Quente & frio
Gostei muito de quase tudo esta noite. Da exibição de gala do Sporting em Alvalade frente ao PSV, hoje eliminado da Liga Europa pelo onze leonino: foi a melhor actuação da época da nossa equipa, traduzida em números concludentes - vitória por 4-0. Única goleada com marca do Leão até ao momento nesta temporada 2019/2020. Começou a ser construída muito cedo, logo aos 9', com um golo de cabeça de Luiz Phellype à ponta de lança clássico, prosseguindo aos 16' com um forte disparo de meia-distância do capitão Bruno Fernandes, que esteve nos quatro golos. Marcou dois, deu dois a marcar (o primeiro e o terceiro, aos 42', na cobrança de um canto a que Mathieu deu a melhor sequência com um magnífico pontapé sem deixar a bola cair no chão) e apontou o último, de penálti, aos 64'. Esteve em todos, revelou-se uma vez mais o melhor em campo, nunca tinha alcançado números tão brilhantes numa partida só. Proeza tanto mais de realçar quanto sabemos que o adversário é uma equipa com excelente reputação: o PSV segue em terceiro lugar no campeonato holandês. Mas quem ruma em frente na Liga Europa é o Sporting.
Gostei da exibição de Luís Maximiano, hoje titular em estreia na baliza leonina numa competição da UEFA - sucedendo de algum modo a Rui Patrício, que se estreou há 12 anos na mesma posição. Muito seguro e concentrado, com bons reflexos, teve um papel irrepreensível não apenas entre os postes mas também a antecipar-se em saídas oportunas que abortaram lances ofensivos do PSV. Também gostei que tivéssemos terminado o jogo com três elementos da formação leonina em campo: além de Max, Ilori e Rafael Camacho. E do impressionante slalom de Acuña atravessando o campo todo com a bola dominada, imitando o seu compatriota Diego Maradona aos 63', na mais vistosa jogada do desafio, só terminada quando o lateral argentino foi derrubado em falta dentro da grande área holandesa, daí resultando o nosso último golo.
Gostei pouco das actuações de Vietto e Bolasie, únicos titulares que estiveram abaixo do desempenho médio da equipa. Nem os passes lhes saíram bem, nem a pressão de que estavam incumbidos resultou com eficácia nem a pontaria de ambos se revelou afinada. O congolês, por exemplo, rematou três vezes, mas sempre à figura do guardião adversário.
Não gostei do regresso de Bruma a Alvalade. Com a camisola errada: não estava de Leão ao peito apesar de ter sido formado na Academia de Alcochete. Há seis anos, forçou a saída do Sporting, renegando o clube que lhe ensinou quase tudo quanto sabe. O destino não lhe sorriu nesta efémera reaparição na antiga casa-mãe: teve um desempenho medíocre ao serviço do PSV, terá sido talvez o pior jogador em campo e acabou por não regressar depois do intervalo.
Não gostei nada de ver duas dúzias de viúvas aos gritinhos contra o presidente leonino, ainda antes de terminar o jogo, indiferentes à exibição, ao triunfo e à goleada. Desrespeitando assim os profissionais do Sporting que davam o seu melhor em campo, a equipa técnica que os orientou muito bem e o conjunto dos adeptos. Era noite de aplausos, não de assobios - excepto para aquela minoria que insiste em torcer pelas derrotas. A reacção das restantes bancadas não se fez esperar: esse bando de imbecis, acampado na zona onde costumava ficar a Juve Leo, recebeu uma estrondosa vaia da vasta maioria que vê neles aquilo que realmente são. Letais ao Sporting.