Quente & frio
Gostei muito de ver o estádio Magalhães Pessoa, em Leiria, cheio de adeptos leoninos. A esmagadora maioria dos 18.500 espectadores, que preencheram mais de 90% das bancadas, puxou pela nossa equipa na meia-final da Taça da Liga, contra o Braga. De falta de apoio nenhum dos nossos jogadores pôde queixar-se.
Gostei da exibição do Sporting durante mais de 60 minutos. Realço os desempenhos de Nuno Santos (para mim o melhor em campo), Eduardo Quaresma, Morten e Pedro Gonçalves. Além de um par de defesas consecutivas de Israel, aos 75', impedindo golos de Victor Gómez e Ricardo Horta. No golo solitário que sofremos, marcado por Abel Ruiz aos 65', o jovem guarda-redes uruguaio não podia fazer nada.
Gostei pouco de ver Gyökeres manietado durante quase todo o jogo pela defesa braguista, sobretudo por Paulo Oliveira (antigo titular do Sporting), que quase não deu espaço ao sueco para desenvolver todo o seu futebol: sem Viktor a 100%, como é sabido, a nossa equipa não rende da mesma forma. E gostei muito pouco - quase nada - da exibição de Esgaio: incapaz de criar dinâmica ofensiva no corredor direito, incapaz de provocar desequilíbrios, no lance do golo do Braga falhou por completo a marcação a Ruiz, que estava há três meses sem facturar.
Não gostei do festival de esbanjamento que protagonizámos nesta meia-final. Com três bolas nos ferros e outras tantas que andaram perto. Aos 13', Pedro Gonçalves fez tremer a baliza adversária com um petardo disparado de 30 metros que embateu no poste. Aos 37', Nuno Santos acertou com estrondo na barra. Aos 45', novamente Nuno, com nota artística, remata de trivela fazendo a bola chocar no ferro. Aos 54', num dos raros momentos em que conseguiu libertar-se da marcação, Gyökeres levou a bola quase a beijar o mesmo poste esquerdo. Aos 59', após boa tabelinha com Trincão, Pedro Gonçalves, encaminha-a rente ao ferro oposto da baliza à guarda de Matheus. Aos 87', Trincão imitou-o. Demasiado desperdício para um jogo só.
Não gostei nada desta derrota -- a nossa quarta da época, em 30 jogos disputados. Porque nos afasta da Taça da Liga, ficando assim um objectivo por cumprir. Porque foi a primeira partida em que não marcámos nesta temporada. E porque nos quebra uma dinâmica de vitórias: vínhamos de oito desafios seguidos a vencer, três dos quais com goleadas. Resta-nos recuperá-la já no próximo embate do campeonato, frente ao Casa Pia.