"Reforços"
É verdade que o Benfica é uma equipa doutro campeonato, uma espécie de campeonato paralelo onde se pode jogar à bola com a mão, não há penáltis contra e existem imensas equipas amigas que gostam de ver uns rapazes de vermelho a passear com a bola nos pés (e nas mãos também). Mas há mais qualquer coisa que tem que ver connosco e que os jogos da semana passada revelaram.
Repare-se: para todos os efeitos, o Sporting jogou com menos dois dias de intervalo do que o Benfica (o dia do jogo propriamente dito mais uma viagem à noite que terminou só na madrugada do dia seguinte, inutilizando este também para descanso ou treino). Mesmo assim e mesmo descontando os números circenses de Pizzi & Cª, devidamente abrilhantados pelo árbitro, o Sporting merecia ter saído do estádio da Luz com outro resultado: pelo menos o empate. Ora, eu pergunto-me o que não teria sido se os nossos jogadores tivessem chegado ao jogo mais frescos. Não é seguro que ganhássemos, mas a avaliar pelo que se viu, as probabilidades eram muito maiores.
Se os nossos jogadores não chegaram mais frescos ao jogo foi porque não há alternativas que permitam uma rotação eficaz de alguns deles. O jogo em Varsóvia era para ter sido jogado com uma mistura de titulares e de segundas linhas à espera de um lugar na equipa A. Em vez disso, foi jogado maioritariamente por titulares, com um ou outro reforço, sob indicação expressa do treinador de que era para jogar "a 90%". Resultado, jogámos a 90% em Varsóvia e a 90% ou menos na Luz (porque apesar de tudo jogar a 90% também cansa) e perdemos das duas vezes contra equipas perfeitamente ao alcance.
Isto só acontece porque a equipa técnica e a direcção arranjaram um amontoado de coxos que não dão qualquer garantia (Elias, Markovic, Alan Ruiz, André, Petrovic...). E assim é preciso pôr sempre os mesmos a jogar e eles não não chegam para todas. Isto dá mesmo que pensar, quando nos lembramos que andaram a ser espalhados de empréstimo por aí jogadores da formação que, de certeza, pior não fariam: Mané, Podence, Iuri, Palhinha, Gauld... Lembra o ano de 2013, quando fomos salvos de uma vergonha ainda maior a partir do instante em que o Jesualdo se lembrou de empandeirar os cromos que tinham custado milhões e pôs os miúdos da equipa B a jogar. Agora pergunto: com o Setúbal temos de jogar outra vez com os mesmos, já que a seguir vem o Braga? Ora aqui está aquilo a que se deve chamar uma época mal planeada.