Rescaldo do jogo de ontem
Gostei
Da primeira vitória do Sporting em mais de três meses. Derrotámos esta noite o Braga, por 2-1, na partida inaugural da temporada 2019/2020 no nosso estádio a contar para o calendário oficial. Missão cumprida, com os três pontos conquistados. E passamos a ter uma vantagem directa sobre a equipa braguista que talvez nos dê jeito nas contas finais deste campeonato.
Dos 20 minutos iniciais. Domínio indiscutível do Sporting, confinando o Braga no seu reduto defensivo com manobras de pressão muito alta, condicionando a saída da bola da equipa adversária. Bons lances colectivos neste período, tanto pelas alas como pelo corredor central. A superioridade leonina foi coroada com o nosso primeiro golo, apontado aos 16' por Wendel numa infiltração na área do Braga, rematando de pé esquerdo. Com primorosa assistência de calcanhar de Luiz Phellype.
Do golo de Bruno Fernandes. Melhor momento do jogo, ocorrido aos 44': o nosso capitão recupera a bola perto da linha do meio-campo do Braga, aproveitando uma desconcentração de Claudemir, transporta-a dominada durante mais de 20 metros e fuzila a baliza, rematando de pé esquerdo - tal como fizera Wendel. Era o nosso segundo: valeu-nos os três pontos.
De Acuña. Keizer concedeu-lhe liberdade para se projectar ofensivamente no corredor esquerdo, com Mathieu atento às dobras defensivas. E o argentino nunca virou a cara à luta, com aquela combatividade que lhe reconhecemos. Os melhores cruzamentos saíram dos pés dele. Destaque para dois: servindo Coates aos 15' (cabeceamento do uruguaio à baliza) e Bruno Fernandes aos 39' (isolando o capitão e forçando Matheus a salvar a situação saindo oportunamente da baliza).
De Idrissa. Conquistou por mérito próprio a posição de médio defensivo titular. Não se limita a destruir o jogo adversário, como fazia Gudelj na época passada: sabe construir, é tecnicamente evoluído e integra-se bem na dinâmica ofensiva. Mas o seu maior contributo nesta partida centrou-se, sem dúvida, nas várias recuperações de bola que protagonizou no corredor central, desmantelando lances perigosos do Braga.
De Renan. Para mim, o melhor em campo. Foi decisivo nesta conquista dos três pontos para o Sporting em várias defesas que confirmaram a sua classe e os seus reflexos. Destaque para um voo que impediu Pablo de marcar, aos 30', e o golo "cantado" que travou in extremis a Hassan, aos 40'.
De Vietto. Entrou só aos 85', substituindo Luiz Phellype, com o objectivo de dar frescura e mobilidade ao corredor central ofensivo. Muito pouco tempo para mostrar o que vale. Mas o suficiente, ao menos, para sacar dois cartões amarelos a jogadores do Braga. É quanto basta para merecer elogio.
Do resultado ao intervalo. Vencíamos por 2-0, o que nos fazia perspectivar uma segunda parte com optimismo - senão mesmo com alguma tranquilidade. Infelizmente não se repetiu o desfecho do Sporting-Braga de Fevereiro, em que triunfámos por 3-0. Mas garantiu-se um espectáculo com muita emoção aos 35.692 espectadores presentes no estádio.
Não gostei
De ver o Sporting entrar em campo sem um só reforço no onze titular. No defeso do Verão vieram Eduardo Henrique, Luís Neto, Rafael Camacho, Rosier e Vietto. Quatro deles até estavam no banco, mas o técnico não parece ter confiança suficiente em nenhum para os meter logo de início.
Do golo sofrido, aos 74'. Parece quase uma miragem terminarmos um jogo com a baliza inviolada. Este não nos roubou pontos, felizmente. Mas custou-me que tivesse sido marcado por Wilson Eduardo, jogador que aprendeu na Academia de Alcochete grande parte do que sabe. Nós formamos, outros aproveitam.
Do sinal de medo transmitido pelo treinador. A vencer pela margem mínima, Keizer mandou sair um elemento da linha ofensiva (Diaby), trocando-o por um central (Neto). Passámos assim a jogar em nossa casa com um bloco de cinco defesas: atitude de equipa pequena, estacionando o autocarro, o que em nada condiz com o espírito leonino. É este o "futebol de ataque" que os rótulos da propaganda interna colaram ao técnico holandês quando chegou ao Sporting?
Da má condição física de vários jogadores. Defrontámos um adversário que havia disputado três dias antes uma desgastante competição de acesso à Liga Europa. Mesmo assim o Braga transmitia mais sinais de frescura física no fim do jogo. Algo não está a correr como devia na preparação física do plantel leonino. É gritante. E grave, tanto mais que o actual presidente era o anterior director clínico do clube.
Dos assobios. Primeiro jogo oficial da temporada no nosso estádio, havia que incentivar os jogadores. Mas lá surgiram as sonoras vaias a alguns - sobretudo a Diaby. É verdade que o maliano voltou a passar ao lado da partida, com uma exibição apagadíssima: falha sempre nos momentos decisivos, como se viu ao "matar" um contra-ataque de Mathieu, aos 58'. Mas com assobios dos adeptos, durante as partidas, não se chega a lugar nenhum.