Quente & frio
Gostei muito da nossa vitória neste jogo de estreia na Liga dos Campeões, ontem, em Frankfurt. Derrotámos o Eintracht por 3-0, com todos os golos a serem marcados na segunda parte, e amealhámos 2,8 milhões de euros para os cofres leoninos graças a este triunfo. Iniciamos assim da melhor maneira a nossa campanha europeia da nova temporada, conseguindo enfim vencer na Alemanha - meta nunca alcançada nos 14 anteriores desafios que ali disputámos. Acresce que não se trata de uma equipa qualquer, mas da detentora da Liga Europa 2021/2022. É um jogo que vai perdurar na memória da massa adepta sportinguista - sobretudo a segunda parte, que teve diversos momentos a roçar a perfeição, com inequívoca classe, incluindo nos três lances de golo.
Gostei da exibição de Edwards, o melhor em campo. Foi ele a marcar o primeiro, aos 65', rasgando a linha defensiva germânica, e o autor da assistência no segundo, dois minutos depois, num passe lateral para Trincão, que se estreou a marcar de Leão ao peito. Também Morita se destacou nesta sua estreia na Liga dos Campeões: mesmo amarelado aos 5', não se deixou condicionar e foi fundamental na construção dos dois primeiros golos. Destaque ainda para Adán, que regressou às grandes exibições, logo com uma enorme defesa aos 2', revelando-se muito seguro entre os postes. Porro, que aos 83' constrói o lance do terceiro golo, assistindo Nuno Santos após galgar 50 metros com a bola dominada junto à linha, foi outro herói do jogo. Destaque enfim para a maturidade de Coates, a combatividade de Ugarte e o regresso de Paulinho (só aos 79') após um mês de ausência por lesão.
Gostei pouco da primeira parte, em que segurámos bem os caminhos para a nossa baliza, mas só fizemos um remate, desperdiçando demasiado tempo em trocas de bola no nosso meio-campo defensivo e abusando de passes à queima que causam sempre sobressaltos, sobretudo nas linhas recuadas. Faltou baliza nesse primeiro tempo e alguma ousadia táctica assim que se percebeu que o Eintracht estava longe de ser a equipa dominadora e até avassaladora que alguns temiam. Felizmente Rúben Amorim soube dar um saudável abanão aos jogadores, motivando-os na conversa que travou com eles ao intervalo. Como se percebeu mal a partida foi reatada.
Não gostei do desempenho de Gonçalo Inácio, que continua a entrar em campo intranquilo e a errar passes em doses inaceitáveis - mesmo a jogar na sua posição natural, que é a de central à esquerda. Trincão ficou aquém do exigível na primeira parte, mantendo a tendência para adornar lances em excesso e revelando algum défice de intensidade no ataque ao portador da bola, embora acabasse por redimir-se quando marcou o golo.
Não gostei nada da lesão de St. Juste, ocorrida aos 50'. O central holandês, que foi titular em Frankfurt e estava a ter uma exibição muito positiva, viu-se forçado a abandonar o campo, cedendo lugar a Neto (que se mostrou à altura). Parece andar em onda de pouca sorte: viu-se impedido de actuar na pré-época por uma lesão traumática contraída num treino, atrasando a sua integração no grupo. Agora volta a parar, esperemos que não por muito tempo. Porque faz falta.