Recordar - Samuel FRAGUITO
Este Post não pretende apenas homenagear Fraguito, ele é uma elegia ao futebol, um repto para que os mais novos inquiram pais e avós e não deixem cair no esquecimento a memória deste grande tecnicista que realizou 9 épocas (!) de Leão ao peito. Um homem que, com uma honrosa excepção, não passa na TV, nos jornais, nas rádios, um jogador quase olvidado por sócios, adeptos e simpatizantes do Sporting. Se estamos à espera que os outros valorizem o que é nosso, nunca evoluiremos. Fraguito está vivo, a Norte, em Vila Real, e pelo calvário de lesões que teve de suportar na sua carreira, pela sua humildade, pelo seu carácter e, principalmente, pelo seu virtuosismo merece, em vida, o nosso reconhecimento. Nesse sentido, tentei imprimir algum ritmo a esta pequena estória, para que, quem nunca o viu, sentisse o texto como se estivesse no estádio. Vocês dirão se fracassei (ou não), nessa difícil tarefa...
"MENINO DO RIO"
"...E la ia ele, cabeça levantada e olhos de falcão, sempre à procura de fazer nova presa, um passe teleguiado para golo.
E para economia de recursos (e descanso da canhota) o pé direito a trabalhar, parte de dentro aqui, parte de fora, acoli. Quaresma? Quaresma ainda não era nascido e já ele espantava meio-mundo como o Rei das Trivelas.
E a multidão ululante, animada por os Vapores do Rego, jovens estudantes brasileiros que iam a Alvalade tirar a "especialização".
E ele - que saíra em bebé para o Brasil, donde só voltara aos 15 anos, depois de 5 anos a jogar (e ganhar) no Fluminense - a deslumbrar no relvado, ao ritmo do samba que lhe encantava o corpo.
E eis que ergue a batuta e toda a equipa gira à sua volta numa mágica dança que é um pagode para os olhos.
E o povo reza, reza para que os seus joelhos não cedam hoje - sete operações aos joelhos são muito mais do que a conta para um homem - porque merece ver todo o sumo extraído da uva deste senhor jogador nascido no Douro Vinhateiro.
E todos na bancada recordam no seu subconsciente aquele jogo internacional em que, junto à linha de fundo, usou os pés como tenazes - o mexicano Cuauhtémoc Blanco ainda não era nascido - e golpeou a bola por cima de 2 adversários incrédulos com o que viam, para depois centrar com precisão de regra e esquadro para Yazalde finalizar.
"Ecce homo"! Samuel Fraguito, o Menino do Rio, Estrela da Abobeleira, génio e homem do futebol de rua ou de praia. De Copacabana, com amor (por o "belo jogo")!"
Gostaria de deixar aqui uma palavra de apreço para homens como Vítor Cândido ou Francisco Figueiredo que, em A Bola TV, têm tendo resgatar a memória de grandes vultos, alguns esquecidos, do futebol português, como é, sem sombra de dúvida, o caso de Fraguito. Por ser da mais elementar justiça, a eles e à A Bola, aqui deixo a minha vénia, até porque todos sabem que nem sempre concordo com a linha editorial do jornal / TV da Travessa da Queimada.
Por último, e conforme prometido, relembrar aqui os nossos leitores vencedores do Quiz sobre Fraguito, os únicos que acertaram: JHC (primeiro lugar) e Puro (menção honrosa).