Quente & frio
Internacional sueco, "o suspeito do costume": ontem marcou três golos em Alvalade. Difícil ser melhor
Foto: António Pedro Santos / Lusa
Gostei muito de Gyökeres: grande atitude, excepcional entrega ao jogo, de longe o melhor em campo. Exibição coroada com três golos frente ao Farense, num desafio da Taça da Liga que vencemos por 4-2. Confirma-se: o sueco é não apenas o mais competente e brilhante jogador a actuar esta época no futebol português, mas uma das melhores contratações de sempre do Sporting. O preço que pagámos por ele é barato, ninguém duvida. Ontem cumpriu o 12.º desafio da temporada com um registo de 11 golos já apontados. Excelente média, contrastando com os Cabrais e os Navarros que aportaram aos nossos adversários com prestações medíocres ou inexistentes. Desta vez abriu o marcador aos 24', quatro minutos depois converteu um penálti e fechou a conta pessoal apontando um golaço aos 63'. Só justifica elogios. Os 22.800 adeptos que compareceram em Alvalade nesta chuvosa noite de quinta-feira certamente gostaram.
Gostei das mudanças feitas por Rúben Amorim na equipa. Desde logo apostando em Gonçalo Inácio como médio mais recuado, talvez já a prepará-lo para actuar ali quando Morita estiver ausente durante semanas ao serviço da selecção daqui a um par de meses. Exibição muito positiva: até parece rotinado na posição. Resultaram outras apostas no onze titular, de onde estiveram ausentes Adán, Coates, Morten, Geny, Morita, Edwards e Pedro Gonçalves. Nuno Santos (marcou o terceiro, de pé direito, aos 56') e Trincão fizeram os melhores jogos da temporada, com destaque para o minhoto: assistiu no primeiro golo protagonizando espectacular lance individual, foi ele quem sofreu a falta que gerou penálti e ainda levou Ricardo Velho à defesa da noite voando para deter um remate em arco dirigido ao ângulo superior direito da baliza. Eis um "reforço" que já tardava.
Gostei pouco que tivéssemos consentido dois golos, aos 49' e aos 79', com disparos fortíssimos de Mattheus Oliveira (um dos mais inúteis jogadores que passaram por Alvalade) e Vítor Gonçalves. Israel podia ter feito melhor? Dificilmente, mas ainda não oferece aos adeptos aquela segurança entre os postes que temos o direito de lhe exigir. Agradou-me ver Daniel Bragança com a braçadeira de capitão, mas continua a fazer tudo em esforço, incapaz de um passe de ruptura ou de criar lances de desequilíbrio na área do terreno onde se movimenta. Mesmo num jogo caracterizado por notório contraste no desempenho ofensivo: protagonizámos 25 remates, contra oito da turma algarvia.
Não gostei de Paulinho. Depois da "vitamina Gyökeres", no início da época, parece voltar a exibir os defeitos que lhe conhecemos de outros campeonatos. Muito condicionado pelas marcações, falhou emendas quase à boca da baliza em centros bem medidos de Esgaio (78') e Nuno Santos (87'). Atirou para a bancada logo aos 10', dando o mote a uma exibição sofrível. E é ele quem perde a bola, com displicência, gerando um rapidíssimo contra-ataque adversário que culminou no primeiro golo que sofremos.
Não gostei nada de ver Dário desperdiçar outra oportunidade de mostrar ao treinador que merece um lugar no plantel leonino. Entrou aos 72', rendendo Bragança, e a partir dos 83' o Farense passou a jogar só com dez por lesão de Zé Luís quando o treinador José Mota já tinha esgotado as substituições - e houve ainda 6' de tempo extra. Nem assim o jovem médio da nossa formação fez a diferença. Pelo contrário: entregou duas vezes a bola no minuto 86 e falhou uma tabelinha aos 88', com fraco domínio técnico. Não se nota evolução neste jogador, lamento concluir. Talvez valha a pena emprestá-lo, como já aconteceu com Mateus Fernandes.