Rescaldo do jogo de anteontem
Da derrota do Sporting no Dragão por 0-2. Resistimos durante mais de uma hora, mas aos 64' um lance de bola parada - a cobrança dum canto, seguida de cabeceamento de Danilo, impondo-se perante um Sporar que falhou a marcação nesse momento crucial - sentenciou este clássico, em que o empate bastaria para o FCP se sagrar campeão duas jornadas antes do fim. O segundo golo sofrido, já no tempo extra, ocorreu num rápido contra-ataque, quando a nossa equipa estava quase toda lá na frente, procurando conseguir um ponto, com um apático Borja a deixar Marega em jogo. Dois lapsos individuais num jogo desta importância revelaram-se fatais para as nossas cores.
De Sporar. O internacional esloveno leva cinco jogos consecutivos sem marcar. Persiste em não se adaptar ao modelo táctico posto em prática pelo actual técnico leonino e perde bolas por falhas de recepção. Preso de movimentos, rendendo-se às marcações, lento na decisão, voltou a ficar muito aquém daquilo que o Sporting deve exigir a um ponta-de-lança. No primeiro lance da partida, meteu-a lá dentro, aproveitando um ressalto, mas o golo foi anulado por flagrante fora de jogo. Isolado aos 7', demorou tanto a decidir que permitiu o corte. Aos 81', falhou o desvio num canto bem cobrado por Joelson. Teve culpas no primeiro golo portista. Nada lhe anda a correr bem.
De Ristovski. A pior exibição de verde e branco: até parecia que estávamos a jogar com dez. Aos 3', passou para ninguém. Aos 9', um mau cruzamento. Aos 20', aos 22' e aos 33', entregou a bola aos adversários. Falhou um passe longo aos 51'. Batido sistematicamente nos duelos com Luis Díaz, numa dessas ocasiões (aos 25') esteve quase a surgir um golo do Porto. É difícil compreender por que motivo Rúben Amorim demorou 73' a retirá-lo do campo.
De Plata. O jovem internacional equatoriano nunca se entendeu com o seu colega de ala: foi algo que se percebeu muito cedo neste clássico. Houve um lance emblemático desta falta de articulação entre ambos, quando aos 52' Plata tentou servir Ristovski de calcanhar, já dentro da grande área, matando assim um lance promissor, o que lhe valeu uma dura reprimenda do macedónio. Anulado por Pepe, nada trouxe de útil à equipa. Foi o primeiro a ser substituído, logo aos 54'.
Do nosso ataque. Começámos bem, com ímpeto ofensivo, mas as pilhas esgotaram-se demasiado cedo. Na segunda parte, o Sporting só concretizou dois remates à baliza adversária. Nenhum clássico consegue ser vencido com números destes.
Das substituições. Amorim tentou revitalizar a equipa, que acusava quebra física e anímica após o empate a zero registado ao intervalo, mas desta vez o banco não ajudou muito. Francisco Geraldes (entrou para o lugar de Plata), Rafael Camacho (rendeu Ristovski) e Tiago Tomás (em campo desde o minuto 78', substituindo Jovane) pouco ou nada contribuíram para o rendimento da equipa. A excepção foi Joelson, de quem falarei mais abaixo.
Do fim da estrelinha do treinador. Amorim, que se estreou como técnico do principal escalão do futebol português no início do ano, conheceu agora a primeira derrota, ao fim de 18 jogos. Como ele próprio já tinha avisado, algum dia havia de ser.
Da má tradição que se cumpriu. Nos últimos dez campeonatos, o Sporting só conseguiu vencer uma vez no Dragão: na temporada 2015/2016, quando ali derrotámos o FCP por 3-1. De resto, nove derrotas. Com treinadores tão diferentes como José Couceiro, Sá Pinto, Oceano Cruz, Leonardo Jardim, Marco Silva, Jorge Jesus, Marcel Keizer e agora Rúben Amorim.