Quente & frio
Gostei muito do primeiro-minuto do Marselha-Sporting de anteontem. Estavam decorridos apenas 52 segundos quando Trincão, coroando excelente jogada individual, introduziu a bola na baliza - daí ser considerado, sem favor, o nosso jogador menos mau. Começava aí aquilo que parecia a terceira vitória consecutiva do Sporting na liga milionária, contra uma equipa que nem tinha marcado ainda qualquer golo na competição. Infelizmente, esse magnífico segundo inicial foi também o zénite da exibição leonina no Vélodrome marselhês. A partir daí foi-se descendo - até ao abismo.
Gostei de Edwards, que fez a assistência para o golo e ainda ofereceu a bola em condições propícias novamente a Trincão (4') e também a Pedro Gonçalves (9'). Estava a candidatar-se a ser o nosso melhor em campo quando o pesadelo colectivo provocado pelos erros de Adán forçaram Rúben Amorim a retirá-lo para meter Israel. O inglês saiu cabisbaixo, visivelmente decepcionado por sair tão cedo. Não custa entender tal decepção.
Gostei pouco que o jogo tivesse acontecido sem público, como se voltássemos ao tempo da pandemia. Consequência de um castigo merecido de que foi alvo o clube francês, mas não deixa de ser esquisito assistir a um desafio nestas circunstâncias. O futebol precisa de ter público para se mostrar realmente vivo.
Não gostei do desempenho de vários futebolistas do Sporting: em graus diferentes, oscilaram entre o medíocre e o péssimo. Refiro-me a St. Juste, Gonçalo Inácio, Matheus Reis, Ugarte, Nuno Santos, Pedro Gonçalves e Paulinho. Alguns deles até pareciam sem a menor vontade de jogar na Liga dos Campeões.
Não gostei nada da catastrófica exibição de Adán, responsável máximo por esta humilhante goleada que sofremos. Foi dele a "assistência" directa para o golo de Alexis Sánchez (13'), uma entrega de bola em zona proibida de que resultou o segundo do Marselha (16') e uma absurda saída dos postes com toque da bola com a mão fora da grande área que lhe valeu o vermelho (23'). Enterrou a equipa de alto a baixo nestes dez minutos fatais. Franco Israel, em estreia absoluta numa prova profissional de futebol, esteve também muito mal, com responsabilidades evidentes nos outros dois golos que sofremos (23' e 82'). Falta mencionar Esgaio, agora com novo desempenho inenarrável: partilhou culpas com Adán no lance do penálti e ofereceu a bola a Alexis Sánchez aos 86', em lance de que quase resultou o quinto golo do Marselha. Aos 43' merecia ter visto o vermelho por pontapear Nuno Tavares sem bola. O árbitro foi amigo: se aplicasse a lei com rigor, passaríamos a jogar só com nove.