves já tinha marcado duas vezes: se marcasse o terceiro, isolava-se como goleador da Liga 2022/2023. Estranhamente, cedeu essa prerrogativa a Chermiti aos 85' - ou por decisão própria ou por imposição do treinador. O miúdo recém-entrado, chamado a converter, permitiu a defesa do guardião flaviense. Impõe-se a pergunta: há uma hierarquia na equipa para os marcadores de grandes penalidades ou estas coisas acontecem à vontade do freguês?
Do amarelo exibido a Ugarte. O combativo médio uruguaio viu o nono cartão desta época. Não poderemos contar com ele na partida 22 do campeonato, em que vamos receber o Estoril.
Da classificação. Quando faltam 13 jornadas para terminar a prova máxima do futebol, nada se alterou nos lugares da frente: todos os nossos competidores venceram. Continuamos, portanto, a ver o Benfica 15 pontos à nossa frente, o FC Porto com mais dez e o Braga com mais oito.