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És a nossa Fé!

Querido pai natal... Gamebox

Neste ano de regresso em pleno, pós-pandémico-mas-ainda-em-pandemia (noc no noc) atrevo-me a deiar alguma bitaites sobre a nossa política comercial no que ao aproveitamento do Estado diz respeito.

Uma frase de enquadramento. Tivemos assistências absolutamente insatisfatórias, com grandes dificuldades em atingir a meia casa em demasiados jogos, no ano em que nos começámos a afastar dos aspetos mais nefastos de uma pandemia mas também no ano em que envergávamos as insígnias de campeão pela primeira vez em 19 anos. Como melhorar?

1. Os horários. O nosso Mister Rubim já falou no tema assumindo parte da responsabilidade por se multiplicarem jogos aos domingos pelas 20h30m e é certo que esse fator foi dissuasor para muita gente de ir aos estádios com a regularidade previsível. Junta-se a isto realizar o maior derbi nacional no domingo de Páscoa (chegámos aos 40 mil redondinhos num jogo que à data parecia e pode mesmo ter sido decisivo - para os mais distraídos a capacidade de Estádio é de cerca de 50.000)... Tudo junto provoca dano, tanto na assistência imediata quanto no valor reputacional do bilhete de época, a nossa gamebox. Para quêm comprar a gamebox, para o lugar que quiser - pois há poucas zonas lotadas - com tanta incerteza quanto aos horários, se posso comprar jogo a jogo bastando não conseguir ir a um ou dois jogos (em especial se incluir um dos grandes) para sair mais barato?

2. O monolitismo da gamebox. A gamebox chegou a ter versão de adepto (foi assim que comecei a ir ao Estádio com regularidade), chegou a ter versão com e sem competições europeias. Chegou a ser veículo de angariação de novos adeptos, sócios, frequentadores através dos convites que bonificavam os adquirentes de gamebox. Chegou a ser veículo de cativação dos mais jovens pela significativa diferenciação de preços, uma capacidade que tem sido desbaratada com o seu encarecimento - precisamente mai intenso para os mais jovens - ao mesmo tempo que se acumularam fatores dissuasores como os referidos em 1.

3. Ser sócio é... a joia de entrada para poder adquirir produtos com 10% de desconto, aceder ao jornal e pouco mais. Sem prejuizo de sabermos que a receita das quotizações é a referência para o orçamento das modalidades, a verdade é que na relação com o clube, ser sócio já há muitos anos que funciona, essencialmente, como um compromisso de entrada (€156/ano) para poder ascender à compra com desconto de outros produtos e serviços de envolvimento com o clube, dos bilhetes para jogos aos produtos de merchandizing. Em tempos idos que já não são os meus, ser sócio dava direito ao bilhete para os jogos, exceto nos dias do clube (que tipicamente eram os jogos grandes onde tinha que se pagar bilhete). Volvidas algumas décadas e sendo hoje o futebol cada vez mais um espetáculo televisivo noturno, ser sócio dá direito a um cartão de descontos, incluindo descontos em combustível.
Sempre que vejo 25 mil ou mais lugares vazios no Estádio, jogo após jogo, confesso que me ocorre que algo está a ser muito mal feito. Tanto imobiliário sistematicamente devoluto, tanto custo fixo por rentabilizar, tanta gente que podia ser um pouco mais feliz com o seu clube e que estupidamente não é. Isto tudo quando até temos conseguido bater o recorde de receitas de quotização. Sócios que não vão ao Estádio.
E se ser sócio desse direito a pelo menos dois bilhetes e dois convites por ano para jogos da equipa sénior de futebol? Um bilhete e um convite por cada volta do compeonato em jogos pre-definidos pelo clube e com a reserva sujeita a confirmação e disponibilidade? Custaria muito a implementar? A gamebox é tão desinteressante que uma oferta destas desincentivaria os sócios de a adquirirem (sendo que os que a adquirisse poderiam receber os mesmos dois convites para evangelizar leões)? Se não há vontade ou interesse para isto que outro esforço está o clube a fazer para, por um lado, tentar encher mais o estádio e, por outro, melhorar o que oferece ao sócio pagante do clube?

4. O preço... vem aí nova borrasca económico-financeira. O futebol vai definhando à medida que se afasta das classes populares e se reposiciona exclusivamente como espetáculo de elite centrado no product placement televisivo. Cada vez mais encontro mais sub-18 que até gostam de futebol, para jogarem, mas não têm encanto nenhum por ver na TV (e mesmo a experiência nos estádios portugueses pouco os atrai).
Num dos melhores campeonatos do mundo, um que enchem estádios e até conseguiriam esgotar todos os estádios com bilhetes de época (mas não o fazem), como o Alemão, nunca se perdeu de vista que o futebol é e tem que continuar a ser interclassista. É uma paixão que une ricos e pobres a gritar em unissono pela sua tribo. O nosso conhecido Dortmund tem peão e uma gama de preços de começar abaixo dos nossos e termina um pouco acima. Também eles limitam os lugares de época para poderem continuar a ter uma falange de sócios a ir ao estádio, em rotação, resistindo a  mugir o público até ao último cêntimo, sempre que possível. Estamos a zelar por isso? Como? Não me parece.

Boas férias pai natal. Este artigo não era para ti, era só eu a querer reinar.

Saudações leoninas.

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