Reflexões sobre o Sporting (11)
Autor convidado: Jorge Santos
Gestão desportiva fracassada
Acho piada àqueles que teimam em só falar do que pensam ter sido bom e a querer que tal se sobreponha aos erros cometidos, tornando assim muito positivo o balanço do mandato de Bruno de Carvalho. Delírios!
A quantidade de pernas-de-pau que foram contratados e não acrescentaram nenhuma qualidade ao plantel é extensa. Lembro-me, por exemplo, do Maurício. O que me interessa que o Maurício tenha sido vendido por um valor superior ao que o Sporting pagou para o contratar? Isso transforma-o numa boa contratação? Para mim não! A única conclusão que retiro é que o scouting da Lázio ainda é pior do que o do Sporting.
Não era mau jogador... era péssimo. Tão mau, que os adeptos do clube onde jogava no Brasil, quando o Sporting o contratou, ficaram contentes com a sua saída. É apenas um exemplo de jogador sem qualidade para representar o Sporting. A lista é muito extensa.
Se não é normal falhar contratações?
É, todos os clubes falham. Mas aqueles que menos recursos têm, tendem a ser ainda mais assertivos e rigorosos nas escolhas. Os erros dos últimos anos até poderiam ser mais tolerados e (alguns) desculpados se Bruno de Carvalho não tivesse criticado tão ferozmente os antecessores e não tivesse intentado contra estes uma verdadeira cruzada, qual paladino do conhecimento total do futebol, apregoando alto e bom som que com ele não existiriam maus negócios. Dou apenas um exemplo, até porque engloba todas as vertentes (ordenado milionário, valor de transferência, prémio de assinatura e comissões a empresários): Doumbia! 7,2M€ para a Roma, 3M€ de prémio de assinatura para o jogador, o ordenado que se conhece a rondar os 5M€/ano e comissão para o empresário, obviamente (não sei o valor).
Faço uma ressalva (porque não tenho a certeza): a de o prémio de assinatura poder ser diluído no ordenado e levar o mesmo até estes valores. De qualquer forma, nunca pode ser considerado um bom negócio.
Por isso, deixem lá de uma vez por todas de elogiar uma "brilhante" gestão desportiva que, na verdade, provou ao longo de cinco anos ser um verdadeiro fiasco. As maiores vendas que realizou, excepção feita a Slimani, foram as dos jogadores da formação e não jogadores contratados que tenham sido valorizados nos seus mandatos.
Última nota: a época de Leonardo Jardim não foi mérito do ex-presidente mas antes do próprio Leonardo Jardim. Com muito parcos recursos, foi obrigado a fazer um milagre ainda maior que o de Sérgio Conceição na última época. Foi quem lançou William. Onde andava William na altura? Desterrado na Bélgica, emprestado ao Brugge, onde se calhar teria continuado por muito mais tempo não fosse o caso de Leonardo Jardim ter passado pelo Sporting.
Excelente escolha do ex-presidente é verdade, não esqueço. Mas quando colocamos as coisas na balança, no deve e no haver, não consigo fazer um balanço positivo.
JORGE SANTOS