Rescaldo do jogo de anteontem
Gostei
De outra vitória do Sporting. Terceiro triunfo consecutivo leonino sob o comando de Rui Borges, o que acontece pela primeira vez desde a chegada do actual técnico, no final de Dezembro. Como anfitriões, acabamos vencemos anteontem o Famalicão por 3-1, marca igual à do nosso anterior triunfo frente ao Casa Pia. Na senda do desafio em que eliminámos o Gil Vicente em Barcelos nos quartos-de-final da Taça de Portugal e da vitória sobre o Estoril em casa, para o campeonato. Caso mesmo para dizer: o Sporting soma e segue.
De começar a ganhar muito cedo. Bastaram 61 segundos para a metermos lá dentro, logo no nosso primeiro lance de ataque. Proeza de Fresneda, que abriu o activo em Famalicão como se fosse ponta-de-lança. Projectado na ala, graças ao 3-4-3 retomado há um mês por Rui Borges, funcionou como saca-rolhas num desafio que muitos anteviam ser complicado. Afinal não foi, em boa parte graças ao defesa espanhol, que ganhou vida em Alvalade com a chegada do actual treinador. Já leva três golos marcados. É bem provável que não pare aqui.
De Gyökeres. Começa a tornar-se monótono: voltou a ser o melhor em campo. Com as suas arrancadas que suscitam aplauso unânime, o sueco pôs os adeptos em delírio encostando a turma minhota às cordas. Outro golo marcado - de penálti, o décimo neste campeonato, sem menor hipótese para o guarda-redes Carevic. Aconteceu aos 64', desfazendo o empate que subsistia desde o minuto 35. E foram também dele os passes para os restantes golos: o primeiro, ainda no minuto inicial do desafio, cruzando a partir da esquerda para Fresneda, e o terceiro, aos 88', oferecendo-o de bandeja a partir da direita para Geny. Números extraordinários: 28 golos nesta Liga, 40 no conjunto das competições, 49 contando com os que já apontou na selecção sueca. Desde Peyroteo, há 78 anos, que o Sporting não tinha um jogador a apontar 40 ou mais golos em duas temporadas consecutiva. Viktor é o maior: ainda está connosco e já temos saudades dele.
De Quenda. Alguns imaginariam vê-lo mais contido, agora que acaba de ver o seu passe adquirido pelo Chelsea, naquele que é talvez o mais lucrativo negócio de sempre do Sporting. Puro engano: foi um dos mais activos, dos mais acutilantes, dos que souberam criar mais desequilíbrios até ser rendido, aos 90'+2, numa substituição destinada sobretudo a ouvir aplausos. Bem merecidos. Forçou Carevic à defesa da noite, aos 55', num remate colocadíssimo que levava selo de golo e acabou por embater no ferro já depois da intervenção do guarda-redes. Serviu muito bem Morita (25'), Gyökeres (62' e 67') e Maxi Araújo (68'). Sempre em jogo, melhor sobretudo nas movimentações no corredor direito.
De Rui Silva. Outro excelente desempenho: já se tornou num dos pilares da equipa. Boas defesas aos 17' e aos 29', travando remates de Gustavo Sá. Intervenção decisiva aos 86', negando o golo a Sorriso em remate rasteiro e com ressaltos na relva. Veio para ficar.
Da nossa segunda parte. Domínio absoluto do Sporting, com vários momentos de puro brilhantismo, com cinco (e às vezes seis) envolvidos na manobra ofensiva. Com os regressos dos lesionados Gyökeres, Morten, Morita e Geny, a equipa recuperou a plena alegria de jogar. É, sem dúvida, a melhor do campeonato em curso.
De Rui Borges. Muito bem novamente a ler o jogo. Fez a mudança que se impunha à hora do jogo, retirando Fresneda por troca com Geny, remetendo o moçambicano à ala esquerda e deslocando Quenda para a direita. Assim pressionámos ainda mais a saída de bola do Famalicão e mesmo a jogar só com dez a partir da expulsão de Maxi Araújo nunca deixámos de manter o domínio da partida. O que se concretizou no terceiro golo, culminando a melhor jogada colectiva do encontro com intervenções de Morten, Trincão, Gyökeres e Geny, que fuzilou as redes e fez as bancadas explodir de alegria, indiferentes à chuva forte que não cessou de cair.
De já termos actuado quase com o melhor onze. Faltou Gonçalo Inácio, a cumprir castigo. E falta recuperar Pedro Gonçalves: todos desejamos que o seu regresso esteja para muito breve, logo após esta paragem para jogos das selecções.
Do Famalicão. Apresentou-se em Alvalade com uma equipa compacta e organizada, trocando bem a bola e pecando apenas na finalização. O melhor deles é sem dúvida o jovem médio Gustavo Sá, internacional sub-21. Tem apenas 20 anos e já vale 10 milhões de euros, segundo o Transfermarkt. Confesso que não me importaria nada de o ver no plantel leonino.
Da nossa liderança reforçada. Continuamos isolados em primeiro. Com 62 pontos. Conseguimos 19 vitórias nestas 26 rondas. Só faltam oito para concretizarmos o maior sonho: a conquista do bicampeonato que nos foge há 74 anos.
Não gostei
Do penálti de Diomande. O jovem central marfinense tem inegável qualidade, mas precisa de corrigir com urgência o seu posicionamento dentro da área. Num lance inofensivo, saltou à bola atingindo Sejk na nuca com o cotovelo. Penálti sem discussão: Aranda converteu-a aos 35'. Assim fomos para o intervalo, empatados 1-1. Sabia a pouco. Naturalmente, instalou-se o nervosismo nas bancadas. Não havia necessidade.
Do cartão exibido a Morten. O capitão protestou junto do árbitro de forma demasiado exuberante, gesticulando muito, o que lhe valeu um amarelo aos 38'. Não poderemos contar com ele na próxima jornada, frente ao Estrela da Amadora.
De Maxi Araújo. É ele a ganhar aos 62' o penálti que viria a ser convertido por Gyökeres dois minutos depois. Mas não merece nota positiva. Falhou dois golos cantados, aos 45' e aos 45'+3. E fez-se expulsar, sem margem para dúvida, ao calcar de sola o calcanhar de Gustavo Sá em zona livre de perigo. Viu vermelho directo aos 80', forçando o Sporting a jogar 18 minutos com menos um. Outra baixa para o próximo jogo.
Do árbitro Miguel Nogueira. Não respeitou elementares regras de equidade, faltando-lhe acção disciplinar sobre os centrais do Famalicão, que placaram Gyökeres confundindo futebol com luta livre. E fez vista grossa a um derrube de Maxi, aos 13', por Rodrigo Pinheiro: ficou um penálti por marcar.