Rescaldo do jogo de ontem
Gostei
Da vitória arrancada a ferros. Derrotámos o Vizela (2-1) graças a um penálti convertido aos 90'+5. Após outro jogo muito sofrido e em grande parte medíocre do nosso lado, exasperando os escassos 23.358 adeptos que ali compareceram em noite fria de Inverno e em horário impróprio (apito inicial às 21.15). Primeiro triunfo em 2023 neste regresso a casa após uma derrota (com Marítimo) e um empate (com Benfica). E a pior assistência até agora registada nesta Liga em Alvalade.
De Porro. Outra vez o melhor em campo. É hoje, inegavelmente, o elemento com mais qualidade no plantel leonino. Transferi-lo neste mercado de Inverno será outra machadada no "projecto do Sporting", que implica exibir um futebol atractivo e eficaz para poder aceder a títulos e à injecção financeira que só eles proporcionam. Marcou de modo exemplar o penálti da vitória. Já tinha assistido no golo inicial e tentado ele próprio o golo num remate forte aos 45'+2. Fez vários cruzamentos irrepreensíveis mas quase todos desaproveitados. Soma agora 11 assistências no campeonato. O modo exuberante como festejou o golo, apontando para o emblema, indica que quer continuar em Alvalade.
De Pedro Gonçalves. Soma e segue: outro golo, desta vez em bola corrida. À ponta-de-lança, aos 59', dando a melhor sequência, em ângulo recto para a baliza, ao centro de Porro. Aos 20', serviu muito bem Paulinho num dos lances que o avançado-centro desperdiçou. O seu desempenho foi muito superior na segunda parte, quando Morita entrou para fazer parceria com Ugarte no meio-campo e o ex-Famalicão avançou no terreno: é ali que deve jogar sempre. Nos últimos quatro jogos, marcou em três.
Do regresso de Morita. O internacional japonês, que esteve mais de um mês lesionado após ter participado dignamente no Campeonato do Mundo, funciona como complemento ideal a Ugarte no meio-campo leonino. Fazendo a ligação ao ataque, enquanto o uruguaio resguarda a componente defensiva. Em campo durante toda a segunda parte. Cumpriu a missão. E permitiu libertar Pedro Gonçalves para o triângulo ofensivo, onde mais rende.
De Tanlongo. Estreia absoluta de Leão ao peito do jovem médio argentino, recém-chegado ao Sporting. Entrou aos 77', rendendo Ugarte, e mostrou boa atitude em campo - com visão de jogo e qualidade de passe. Parece ter maturidade superior aos seus 19 anos. E é um dextro entre vários canhotos, o que registo com agrado.
Da estreia de Chermiti em Alvalade. Tal como Tanlongo, entrou quando o resultado estava 1-1 e quase todos temíamos novo empate pelo segundo jogo consecutivo. O jovem açoriano da nossa formação substituiu Pedro Gonçalves aos 77', o que causou alguma estranheza entre os adeptos mas confirma que Rúben Amorim aposta mesmo nele, mesmo sem contrato renovado. Protagonizou uma exuberante recepção de cabeça (90'+9). No mesmo minuto viu um amarelo por falta táctica que se impunha quando o Vizela tentava a todo o custo o 2-2.
De ver três dos nossos sem cartão. Coates, Nuno Santos e Porro, que estão "tapados" com quatro amarelos, passaram incólumes, sem castigo. Podemos contar com eles para o próximo desafio - a meia-final da Taça da Liga, terça-feira, frente ao Arouca.
Deste segundo penálti em dois jogos. Valeram-nos três pontos nestas duas jornadas. O que foi convertido no domingo contra o Benfica, permitindo o empate na Luz, e este que nos fez passar do empate à vitória no embate com a turma vizelense.
Da homenagem a Meszaros antes do jogo. Minuto de silêncio em memória do histórico guarda-redes leonino transformado em merecida ovação nas bancadas.
Não gostei
Do resultado ao intervalo. O nulo inicial mantinha-se nesta partida contra o oitavo classificado da Liga 2022/2023. Consequência do eficaz sistema táctico adoptado pelo Vizela em Alvalade, numa inédita (para eles) formação com três centrais, e sobretudo do enorme desperdício dos nossos atacantes. Com destaque para Paulinho e Trincão, incapazes de a meter no fundo das redes. Edwards nem tentou.
Da extrema lentidão a partir dos 20' iniciais. Fracassadas as tentativas de marcar, decidimos "pausar o jogo", passando a "construir de trás" com a passividade do costume, já com assobios a escutarem-se nas bancadas. Como se apenas soubéssemos correr atrás do prejuízo. A rapidez só regressou após o intervalo - e acentuou-se, com mais nervos do que cabeça, a partir do golo do empate, aos 75'.
De Edwards e Trincão. Foi exasperante vê-los em campo. Edwards, só na primeira parte. O ex-Barcelona até ao minuto 56. Falta de intensidade, falta de energia anímica, falta de espírito competitivo - ao invés dos alas, Porro e Nuno Santos. O inglês marcou de forma displicente um canto, aos 16', entregando-a ao guarda-redes. O minhoto, bem colocado, transformou aos 19' um possível golo num passe ao guardião Buntic. Aos 54', após falhar um passe de forma caricata, ouviu ainda mais assobios e acabou por ir tomar duche mais cedo.
De Paulinho. Voltou a sacar um penálti. Mandou uma bola ao poste (63'). Mas é inacreditável a quantidade de golos que falha - como aquele, logo aos 5', em que apareceu isolado e conseguiu acertar com a bola... na cara do guarda-redes. Chega ao fim da primeira volta do campeonato, ontem cumprida para nós, com apenas dois golos marcados nesta prova máxima a nível nacional. Números inaceitáveis para um avançado-centro.
De Rui Costa. A bola bateu nele 10 segundos antes do golo vizelense. Devia ter interrompido o jogo e recomeçá-lo com bola ao solo, mas fez de conta que nada tinha acontecido. Estavam decorridos 75 minutos, o Vizela empatava graças à preciosa ajuda e este árbitro confirnava o que já sabíamos: está a mais nos relvados portugueses. Por ter ultrapassado o limite de idade e ter superado o patamar aceitável de competência.
Da nossa defesa. Parou toda, pregada ao chão, à espera que Rui Costa interrompesse o jogo no lance do golo sofrido. Atitude inaceitável: deviam ter continuado a disputar a bola. Assim não admira que o Sporting, quarto classificado no campeonato, tenha agora só a oitava melhor defesa, com 19 golos sofridos em 17 jogos. Até o Vizela está à nossa frente.
De ver Coates novamente como "ponta-de-lança" improvisado. Aconteceu nos minutos finais, após St. Juste ter entrado - aos 87', por troca com Nuno Santos. Por falta de alternativas no banco, volta a solução de recurso. Por sinal numa época em que o nosso capitão ainda não conseguiu marcar qualquer golo.
Da comparação. À 17.ª jornada, temos menos 12 pontos do que na mesma fase do campeonato anterior. Queda abrupta.