Reflexões sobre o Sporting (21)
Autor convidado: Pedro Guerreiro Cavaco
Não há voto útil nestas eleições
Faço desde já uma declaração de interesses. Apoio Rui Rego e faço parte da Lista E, candidata à Assembleia Geral.
Sem embargo, vou tecer algumas considerações sobre o que entendo de importante neste acto eleitoral.
O Sporting tem vivido há muitos anos em sistemáticos processos eleitorais. Os Presidentes que antecedem tiveram vida curta. Roquete liderou 4 anos, Dias da Cunha 5 anos, Soares Franco 4 anos, José Eduardo Bettencourt 2 anos, Godinho Lopes 2 anos e, por fim, Bruno de Carvalho 5 anos.
Em 15 anos o Sporting teve seis Presidentes enquanto Benfica e Porto apenas um. Isto tem muita importância e relevância e por aqui se compreende não apenas a instabilidade governativa como a sucessão infinita de modelos de governação sem que o sucesso desportivo se materialize e sem que a SAD dê lucros. Passam os anos e os sportinguistas, em vez de falarem de títulos conquistados e a conquistar, falam de reestruturações financeiras. E, extensivo e factual, todos os Presidentes que se sucederam prometeram o toque de Midas, a salvação, as soluções imediatas e mediatas.
Em vão, como vimos.
Por outro lado, e paralelamente, o Sporting tem-se revelado um clube que padece de autofagia. Impressiona a capacidade que temos de nos ferir e dividir. Os fenómenos do imediatismo com que comunicamos e dos inúmeros programas televisivos existentes com comentadores afectos aos clubes têm, na minha opinião, acentuado a questão. Mas entenda-se que o problema antecede, pois a tónica só se vislumbra no nosso clube.
Devemos todos, a bem de nós e do Clube, repensar este fenómeno e acima de tudo o conceito de Família Sportinguista que deveria imperar.
Retomando, não há muito tempo para inverter os sistemáticos ciclos de governação. Apresentam-se sete candidatos e a todos respeito profundamente pois considero-os, sem excepção, grandes sportinguistas que, na sua liberdade e sportinguismo, vão a jogo pelos superiores interesses do Sporting.
Ao contrário do que por aí ouvi, não há voto útil nestas eleições. Ninguém pode dizer votar em A para que B não ganhe. Se não há voto útil, todos os votos são pelo candidato e pelo projecto que se consideram melhores para dirigir nos próximos anos os destinos do Clube. É aqui, na verdade, que eu fiz a minha escolha. Escolhi um candidato desconhecido e que trouxesse novidade. Rui Rego é esse candidato. É novo, é um sócio comum do Sporting, não vem do croquetismo, tem ideias, tem visão a médio e longo prazo e acima de tudo corta radicalmente com os modelos de governance que tão maus resultados têm dado ao Clube.
É a única candidatura que se diferencia das demais com o seu modelo de gestão que, quando antes usado, deu os derradeiros títulos nacionais ao Sporting.
É bom lembrar isto.
Olharia com desconfiança para um advogado, meu Colega, a dirigir a SAD de um Clube. Mutatis mutandis, olharei sempre com a mesma desconfiança para outros candidatos que assumam tal cargo porque, na vida, cada coisa a seu dono. É a minha opinião. Por isso estar tão identificado com o modelo de profissionalismo que Rui Rego propõe. Acho sensato e perfeito. Tem um homem que sabe de futebol como poucos para liderar a SAD.
A propósito de visão, destacaria indubitavelmente a proposta feita para o Estádio do Futuro, ecológico, digital, sustentável e rejuvenescido.
Isto é ter visão, é ir além de chavões.
No mais, todos os candidatos apresentam soluções para a gestão do futebol e Academia, umas melhores que outras, umas mais notadas que outras, mas todas válidas.
Naturalmente que dentro destas ambiciono para o meu Sporting a que tem mais mundo, mais conhecimentos, contactos e prestígio.
Falo de Roberto Carlos.
Por último, faço uma abordagem que me parece de absoluta importância. Falo da capacidade ou falta dela que as candidaturas têm mostrado para responder a uma simples pergunta: onde vão buscar dinheiro para o Sporting?
O Sporting precisa e muito de dinheiro para fazer face às necessidades mais imediatas mas igualmente para investir. Fique claro, sem investir no futebol não haverá títulos e seremos remetidos para a segunda divisão europeia. E isso, não queremos!
Não há um sportinguista que o queira, que o deseje.
Nas sete candidaturas, apenas duas apresentaram soluções deste cariz e destas apenas uma materializou com nomes concretos dos parceiros estratégicos. Este ponto é fundamental. Quiçá o mais importante.
Não menosprezo as equipas que se apresentam. Parece inconsistente as candidaturas que, ao longo de semanas, vão “encaixando” personalidades. Não tarda existirão mais pessoas que cargos e os conflitos serão uma possibilidade. Inversamente, dou maior ênfase a equipas formadas inicialmente e que vão à luta sem retoques ou cosméticas. Porque são estas que são verdadeiramente equipas e não aglomerados de pessoas.
No mais, aplauso para todas as candidaturas que pretendem que a Formação do clube volte a ser o que foi vários anos atrás, sem o desinvestimento verificado recentemente. E, por outro lado, aplauso para todos quantos pretendem que as Modalidades se mantenham na senda vencedora e com o investimento necessário mas racional.
Na conjugação das variáveis, uma lista me confere maior e melhor credibilidade para um Sporting de futuro. Futuro! E que a SAD dê lucros para fortalecer o Clube. É a lista E.
Nela irei votar porque quero um Sporting grande como os maiores da Europa.
PEDRO GUERREIRO CAVACO
Sócio n.º 34.858