Rescaldo do jogo de ontem
Não gostei
Da péssima exibição em Vila do Conde. Foi muito melhor o resultado (1-1) do que o desempenho do Sporting em campo, esta noite, no Estádio dos Arcos. Com um golo sofrido quando estava decorrido apenas um minuto após o apito inicial, na sequência de um lance que fez tremer toda a organização defensiva da nossa equipa, que terminou o jogo com menos posse de bola, apenas cinco disparos à baliza e só um canto conquistado. O Rio Ave teve o dobro dos remates e o triplo dos remates enquadrados.
Das ausências. Como se já não bastasse termos perdido Bruno Fernandes no final de Janeiro, entrámos em campo nesta partida sem três titulares absolutos: Acuña, Mathieu (ambos por lesão) e Vietto (por acumulação de cartões). Num plantel à partida tão desequilibrado e cheio de carências, isto tornou ainda mais complicada a vida para Silas neste primeiro jogo após ter conseguido o diploma de treinador de nível 3, que ainda não lhe permite assumir responsabilidades oficiais no banco, tanto na Liga portuguesa como nas competições europeias.
Do onze inicial. Se as ausências forçadas já limitavam a eficácia em campo, o técnico não facilitou a vida a si próprio ao excluir Battaglia dos titulares, optando pelo medíocre Idrissa Doumbia, e ao preferir Eduardo a Jovane para jogar de início. Opções que só viriam a ser rectificadas em situação de quase desespero, quando o Sporting já jogava com dez.
Da expulsão de Coates. Nem o facto de ser agora o capitão principal da equipa parece ter conferido maior estabilidade emocional ao uruguaio, que enterrou o Sporting no desafio da primeira mão ao cometer três grandes penalidades e receber um cartão vermelho. Desta vez aguentou 71 minutos em campo: já tinha um amarelo quando pisou Taremi em jogada perigosa perto da grande área leonina. E lá voltou a rumar mais cedo ao balneário, cedendo a braçadeira de capitão a Neto. Curiosamente, foi a partir dessa inferioridade numérica que tivemos o melhor período neste jogo, concretizado no empate aos 84'.
De Ristovski. Outra péssima exibição do macedónio, que pareceu estar sempre no local errado à hora errada. Com responsabilidades directas no golo madrugador dos vilacondenses, ao deixar o defesa adversário Al Musrati - em estreia no plantel da casa - movimentar-se como quis e cruzar para assistir Piazón, Ristovski nunca mais acertou marcações e provocou diversos calafrios aos colegas ao perder a bola ou entregá-la aos rivais. Quando Silas, no fim do jogo, declarou que este foi o pior desempenho da equipa desde que substituiu Leonel Pontes, estaria certamente a pensar em larga medida no lateral direito.
De Wendel. Outro pesadelo ambulante no Estádio dos Arcos. Nunca foi o organizador de lances ofensivos de que o Sporting necessitava para se superiorizar ao Rio Ave. Lento, apático, frouxo, desistindo de disputar a bola, perdendo sucessivos duelos individuais, pareceu mais um espectador no relvado do que um protagonista a quem caberia a pesadíssima responsabilidade de fazer esquecer por momentos a ausência de Bruno Fernandes. A displicência em campo do brasileiro chegou a ser ofensiva para a grande maioria dos colegas da equipa. E para os adeptos, claro.
De Sporar. Apresentado como reforço no mercado de Inverno, o avançado esloveno acaba de cumprir o seu quarto jogo pelo Sporting sem um golo nem uma assistência. Desta vez nem andou lá perto. Desmarcou-se pouco e mal, pareceu pouco interessado em abrir linhas de passe e continua sem mostrar os supostos predicados que justificaram a sua contratação por um preço quase dez vezes superior ao do lesionado Luiz Phellype.
Do 0-1 ao intervalo. Sem importunar o guarda-redes adversário, sem criar desequilíbrios, sem um fio de jogo ofensivo, parecendo conformada com a derrota tangencial, a equipa foi para o intervalo cabisbaixa. Não com a noção do dever cumprido mas do dever comprido, pois ainda faltavam 45 minutos. Felizmente o pesadelo diminuiu de intensidade na etapa complementar graças a um penálti cometido pelo Rio Ave na sequência de um bom lance de Bolasie, derrubado em falta por Borevkovic.
Da briga entre Bolasie e Jovane para a marcação do penálti. Os dois jogadores envolveram-se numa disputa pela posse da bola, ambos com vontade de converterem a grande penalidade. A missão acabou por ser confiada ao jovem caboverdiano, com manifesto sucesso. Mas subsistiu a dúvida: agora que Bruno Fernandes já cá não está, será que Silas ainda não definiu uma hierarquia entre os jogadores para estes casos?
Que o Braga esteja de novo à nossa frente. A turma braguista derrotou o Benfica na Luz, subindo ao terceiro lugar. Agora com mais um ponto do que o Sporting.
Gostei
Do resultado, vendo bem. Dos três jogos que fizemos contra o Rio Ave nesta época, o que teve desfecho menos desfavorável acabou por ser este - único disputado fora de casa. Menos mau, afinal de contas, do que as derrotas caseiras para o campeonato (2-3), a 31 de Agosto, e para a Taça da Liga (1-2), a 26 de Setembro.
De Jovane e Plata. Voltaram a saltar do banco e voltaram a fazer a diferença para melhor. Trazendo mais acutilância, velocidade e ritmo ofensivo ao Sporting. Jovane, que rendeu Camacho aos 56', destacou-se sobretudo por converter de forma impecável a grande penalidade - primeira a beneficiar o Sporting desde a partida de Bruno Fernandes. Estavam decorridos 84' e este remate certeiro valeu-nos o pontinho que trouxemos de Vila do Conde.
De Max. Outra partida muito positiva do nosso guarda-redes. Sem culpa no golo, quase à queima-roupa, e com defesas dignas de registo aos 16' e aos 90'. Foi o melhor do Sporting neste jogo.
Que Francisco Geraldes figurasse na convocatória. Infelizmente o médio criativo formado na Academia de Alcochete, agora regressado ao Sporting com 24 anos após sucessivos empréstimos, não saiu do banco. Tal como Pedro Mendes, o goleador por quem Silas suspirava até ter sido finalmente inscrito para as competições internas, há poucas semanas, e que afinal parece não contar para as opções do técnico.