Reflexões sobre o Sporting (18)
Autor convidado: Nelson Nogueira
A importância do lirismo
Se as candidaturas à presidência do Sporting funcionarem apenas em prol de alguns bolsos, em interesse próprio, jogando com palavras ambíguas enquanto se afirmam em defesa do nosso clube, então serei um opositor em primeira linha.
Pelo contrário, se existir alguém que o faça com um certo lirismo, pondo o Sporting acima de tudo, então estarei na primeira linha de defesa desse mesmo projecto.
Sou do ano de 1957, quando tudo se jogava por amor à camisola. Fiz coisas do arco da velha em prol de projectos, quer clubísticos quer outros, sempre com esse lirismo, tão necessário. Porque é genuíno e transmite confiança.
Mas os tempos mudaram. Este tem sido o grande problema no Sporting, infelizmente, tal como na sociedade em geral.
O que está a ocorrer no nosso clube, com todas estas candidaturas, prova isso mesmo. Vejo vários oportunistas, que chegam da área política à procura seja do que for.
Não acredito nessa gente: vislumbro nela interesses mais que evidentes. Refiro-me, por exemplo, à lista de Ricciardi, autêntico tapete vermelho para tais pessoas, que colocam os seus interesses pessoais à frente de tudo: nada de genuíno, nada de bom para o Sporting.
Podem chamar-me lírico. Mas se no nosso trabalho não existir mais do que a perspectiva do salário pago ao fim do mês, seremos certamente péssimos profissionais. Por mim, não abdico do tal lirismo.
NELSON NOGUEIRA
Sócio n.º 12.769-0