Quente & frio
Chuva de golos em Alvalade: Sporting derrotou Farense por 6-0
Gostei muito da goleada imposta esta noite pelo Sporting ao Farense no nosso estádio. Vencemos por 6-0: foi até agora o mais dilatado triunfo leonino desta temporada, na jornada inaugural do Grupo B da Taça da Liga. Temos uma reputação a defender nesta competição: somos bicampeões de Inverno, todos desejamos o terceiro título consecutivo. É verdade que o Farense compete na Liga 2, mas está muito bem colocado no segundo escalão do futebol português, a perseguir de perto o líder, Moreirense. Esta vitória por números tão expressivos parece reconciliar o Sporting com o futebol de ataque e com a produção de golos. Fica o registo dos marcadores: Paulinho (20' e 22'), Edwards (39'), Pedro Gonçalves (48'), Arthur (75') e Mateus Fernandes (84'). Um festival: sem dúvida o nosso melhor jogo da época.
Gostei de Paulinho, desta vez o melhor em campo. Não apenas pelos dois golos que marcou, com apenas dois minutos de diferença, mas também pela primorosa assistência para o quinto, apesar de ter desperdiçado uma primeira oportunidade, isolado face ao guarda-redes, logo aos 8'. Duplicou, neste seu 15.º jogo da temporada, o número de golos que registara até agora. Destaque também para as exibições de Porro (assiste nos golos 3 e 4), Trincão (é dele a assistência no primeiro e participa na construção do segundo) e Pedro Gonçalves (assiste Paulinho no segundo, inicia o terceiro com um magistral passe que cruzou todo o campo e marca o quarto).
Gostei pouco que Dário tivesse desperdiçado a aposta que o treinador fez nele para titular, compensando a ausência de Ugarte no Mundial: o jovem médio defensivo viu um cartão amarelo, sem qualquer necessidade, logo aos 10'. Muito melhor esteve Mateus Fernandes nesta partida, que para ele será de sonho: entrou aos 69', rendendo Nuno Santos com inegável competência, foi carregado em falta dentro da grande área aos 83', quando protagonizava uma magnífica jogada individual, e quem a mete lá dentro é ele próprio, convertendo de forma irrepreensível o penálti. Assim se estreou a marcar, aos 18 anos, pela equipa A do Sporting. Um passo decisivo no início de uma grande caminhada.
Não gostei das exibições de Sotiris e Jovane. O grego fez toda a segunda parte, rendendo Dário, mas deixou evidentes as suas fragilidades não apenas no processo defensivo mas sobretudo como construtor de lances ofensivos: está ao nível de um jogador da nossa equipa B, não do onze principal. O caboverdiano, que há muito não calçava, substituiu Trincão aos 61'. Teve o golo à sua mercê, aos 74', mas rematou ao lado. Andou algo perdido na frente de ataque: acusa falta de confiança. Mas protagonizou um gesto bonito ao oferecer a Mateus a oportunidade de ser ele a converter o penálti, entregando-lhe a bola. É assim que se cimenta um verdadeiro espírito de equipa.
Não gostei nada da fraca "moldura humana" ontem registada nesta partida em Alvalade: só 17 mil espectadores, incluindo cerca de meio milhar de adeptos do Farense. É verdade que a temperatura fria e a chuva que caiu durante todo o jogo contribuíram para esta desmobilização, mas os tais sportinguistas que juram nada querer saber do Campeonato do Mundo e garantem só gostar de ver partidas do nosso clube parecem ser muito menos do que fazem supor nas caixas de comentários. Afinal o alegado amor à equipa não é suficiente para arrancá-los do sofá enquanto vão espreitando o Mundial do Catar.