Representado pelo presidente
O que Frederico Varandas disse logo a seguir ao jogo não só é merecedor de aplauso como de vénia. Ao desassombro das palavras proferidas juntou-se a coragem do acto realizado em pleno campo hostil.
Atitude que me representou totalmente enquanto sócio do Sporting Clube de Portugal.
Assertiva, lúcida, urgente, a declaração do presidente leonino foi ainda defensora da verdade desportiva e dos princípios e dos valores do desporto. Varandas pôs o dedo numa das chagas maiores do futebol português: a impunidade.
Aquilo que o "dragão" nos serviu só no "dragão" acontece. As aspas não as uso por acaso, acaso um dragão existe? Não, não existe. Nunca existiu. Mais não é que figura de mito, elemento de folclore. Dá jeito à crónica que assim seja, ajuda-me à tese de que a glória andrade é em grande parte, na sua esmagadora parte, ficcionada. É um mito. Uma crença imaginária. A mitológica força do FCP serviu - e, constatámos, serve - para garantir a coesão do grupo.
E por isso repito que aquilo que o "dragão" nos serviu só no "dragão" acontece.
Sabendo nós do 'Apito dourado', das repetidas agressões físicas e verbais sobre jornalistas e adversários perpetradas por responsáveis do emblema FCP; constatando nós que aquela é uma agremiação na qual não há contraditório, sequer um vislumbre de oposição ou uma ainda que sumida voz dissonante da liderança; posto tudo isso só podemos concluir que ali a lei será sempre a do mais forte, sem lugar a adversários, porque esses serão sempre encarados como inimigos.
O Sporting, a sua magnífica equipa, foi enorme nas Antas na sexta-feira passada. Os nossos jogadores aguentaram a pressão das bancadas e do banco portista, a provocação e a agressividade dos jogadores portistas, sendo que agressividade aqui uso-a mesmo pejorativamente, e não no sentido da intensidade, da disputa suada, da entrega ao jogo, como hoje é comum fazer-se no comentário desportivo.
Jogar cinquenta minutos com 10 no campo dum adversário desta natureza, enfrentar um árbitro impreparado que em muito a prejudicou e mesmo assim conseguir de lá trazer um ponto, diz muito da nossa valiosa equipa, que em momento algum pode ser posta no mesmo saco do FCP relativamente à responsabilidade dos acontecimentos que mancharam o jogo.
A culpa maior é FCP. Da organização do jogo feita pelo FCP. Dos jogadores do FCP.
É por isto mais que reprovável ver nos jornais, ouvir nas rádios e ver nas pantalhas as críticas a Frederico Varandas, colocarem-no como um incendiário. Um agente instigador. O responsável maior pelo que aconteceu no relvado.
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Quando o presidente do Sporting Clube de Portugal falou e pôs o dedo na ferida já a vergonha dos nossos terem sido agredidos com socos, pontapés e bancos tinha acontecido. Só isto é real.
Não se alimentem mais mitos. E "dragões".