Quente & frio
Gostei muito da nossa vitória (2-0) contra o Tottenham desta noite em Alvalade. Segundo triunfo consecutivo na Liga dos Campeões após a recente goleada frente ao Eintracht na Alemanha. Já lideramos o nosso grupo da Champions, com seis pontos, cinco golos marcados e nenhum sofrido. Ganhamos balanço para fazermos a nossa melhor prestação de sempre na prova máxima do futebol, embolsámos mais 2,8 milhões de euros graças a esta vitória e voltamos a apresentar uma equipa que faz lembrar a da conquista do campeonato há 16 meses. Mudam as peças, mas o colectivo mantém-se sólido. Agora com organização defensiva reforçada (apesar de termos dois centrais lesionados), a procura do golo acentua-se e o conjunto leonino demonstra não recear nenhum adversário, seja em que prova for: enfrentamos qualquer um de olhos nos olhos. Para alegria dos adeptos.
Gostei de quase todos os jogadores, embora alguns mereçam menção especial. Começando por Nuno Santos, que fez talvez a sua melhor exibição de Leão ao peito. Combativo, batalhador, recuperou bolas, ganhou duelos, sem dar um lance por perdido, partiu os rins a Emerson em vários confrontos individuais, fazendo-lhe marcação cerrada. E criando constantes desequilíbrios no seu corredor, que patrulhou com eficácia. Destaque também para Edwards, protagonista do mais belo lance do jogo, aos 45'+2, parecendo imitar Maradona ou Messi ao entrar como faca por manteiga pela defensiva do Tottenham - clube onde se formou. Lance que só não deu golo (tal como outro, aos 67') devido a magníficas defesas de Lloris. Adán, Ugarte, Pedro Gonçalves e Matheus Reis também estiveram muito bem. Mas o Sporting ganha o jogo devido à visão de Rúben Amorim, que lançou do banco os marcadores dos dois golos: Paulinho entrou aos 76' e meteu-a lá dentro de cabeça, na sequência de um canto, aos 90'; e o estreante Arthur Gomes, que entrou aos 90'+2. Em estreia absoluta de verde e branco, marcou o seu golo inaugural no primeiro (e único) minuto em que esteve em campo e na primeira vez que tocou na bola, partindo meia defesa do Tottenham. Estreia de sonho: o céu é o limite.
Gostei pouco que o número de espectadores ontem em Alvalade estivesse abaixo de 40 mil. Em rigor, havia 39.899 nas bancadas - número inferior às expectativas, atendendo ao facto de recebermos uma das cinco melhores equipas da Premier League. Também é verdade que o horário do jogo, nesta terça-feira, não ajudou: a partida tinha início marcado às 17.45 - creio que foi a primeira vez que o Sporting jogou em casa a esta hora para a Liga dos Campeões. Mas o mais importante é que quem lá esteve não regateou incentivos em forma de cânticos e de aplausos aos jogadores.
Não gostei do desempenho dos craques do Tottenham, uma das melhores equipas inglesas da última década: o Sporting conseguiu anular Son, Richarlison e Harry Kane. Que até estavam bem mais folgados que os nosso craques, pois a turma londrina não disputou a jornada do passado fim-de-semana, com o Manchester City como adversário. Também não gostei de ver Eric Dier, que esteve nove anos em Alvalade, jogar desta vez contra nós: mantenho a esperança de voltar a vê-lo de verde e branco.
Não gostei nada, uma vez mais, de ouvir o Hino da Champions ser assobiado por centenas ou até milhares de adeptos no nosso estádio. Insisto: é uma enorme estupidez. Esta gente parece que preferia ver o Sporting excluído da liga milionária. Questiono-me se também exigirão à administração da SAD que devolva de imediato os 5,6 milhões de euros que receberemos só pelos primeiros dois jogos nesta prova 2022/2023. Tão elevado encaixe financeiro também lhes dará vontade de assobiar?