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És a nossa Fé!

Rescaldo do jogo de ontem

Não gostei

 

Da nossa primeira derrota no campeonato. Em São Miguel, comportámo-nos no jogo inteiro como na jornada anterior durante o primeiro tempo frente ao Portimonense: cedemos a iniciativa ao adversário, fomos surpreendidos pelo sistema táctico da equipa oponente e vários dos nossos jogadores pecaram por sobranceria ou displicência. Ao ponto de nem terem aproveitado duas ocasiões em que nos adiantámos no marcador: logo aos 10', por golo de Palhinha, e aos 50', quando Sarabia fez o 1-2 frente ao Santa Clara. Saímos derrotados por 3-2, com manifesta superioridade da equipa açoriana. Que no início desta 17.ª jornada estava em 15.º na classificação e tinha o terceiro pior ataque da Liga 2021/2022.

 

De Esgaio. Partida para esquecer do lateral direito, que actuou em vez de Porro, ainda lesionado. Tem culpas nos três golos sofridos. Abre o flanco em jeito de avenida no primeiro (30'), falha a marcação no segundo (51') e está totalmente desposicionado no terceiro (78'), quando o "patrão" Coates já actuava lá na frente, como ponta-de-lança improvisado. Com a saída de Neto, passou de lateral a central sem ter subido de rendimento.

 

De Neto. Regressou à titularidade, por impedimento de Gonçalo Inácio. Esteve muito longe de jogar com a serenidade e a sabedoria que a sua experiência como central faria pressupor. Foi sempre o elemento mais instável, inseguro e intranquilo do nosso trio mais recuado. Parecia jogar sobre brasas. Repartiu com Esgaio responsabilidades nos dois primeiros golos que o Sporting sofreu. Saiu aos 59', certamente consciente de que nada fez para ajudar a equipa.

 

De Paulinho. Uma nulidade. Pensávamos que os três golos apontados frente ao Portimonense tivessem funcionado como tónico, mas não. Voltou ao mesmo, agora sem fazer até as movimentações de área e as diagonais a que nos foi habituando. Nos momentos decisivos, nunca estava no lugar certo. Fez o primeiro (e único) remate aos 90'+4, com a baliza à sua mercê, atirando ao lado. 

 

De Nuno Santos. Muito marcado no seu corredor, fez vários centros mas quase nenhum lhe saiu bem: ou eram muito curtos ou muito longos ou fáceis de interceptar pela defesa adversária. Continua com o péssimo hábito de se atirar para o chão aos gritos simulando falta, atitude antidesportiva a que já devia ter posto fim. 

 

De Pedro Gonçalves. Nono jogo seguido sem marcar - uma diferença assinalável em relação à época anterior. Abusou dos remates inconsequentes e até marcou um livre de forma anedótica, aos 72', quando estávamos empatados 2-2. Compensou diversas falhas com um soberbo passe que funcionou como assistência para o golo de Sarabia, mas é pouco para quem tantas virtudes exibiu na temporada 2020/2021.

 

De Tabata. Única substituição antes da hora do jogo: entrou aos 59', rendendo Neto, para tomar conta do corredor direito com o recuo de Esgaio. Em nenhum momento foi capaz de fazer a diferença, invertendo a tendência da partida. Vai somando oportunidades perdidas. Maldição do n.º 7?

 

De Daniel Bragança. Entrada tardia, só aos 83'. A emenda acabou por ser pior do que o soneto. Muito nervoso, sem evidenciar os dotes a que nos habituou, foi expulso sete minutos depois por pisão num adversário. Inicialmente advertido com amarelo pelo árbitro Rui Costa, esta decisão foi revertida por intervenção do VAR. Passámos a jogar os últimos seis ou sete minutos só com dez quando precisávamos de marcar dois para vencer. 

 

Da ausência de Rúben Amorim. Não será coincidência: a primeira derrota do Sporting em competições internas desde Maio de 2021 ocorre com o treinador impedido de viajar para os Açores por ter covid-19. Foi dando instruções por telemóvel ao seu jovem adjunto Carlos Fernandes, mas isso é insuficiente. Os jogadores necessitam da presença física e da voz de comando do técnico principal. Acompanhar o jogo pelas imagens televisivas, que quase só se limitam a acompanhar a bola, não é a mesma coisa. 

 

Dos golos sofridos. Antes deste jogo, tínhamos sete. Agora já vamos com dez: metade ocorreram nas duas últimas jornadas, o que não augura nada de bom. O que é feito da consistência defensiva que sempre constituiu o principal trunfo deste Sporting de Rúben Amorim?

 

Da desorganização. Não é nada vulgar nesta era Amorim, mas o jogo partiu-se demasiado cedo e foram accionadas medidas de emergência que soaram em excesso a improviso. Sobretudo no quarto de hora final. Coates a ponta-de-lança procurando colmatar a ineficácia de Paulinho, Palhinha recuando para a posição do uruguaio, Esgaio transitando de lateral para central... Tanta baralhação não trouxe nada de bom. 

 

Das substituições. Face ao descalabro deste nosso primeiro jogo disputado em 2022, apenas duas: troca de Neto por Tabata e de Matheus Nunes por Bragança. Ficaram três por fazer. Porquê? Falta de confiança em quem permaneceu no banco? Se alguém tinha dúvidas sobre a insuficiência deste plantel quando enfrentamos quatro provas em simultâneo e se avizinham jogos de selecções que nos desfalcarão ainda mais a equipa, este jogo tornou isso muito evidente.

 

 

Gostei

 

Do nosso primeiro golo, aos 10'. Fortíssimo disparo de João Palhinha, rasteiro, muito bem colocado, aproveitando da melhor maneira um ressalto que levou a bola a sair da grande área do Santa Clara. Este lance começa a ser construído pelo próprio Palhinha com um magnífico passe longo a toda a largura a partir da esquerda a que Sarabia deu a melhor sequência após impecável recepção junto à linha direita.

 

Do nosso segundo golo, aos 50'. A bola bombeada por Pedro Gonçalves sobrevoa a linha defensiva açoriana. Sarabia, esquivando-se à marcação perto do segundo poste, nem a deixa tocar no chão: remata de primeira com o seu pé menos bom (o direito), numa diagonal bem desenhada. Intervenção no primeiro golo e marcador do segundo: o internacional espanhol merece ser destacado como o melhor dos nossos em campo. Ou antes, o menos mau.

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