Rescaldo do jogo de ontem
Gostei
De mais uma vitória. E vão oito, no campeonato. Invictos, só com triunfos em cada partida disputada. Há 34 anos que não tínhamos um início tão dominante e tão competente. Ontem derrotámos o Casa Pia por 2-0, com um golo em cada parte. Já levamos 27 marcados, com apenas dois sofridos.
Do nosso domínio total. Acabou por ser uma vitória num jogo de paciência perante a turma visitante que alinhou em 6-3-1, fechando quase todos os espaços para a baliza, em atitude passiva, à espera que o tempo passasse. Resultou durante 39 minutos, até conseguirmos romper o cerco. Ao intervalo, tínhamos 85% de posse de bola - é quanto basta para se perceber o desequilibrio em campo. Exemplo evidente do péssimo futebol português que se pratica na metade de baixo da tabela classificativa.
De Trincão. Melhor em campo. Não marcou, mas deu a marcar. Furou a muralha defensiva da turma adversária em movimento de ruptura: slalom magnífico em que driblou três defesas, foi à linha de fundo e deixou a bola muito bem colocada para o centro da área, faltando só alguém empurrar. Assim construiu o nosso primeiro golo, pondo fim à expectativa algo ansiosa dos adeptos. Fez a bola roçar a trave num tiro de meia-distância aos 66'. E participou em missões defensivas, bem integrado no colectivo, sem vedetismo de espécie alguma.
De Daniel Bragança. Terceiro jogo seguido a marcar, nesta que já é a sua melhor temporada de sempre. Finalizou com classe aos 39', à ponta-de-lança, dando o melhor caminho à bola que Trincão lhe servira de bandeja. Ofereceu golo a Gyökeres aos 64' num lance em que o internacional sueco rematou à figura.
Do regresso de Gyökeres aos golos. Parecia pouco confiante quando Nuno Santos lhe ofereceu a bola para marcar um penálti que ele próprio havia conseguido ao ser derrubado por Kluivert (68'). Mas meteu-a no fundo das redes, dois jogos do campeonato depois. Era o minuto 80: confirmava-se a vitória leonina, ninguém já tinha dúvidas. Reforça a posição como rei dos artilheiros na Liga 2024/2025: onze golos.
De Israel. Teve pouco trabalho, mas quando foi necessário mostrou serviço. Ao evitar o golo do Casa Pia por Svensson, logo aos 2'. Mostrou igualmente excelentes reflexos aos 65' numa defesa aparatosa: o lance viria a ser anulado por fora-de-jogo milimétrico, mas o guardião leonino confirma a sua importância no onze titular. Continua invicto em desafios do campeonato.
De termos disputado 29 jogos em sequência sem perder na Liga. Marca extraordinária: a nossa última derrota (1-2) aconteceu na distante jornada 13 do campeonato anterior, em Guimarães, a 9 de Dezembro. E vamos com 17 triunfos nas últimas 18 partidas disputadas para a maior competição do futebol português.
De ver o Sporting marcar há 50 jogos seguidos. Sem falhar um, para desafios do campeonato, desde Abril de 2023, perante o Gil Vicente (0-0). Números impressionantes, próprios de um campeão em toda a linha.
Do árbitro. Miguel Nogueira deixou jogar. Não complicou, não abusou do apito, mostrou entender a dinâmica do futebol sem confundir contacto físico com jogo faltoso. Merece elogio.
De ver o estádio quase cheio. Cerca de 43.800 nas bancadas: a festa do futebol, no José Alvalade, começa ainda antes do início do jogo. E prolonga-se depois dele. Em clima de euforia entre a massa adepta.
Do nosso espírito solidário. Um quarto desta receita de bilheteira, por decisão da SAD leonina, destina-se à Liga Portuguesa Contra o Cancro. Daí os jogadores terem alinhado com equipamento cor-de-rosa.
Do balanço após mais de um quinto da prova. Melhor ataque, melhor defesa. Desde 1950/1951 que não facturávamos tanto nas primeiras oito rondas. Ainda não vencemos, até agora, por menos de dois golos de diferença. Temos a equipa mais forte do campeonato português, como até muitos benfiquistas e portistas admitem. É «um Sporting de outro planeta», na conclusão insuspeita de Miguel Sousa Tavares.
Não gostei
Do resultado. Em comparação com a goleada por 8-0 do Sporting-Casa Pia da época anterior, este 2-0 acabou por saber a pouco. Assim como o 1-0 registado ao intervalo.
Do autocarro casapiano. Manter seis jogadores estacionados à frente da baliza e três outros logo à frente desses foi a "táctica" da equipa visitante. Não serviu para nada, como se viu. Excepto para estragar a qualidade do espectáculo. Péssimo cartão-de-visita para a modalidade.
Da nossa asa esquerda inicial. Rúben Amorim lançou Maxi Araújo como ala e Harder como interior no onze. Mas o plano não resultou: durante grande parte do primeiro tempo o Sporting parecia ter só corredor direito. O dinamarquês saiu logo ao intervalo, comprovando-se que aquela não é a posição mais propícia para demonstrar o que vale.
De ver Gonçalo Inácio e Eduardo Quaresma condicionados. Ambos estão longe da melhor forma física e tiveram de ser substituídos: Gonçalo por Fresneda aos 68', Eduardo por Esgaio aos 76'. Confirma-se: temos uma defesa presa por arames neste Outubro com sete jogos em agenda. Ainda faltam disputar cinco.
De ver dois ex-Sporting a jogar contra nós. Desta vez foram João Goulart, que alinhou de início como central, e Nuno Moreira, que saltou do banco, como ala esquerdo.