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Pedro Gonçalves, campeão do desperdício em Bérgamo: quatro golos fáceis falhados

Foto: Michele Maraviglia / EPA

 

Gostei muito de Edwards. Entrou só depois do intervalo no nosso jogo de ontem contra a Atalanta, em Bérgamo, mas fez logo a diferença. Após um primeiro tempo em que concedemos a iniciativa ao adversário, muito pressionante na nossa saída de bola, o Sporting veio da pausa revigorado. Quase irreconhecível, para muito melhor. O péssimo corredor direito foi alterado, com o inglês - tal como no desafio de Alvalade - a fazer novamente a diferença lá na frente. Aos 47' esteve à beira de marcar após boa combinação com Geny (outra entrada após o intervalo que trouxe grande dinâmica). E aos 56' marcou mesmo, lançado por Gyökeres, com perfeito domínio da bola superando quem tentou pará-lo. Meteu-a lá dentro, disparando com o seu pior pé - o direito - em  estreia absoluta como artilheiro na Liga Europa. Merece elogio até porque na véspera tinha sofrido um aparatoso acidente de automóvel, felizmente sem sequelas físicas nem psicológicas. Melhor em campo. 

 

Gostei das substituições feitas por Rúben Amorim: graças a elas, e em réplica quase perfeita do desafio contra os italianos em Alvalade, a 5 de Outubro, o onze leonino pressionou, dominou e empurrou em largos períodos a Atalanta para o seu reduto. Foi pena, uma vez mais, termos dado 45 minutos de avanço à turma que nos defrontou. Mas agora, pelo menos, conseguimos um empate (1-1), afastando o estigma da derrota (1-2) como a que ocorreu no nosso estádio e que tanto nos desagradou. Também gostei de ouvir centenas de adeptos a puxar pela nossa equipa, desafiando o frio de Bérgamo. E, naturalmente, de ver o Sporting garantir o segundo lugar no grupo D: este já ninguém nos tira.

 

Gostei pouco de ver tantos passes falhados em zonas de risco, sobretudo na primeira meia hora de jogo. Com a dupla Morten-Morita incapaz de suster o meio-campo da Atalanta e os nossos corredores laterais sem capacidade para produzir jogo ofensivo. Geny, pela direita, e Nuno Santos, pela esquerda, são bem mais acutilantes do que Esgaio e Matheus Reis nas mesmas posições - como viriam a comprovar na segunda parte.

 

Não gostei de perder a luta pelo primeiro lugar no nosso grupo: estivemos apenas a um golo do acesso praticamente garantido aos oitavos da competição. Assim teremos de disputar dois jogos extra, num play off, a 15 e 22 de Fevereiro - daí ter ficado perplexo com aqueles minutos finais em que os nossos andaram a queimar tempo à espera que o desafio acabasse, como se não pudéssemos ou não quiséssemos sair vitoriosos. Também não gostei de ver Gonçalo Inácio novamente amarelado sem qualquer necessidade logo no início, agora aos 11': Amorim devia fazer treino específico com ele para evitar a repetição destas entradas imprudentes que podem penalizar seriamente a equipa - e penalizaram mesmo, no clássico da Luz. 

 

Não gostei nada de sofrer o golo tão cedo, logo aos 23', marcado por Scamacca, goleador da Atalanta que já tinha concretizado duas vezes antes, mas sem valer por estar fora-de-jogo. Desta vez valeu, devido a uma perda de bola de Diomande junto à linha do meio-campo, à incapacidade dos restantes defesas de fecharem o corredor e à incorrecta posição de Adán, muito adiantado: ainda tocou na bola com a ponta dos dedos, sem conseguir pará-la. Via-se que faltava ali Coates, ausente do onze titular e só em campo a partir do minuto 80 (rendeu St. Juste, central à direita, com o marfinense ao meio). Também não gostei nada das exibições de Esgaio e Trincão, totalmente ineficazes no corredor direito: o primeiro foi incapaz de fazer um cruzamento, o segundo perdia a bola com uma facilidade impressionante, parecendo com a cabeça noutro lugar qualquer. Já não voltaram do intervalo, em claro benefício da equipa, que recuperou eficácia. Enfim, quase desesperei com Pedro Gonçalves, que desperdiçou quatro golos: aos 35' (chapéu falhado por completo após ter sido isolado por Gyökeres), aos 66' (bem servido por Edwards, consegue fazê-la embater nos dois postes sem entrar), aos 68' (atirou para cima da barra) e aos 71' (isolado por Morita, opta por um passe frouxo ao guarda-redes). Repetiu a desastrosa exibição em Lisboa: anda irreconhecível.

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