Rescaldo do jogo de hoje
Gostei
Da vitória. Precisávamos dos três pontos e conseguimos. Pela vantagem mínima, no jogo de hoje, em que recebemos o Santa Clara. Objectivo mínimo cumprido neste magro triunfo por 1-0.
De Raphinha. O melhor em campo. Causou vários desequilíbrios nas suas constantes incursões a partir da ala direita para o centro. Sempre o mais inconformado dos leões, foi ele o autor do nosso solitário golo, aos 59'. Estreou-se assim a marcar neste campeonato, valendo os três pontos à nossa equipa. E a segunda melhor oportunidade foi também dele, com um disparo aos 47', travado pelo guarda-redes adversário na defesa da noite.
Do lance do golo. Tudo em poucos segundos, naquela que foi - de longe - a melhor jogada leonina nesta partida. Acuña fez um lançamento pela linha lateral a meio-campo, projectando bem a bola, Bruno Fernandes progrediu com ela pela esquerda, desposicionou dois defesas e cruzou para Raphinha, que marcou com uma finalização perfeita.
De Idrissa Doumbia. Outra estreia: actuou pela primeira vez como titular em Alvalade, colmatando a ausência de Gudelj por acumulação de cartões. Cumpriu, tanto nos desarmes como nas recuperações de bola. Integra-se com mais qualidade do que o sérvio no processo ofensivo. Exibição positiva.
Da merecida homenagem inicial a Coates. O internacional uruguaio foi muito aplaudido, antes do desafio, por ter vestido já 150 vezes a camisola verde e branca na Liga portuguesa. Um dos nossos grandes jogadores, mais uma vez com exibição que agradou aos adeptos. Com um corte soberbo, a abortar um lance ofensivo muito perigoso do Santa Clara, aos 89'.
De não termos sofrido golos. Ao contrário do que é costume, desta vez as nossas redes mantiveram-se invioladas. Mérito da organização defensiva, reforçada com o ferrolho que o técnico Marcel Keizer mandou instalar no nosso meio-campo ao alinhar com um duplo pivô (Miguel Luís-Wendel) no quarto de hora final. O suposto "treinador de ataque" prestou assim uma homenagem involuntária ao seu antecessor José Peseiro.
De estarmos neste momento em igualdade pontual com o Braga. O Sporting subiu esta noite ao terceiro lugar na Liga, à condição. E enquanto não jogarem Benfica e FC Porto, vemos o primeiro posto apenas à distância de cinco pontos.
Não gostei
De Bas Dost. É inequívoco: o avançado holandês atravessa uma grave crise de confiança que se traduz em greve de golos. Hoje nada lhe saiu bem. Foi incapaz de dar sequência a um bom cruzamento de Borja (40'), Cabeceou mal após bom passe de Raphinha (41'), Tentou passar a Diaby na grande área sem conseguir (88'). Bem servido por Bruno Fernandes, nem se fez ao lance por se imaginar fora de jogo, o que não era verdade (90'+1).
De Diaby. Saltou do banco aos 57'. Mas pareceu quase sempre esconder-se do jogo. Com uma atitude que pode confundir-se com displicência. Não admira que este avançado leve apenas dois golos marcados na Liga à 26.ª jornada, apesar de ser evidente que Keizer mantém a aposta nele.
Do empate a zero ao intervalo. O Sporting entrou bem, dominando por completo a partida nos primeiros 20 minutos, mas a finalização foi quase sempre deficiente. E não soubemos sequer aproveitar as numerosas ocasiões de bola parada (excepto no lançamento de Acuña do qual viria a resultar o lance do golo, já na segunda parte).
Dos constantes assobios aos nossos jogadores. Um exemplo: Mathieu cometeu um erro aos 63', deixando roubar a bola em zona perigosa: logo ouviu uma vaia monumental no estádio. Os adeptos não perdoam nada, até aos jogadores mais competentes e qualificados, como o central francês. Assim é difícil dar motivação aos profissionais leoninos.
De ver novamente o Sporting entrar em campo sem jogadores da formação. São para mim cada vez mais inexplicáveis as opções de Keizer: jogadores como Francisco Geraldes ou Miguel Luís tão depressa são chamados como desaparecem da lista de convocados. Desta vez eclipsou-se o primeiro. E o segundo lá teve enfim oportunidade de actuar durante quase 20 minutos, cumprindo a missão.
De ver novamente Jovane equipar-se sem chegar a entrar. Aconteceu pelo segundo jogo consecutivo. Outra atitude inexplicável do técnico leonino, que adora poupar nas substituições. Ainda não consegui perceber porquê.
Da desconcentração após o golo. A equipa reduziu o ritmo, abrandou a pressão e pareceu satisfeita com o resultado, quando ainda faltava muito para o apito final. Demorando imenso a posicionar-se, por exemplo, cada vez que Renan repunha a bola em jogo.
Dos dez minutos finais. Assistimos ao Sporting a defender em casa o magro resultado, com duplo pivô, as linhas muito recuadas e um nítido receio de que o Santa Clara pudesse empatar, enquanto a turma açoriana galgava terreno e mostrava acreditar que poderia levar um ponto de Alvalade. Atitude de equipa pequena da nossa parte, correspondendo aparentemente a um pedido do técnico de mandar congelar a bola pouco depois da marcação do golo. Felizmente lá conseguimos segurar a vantagem mínima. Mas com uma atitude competitiva pouco digna dos pergaminhos do Leão.