Quente & frio
Gostei muito da vitória do Sporting (2-1), na noite passada, em jogo da Liga Europa contra o Raków, campeão polaco. Triunfo que nos mantém no segundo posto do grupo D nesta competição europeia: permanecem intactas as leoninas aspirações à fase seguinte da prova. Vale a pena anotar: foi o nosso 16.º desafio da temporada em curso, com balanço largamente positivo. Treze vitórias, dois empates, apenas uma derrota. Percentagem de sucesso: 81,2%. Demonstração inequívoca do mérito desta equipa tão bem orientada por Rúben Amorim.
Gostei que tivéssemos marcado cedo - na conversão de um penálti, logo aos 10', por Pedro Gonçalves a castigar falta claríssima (punida com cartão vermelho) cometida sobre St. Juste quando conduzia um lance de ataque na meia esquerda, em plena grande área polaca. Aos 52', o nosso n.º 8 viria a marcar igualmente o segundo golo, também de penálti, desta vez a punir mão na bola a remate de Edwards. Tem de ser creditado como melhor em campo. Leva já cinco golos nesta época - estes foram os seus primeiros na Liga Europa 2023/2024. Total até agora: 63 convertidos de verde e branco. Merece elogio? Claro que sim.
Gostei pouco que não tivéssemos exibido superioridade na chamada zona de decisão, sobretudo porque defrontámos uma equipa só com dez jogadores durante 80 minutos. Construímos oportunidades, mas fomos incapazes de convertê-las em lances corridos - ou por falta de pontaria ou devido a grandes defesas do guarda-redes sérvio da equipa polaca, que só tem um polaco no plantel (o Sporting teve sete portugueses no onze inicial). Paulinho, que ontem festejou 31 anos, foi um dos elementos com nota insuficiente. Outros foram Nuno Santos e Esgaio, pouco eficazes a municiar o ataque pelos flancos. Para compensar, registou-se a estreia em jogos oficiais da equipa A do jovem Tiago Ferreira, que actuara na pré-temporada: outro miúdo da nossa formação lançado por Amorim. Foi mera amostra, insuficiente para conclusões sólidas. Aos 21 anos, Mamede - como também é conhecido - tem-se destacado no Sporting B, onde já fez dez golos e duas assistências. Oxalá consiga singrar entre os "adultos".
Não gostei da ausência de Gyökeres, ausente por castigo. Nota-se uma diferença enorme, para pior, quando ele está fora do onze titular. A nossa linha ofensiva perde engenho, criatividade, talento, energia, explosão, acutilância, capacidade de desequilíbrio e capacidade de pressionar a saída dos adversários. Felizmente vamos tê-lo de volta no dérbi da Luz, já depois de amanhã. Num jogo em que a equipa da casa contará com mais 24 horas de descanso do que a nossa após ter humilhado o futebol português em San Sebastián, frente à Real Sociedad (equipa que vencemos 3-0 na pré-temporada).
Não gostei nada de ver o Sporting sofrer um golo, aos 70', na sequência de um livre convertido com rapidez e eficácia pelo Raków enquanto alguns dos nossos jogadores se limitaram a defender com os olhos. Quatro jogos da Liga Europa, em todos sofremos golos. Falta-nos capacidade de concentração em momentos cruciais e alguma consistência defensiva. Também não gostei nada dos nossos 20 minutos finais, com a equipa a recuar muito no terreno, mantendo posse estéril de bola e parecendo recear a desfalcada turma adversária. Enfim, continuo a não gostar nada de Fresneda, desta vez em campo desde o minuto 56 (substituiu Esgaio). Está muito longe de ser um novo Pedro Porro. E até agora nem demonstrou sequer qualidade para integrar o plantel principal do Sporting.