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És a nossa Fé!

Quente & frio

 

Gostei muito de ver Gyökeres voltar a marcar. O sétimo golo em oito jogos. Novamente de penálti - e vão três. Chamado a converter, aos 76', não vacilou. É extraordinária a relação que o internacional sueco tem com a baliza. Infelizmente não bastou para evitar a derrota: perdemos em casa  (1-2) contra a Atalanta, equipa italiana com nível de Liga dos Campeões - muito bem comandada há oito anos pelo veterano treinador Gian Piero Gasperini. Foi a nossa primeira derrota da temporada. Que, infelizmente, pôs fim a uma longa série de resultados positivos: há 22 jogos seguidos que não perdíamos um desafio oficial, desde 13 de Abril. Os 42.308 espectadores presentes no estádio mereciam ter visto um Sporting bastante melhor.

 

Gostei das substituições feitas pelo treinador ao intervalo. Saíram três jogadores com exibições calamitosas no primeiro tempo, entraram três colegas que muito contribuíram para relançar o jogo leonino neste período, em que fomos superiores à turma adversária já com Coates, Edwards e Geny em campo. Um golo, uma bola ao poste e quatro remates enquadrados: nada a ver com os 45 minutos iniciais, em que não fizemos um só disparo à baliza dos italianos. Entendi muito mal por que motivo Rúben Amorim deixou Coates de início no banco: com ele em campo, tudo foi diferente. Também Geny e Edwards mexeram com o jogo, acelerando-o sem temores nem complexos. Distinguiu-se sobretudo o inglês, para mim o melhor dos nossos: conquistou quatro faltas, uma das quais valendo o amarelo ao adversário, fez um cruzamento para golo (Gonçalo Inácio falhou, cabeceando para fora na grande área aos 52') e esteve ele próprio quase a marcar, aos 77'. Devia ter integrado o onze titular.

 

Gostei pouco de ouvir os mesmos que no início cantavam «farei o que puder pelo meu Sporting» desatarem, cerca de meia hora depois, a destratar a equipa no estádio, dando ânimo e alento à turma adversária. O nosso clube está cheio de adeptos que adoram assobiar. Infelizmente, em vez de assobiarem só no duche, vão de propósito a Alvalade para vaiar os nossos jogadores. «Farei o que puder pelo meu Sporting» é isto? Não parece nada.

 

Não gostei de perder. Não gostei dos 45 minutos de avanço dados à equipa de Bérgamo. Não gostei da forma como Amorim assistiu impávido àquele descalabro colectivo do primeiro tempo sem ter feito mais cedo as alterações que se impunham, corrigindo sobretudo o naufrágio do nosso meio-campo. Não gostei do enorme desgaste físico e anímico sofrido naquela primeira parte de avassalador domínio do Atalanta, que ficou em quinto lugar na Liga italiana 2022/2023: oxalá não seja mau prenúncio para a nossa partida de domingo contra o Arouca.

 

Não gostei nada de vários jogadores. Desde logo, a desastrosa estreia de Fresneda a titular: não revelou arcaboiço para aquilo, foi no nosso corredor direito que os italianos entraram como faca em manteiga, perante a impotência do ala espanhol, muito verde (no pior sentido) para tal função, fazendo-nos sentir saudades de Esgaio - que o substituiu aos 67'. Paulinho, sinónimo de nulidade: absolutamente inócuo na construção ofensiva, incapaz de se libertar da marcação individual a que foi sujeito, e é ele quem põe em jogo o autor do passe para o primeiro golo italiano. Morten continua a parecer peixe fora de água: não cumpriu os mínimos como médio defensivo nem formou eficaz parceria com Morita - o japonês melhorou bastante já com ele ausente. Nuno Santos apareceu oxigenado e talvez por isso destacou-se pela negativa, sem um só cruzamento perigoso e abusando dos passes à retaguarda. Pedro Gonçalves destacou-se por uma sucessão quase assustadora de perdas de bola e passes falhados - recebeu cartão aos 84' e devia ter visto outro por um pisão aos 35', convém não abusar da sorte. Finalmente Daniel Bragança, que substituiu Matheus Reis aos 90'+1, voltou a ver o amarelo com poucos segundos em campo pelo segundo jogo consecutivo. Assim mais vale ficar no banco. Ou na bancada.

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