Quente & frio
Gostei muito do início da nova temporada com o pé direito - isto é, com a conquista do nosso terceiro troféu neste já inesquecível ano de 2021. Vencemos (por 2-1) e convencemos no decisivo confronto com o Braga, o nosso mais frequente adversário. Confirmando que nada havia de fortuito ou ocasional nos triunfos alcançados na época anterior. Pelo contrário, há aqui muito e bom trabalho de toda a equipa técnica, liderada por Rúben Amorim. Temos neste momento um dos melhores plantéis leoninos de todos os tempos. A conquista da Supertaça, anteontem, é mais uma etapa neste processo de restituição do Sporting à glória prolongada e duradoura. Nós, adeptos, merecemos isto.
Gostei de ver intacta, para já, a espinha dorsal do Sporting campeão da época 2020/2021. Com Coates a pontificar no bloco defensivo, Nuno Mendes a brilhar no flanco esquerdo, Palhinha a destacar-se entre os médios e Pedro Gonçalves (melhor em campo) sempre imprevisível e genial nas linhas avançadas. Sem esquecer Adán, Feddal e Gonçalo Inácio, naturalmente. E de observar a promoção de Matheus Nunes e Jovane ao onze titular: ambos merecem. Além da estreia de Esgaio neste regresso aos jogos oficiais pelo Sporting, confirmando ser um verdadeiro reforço. Seria excelente que este grupo tão sólido permanecesse intacto pelo menos até ao próximo mercado de Inverno.
Gostei pouco do regresso do público ao futebol, devidamente autorizado pela FPF e pela Direcção Geral de Saúde, no moldes em que aconteceu. A distribuição paritária dos bilhetes para Braga e Sporting resultou no que já se esperava: escassez de procura por parte dos minhotos, que acabaram por devolver grande parte dos ingressos à FPF, enquanto alguns milhares de adeptos leoninos ficaram sem oportunidade de assistir à partida, disputada no estádio municipal de Aveiro, onde por motivos sanitários só um terço dos lugares nas bancadas podiam ser preenchidos. De qualquer modo, foi muito bom voltar a ver ali animação e colorido, mesmo em dose reduzida. Espero que o confinamento no desporto português tenha mesmo chegado ao fim.
Não gostei dos 20 minutos iniciais nesta partida destinada a atribuir o primeiro troféu da nova temporada. O Sporting concedeu excessivo espaço e demasiada iniciativa à equipa minhota, que viria a marcar primeiro. Felizmente esse golo pareceu despertar-nos: embalámos logo a seguir para uma exibição convincente, que em certos momentos mereceu mesmo "nota artística", como costumava dizer o outro. O tal que falava muito e ganhou quase nada nos três anos que passou em Alvalade.
Não gostei nada do lamentável gesto do benfiquista André Horta, único jogador do Braga que recusou passar pela guarda de honra formada pela equipa campeã nacional no final da partida. Uma atitude "à Benfica" que contrastou com o clima de fair play ali dominante. Felizmente nenhum dos seus colegas imitou tão triste exemplo. E alguns dos nossos, como Porro e Nuno Santos, não deixaram de criticar Horta. Que não revelou só mau-perder: também demonstrou falta de educação.