Rescaldo do jogo de ontem
Gostei
De vencer o Famalicão. Conquistámos os três pontos num terreno habitualmente difícil, onde o SLB tombou logo na primeira jornada, perdendo 0--2. Dominámos por completo. Impusemos o nosso ritmo, o nosso caudal ofensivo, a nossa inegável superioridade física, técnica e táctica. O jogo terminou 3-0, com o Sporting mais perto de marcar o quarto do que a equipa visitada de conseguir o tento de honra. Israel só fez uma defesa digna desse nome em toda a partida, aos 66'.
De Quenda. Marcou o nosso segundo golo, aos 63', num pontapé de ressaca: o seu golo de estreia na Liga. Foi o mais jovem jogador leonino de sempre a facturar no campeonato nacional de futebol. Com apenas 17 anos, 5 meses e 27 dias. É também ele a iniciar o primeiro. Merece, sem favor algum, ser designado melhor em campo.
De Gyökeres. Desbloqueou o jogo: estava escrito que voltaria a não ficar em branco - e foi o que aconteceu aos 57': recebe a bola de Morita na área, faz uma rotação perfeita libertando-se da marcação e fuzila as redes num remate indefensável. Pôs fim à reputação defensiva da equipa minhota: antes desta partida o Famalicão só tinha um golo sofrido em casa, destacando-se como segunda melhor defesa da Liga. Agora já não é. O craque sueco leva 12 marcados neste campeonato.
De Gonçalo Inácio. Outra estreia a marcar na Liga. Foi dele o terceiro, dando a melhor sequência a um centro perfeito de Geny, aos 86'. Assim culminou uma enorme exibição no plano defensivo, não apenas a travar investidas da turma anfitriã mas desenhando passes a romper linhas, como sucedeu aos 29' e aos 77'.
De Trincão. Não marcou, mas trabalhou imenso para a equipa, impondo o seu virtuosismo técnico. Remate rasteiro a rasar o ferro aos 33'. Quase marcou aos 45'+4: corte in extremis de um central. Tem intervenção decisiva no segundo golo, confirmado na recarga por Quenda. Imparável a actuar entre linhas e a baralhar marcações com as suas constantes variações de velocidade.
De Daniel Bragança. Tornou-se imprescindivel no onze titular. Voltou a ser o pensador da equipa, elemento fundamental no excelente jogo colectivo do Sporting. Faz sempre pressão sobre o portador da bola e, ao recuperá-la, sabe colocá-la no sítio certo. Influente na construção do segundo golo: começa nos pés dele.
Dos regressos. Diomande, Morita e Pedro Gonçalves voltaram a ser titulares. No primeiro e no terceiro caso, após lesões. O nipónico na sequência de mais uma participação pela selecção do seu país que envolve sempre deslocações demoradas e cansativas. Nenhum deles está ainda na melhor forma, embora o médio ande já perto disso, como demonstrou no movimento de ruptura de que nasceu a assistência para o primeiro golo.
De termos disputado 30 jogos em sequência sem perder na Liga. Marca extraordinária: a nossa última derrota (1-2) aconteceu na distante jornada 13 do campeonato anterior, em Guimarães, a 9 de Dezembro. E vamos com 18 triunfos nas últimas 19 partidas disputadas para a maior competição do futebol português.
De ver o Sporting marcar há 51 jogos seguidos. Sem falhar um, para desafios do campeonato, desde Abril de 2023, perante o Gil Vicente (0-0). Números impressionantes, próprios de um campeão em toda a linha.
De não sofrermos um golo há 680 minutos. Outra marca extraordinária nesta Liga 2024/2025.
De continuarmos inexpugnáveis, tanto em casa como fora. Sem uma derrota no ano civil em curso, que começa a aproximar-se do fim.
De Gustavo Sá. Médio criativo do Famalicão, internacional sub-21: confesso que é um jogador de que gosto muito. Saiu lesionado, infelizmente, aos 43'.
Do árbitro. Boa actuação de Fábio Veríssimo, de quem não temos boas recordações. Mas desta vez cumpriu no essencial, sem nenhum erro digno de registo. Incluindo numa disputa de bola entre Diomande e Aranda que Freitas Lobo teimava em ver penálti (mas não foi) e no golo de Gonçalo, que Freitas Lobo insistia ter sido em fora-de-jogo (mas não foi).
Do balanço após mais de um quarto da prova. Melhor ataque (30 golos), melhor defesa (só dois sofridos), melhor goleador. Comando isolado. Desde 1973/1974 que não facturávamos tanto nas primeiras nove rondas. Ainda não vencemos, até agora, por menos de dois golos de diferença. Temos a equipa mais forte do campeonato português, como até muitos benfiquistas e portistas admitem. Perseguimos um objectivo que nos foge há sete décadas: a conquista do bicampeonato. Estamos no bom caminho.
Não gostei
Da lesão de Nuno Santos. O aguerrido ala esquerdo magoou-se com gravidade numa disputa de bola, bem ao seu jeito, tendo saído de maca aos 45'+8. Vai estar, no mínimo, algumas semanas fora de competição.
Do golo anulado. Aconteceu aos 11': marcado por Pedro Gonçalves, de regresso ao onze seis jogos depois, com assistência de Nuno Santos. Mas não valeu: havia ligeira deslocação, assinalada pelo VAR.
Do 0-0 ao intervalo. Não traduzia, de todo, o intenso domínio leonino forçando o Famalicão a entrincheirar-se no seu reduto. A muralha só começou a ruir ao minuto 57. E acabou por cair com estrondo. Demos três à equipa que tinha levado o Benfica ao tapete.