Quente & frio
Gostei muito do nosso empate (1-1) ontem, em Londres, contra o Tottenham - terceiro classificado da Premier League. Resultado que nos coloca em segundo no grupo D da Liga dos Campeões, com 7 pontos. Como o Marselha perdeu em Frankfurt, basta-nos um empate no desafio da próxima terça-feira, quando recebermos o Eintracht, para seguirmos rumo aos oitavos-de-final da prova. Com vantagem sobre a equipa londrina em caso de igualdade pontual. Estivemos a vencer entre os 22' e os 80'. Sofremos um segundo golo no último lance do desafio, por Harry Kane, mas acabou anulado após intervenção do VAR.
Gostei dos 45 minutos iniciais, com atitude desassombrada do onze leonino que teve a primeira oportunidade por Paulinho, aos 20', e marcou à segunda. Mérito de Edwards, autor do golo: comprovou no estádio da equipa onde foi formado que merecia ter lugar naquele plantel e talvez até ser chamado à selecção inglesa. Exibições muito positivas também do regressado Coates, comandante da defesa, Porro com o seu habitual dinamismo no corredor direito, Ugarte a trancar o meio-campo. E sobretudo de Adán, com quatro grandes defesas - aos 51', 52', 56' e 69'. Ficou mal no golo dos spurs, marcado por Betancourt, mas mesmo assim merece ser eleito o homem do jogo. Sem ele, sairíamos derrotados.
Gostei pouco de Trincão, o pior dos nossos no onze titular. Voltou a ser uma figura apagada, sem influência no colectivo. Rúben Amorim manteve-o demasiado tempo em campo, mandando-o sair só aos 71': outra oportunidade desperdiçada. Também gostei pouco das actuações de dois miúdos lançados pelo treinador - Mateus Fernandes (18 anos) e Nazinho (19 anos). O primeiro em estreia absoluta no palco da liga milionária acusando o peso da responsabilidade; o segundo desperdiçando dois golos cantados, aos 76' e aos 77', além de comprometer num lance defensivo crucial. Mas esta é a única forma de Amorim provar que aposta mesmo nos potenciais astros leoninos: lançando-os nos grandes jogos. Não há outro modo de ganharem calo e crescerem. Acabamos este jogo, aliás, com uma equipa extremamente jovem onde se incluía Gonçalo Inácio (21 anos), Porro (23), Ugarte (21), Arthur (24) e Fatawu (18), além dos já mencionados. O brasileiro e o ganês entraram muito bem, o primeiro como agitador lá na frente e o segundo forçando Lloris a uma das defesas da noite, aos 90', em remate fortíssimo que levava selo de golo.
Não gostei do golo sofrido a dez minutos do fim do tempo regulamentar nem da nossa segunda parte, em que estivemos quase todo o tempo remetidos à defesa, embora revelando capacidade de resistência e sacrifício. Mas convém não esquecer que o Tottenham é uma equipa cheia de craques: Kane (segundo melhor marcador da Premier League), Son, Perisic, Romero, Lucas Moura, Ben Davies e o "nosso" Eric Dier, que aliás falhou mais golos no Hotspur Stadium do que Nazinho.
Não gostei nada que Morita tivesse saído aos 62', com queixas físicas: oxalá não tenhamos outro jogador lesionado. Nem da ausência de Pedro Gonçalves, ausente por ter visto cartão vermelho, sem qualquer necessidade, no recente Sporting-Marselha. Nem do calafrio que passámos nos últimos segundos da partida ao ver a bola entrar na nossa baliza. Felizmente, após longa espera, foi assinalada deslocação e prevaleceu o empate. Agora está tudo em aberto: só dependemos de nós para nos mantermos na liga milionária. A acontecer, será inédito.