Quente & frio
Gostei muito de confirmar hoje, com a vitória 5-2 frente ao Rio Ave para a Taça de Portugal, como esta equipa do Sporting desenvolve um jogo alegre, dinâmico, desinibido, com pressão alta, forte organização colectiva, inegável energia anímica e boa condição física. Procurando o golo com processos simples. Tudo por mérito de Marcel Keizer: o treinador holandês devolveu ao Sporting um futebol vistoso e ofensivo como já não víamos desde a época 2015/2016, a primeira sob o comando de Jorge Jesus. Somámos esta noite a oitava vitória consecutiva - sétima sob o comando do técnico holandês - que nos coloca nos quartos-de-final da Taça verdadeira. A de Portugal.
Gostei da sexta goleada verde e branca da era Keizer. Hoje os marcadores de serviço foram Bas Dost (2), Diaby (2) e Bruno Fernandes. O holandês, com mais estes, totaliza já 15 golos na temporada em curso - 85 desde que veio para o Sporting. E com este técnico marcámos 30 em sete desafios (média de 4,2 golos por jogo). Destaque, nesta partida, para Bruno Fernandes - hoje capitão da equipa e o melhor em campo. Marcou o mais espectacular dos nossos cinco golos, o terceiro, com um disparo fortíssimo aos 42'. Foi crucial na construção do quarto golo, apontado por Dost aos 61', e fez a assistência para o último, servindo Diaby aos 77'. Notas muito positivas também para o jovem avançado maliano, que abriu a ronda de remates certeiros logo no terceiro minuto da partida; para Acuña, que regressou à ala esquerda - aos 3' já fazia a assistência para o golo inaugural e bisou com um cruzamento perfeito na construção do terceiro; para Jovane, que iniciou as jogadas do primeiro e do terceiro, além de ter assistido no quarto golo; ainda para Miguel Luís, hoje merecidamente titular, proporcionando maior segurança defensiva à equipa e permitindo libertar Bruno Fernandes para acções ofensivas.
Gostei pouco que Fábio Coentrão, hoje de regresso a Alvalade, tivesse voltado como jogador do Rio Ave, aliás o melhor em campo pela equipa forasteira. Preferia bem mais vê-lo novamente integrado no plantel leonino: corresponderia decerto a uma aspiração dos adeptos do Sporting e sem a menor dúvida ao desejo do próprio jogador, assumido adepto das nossas cores.
Não gostei que tivéssemos sofrido dois golos (embora o segundo tenha resultado de um penálti que me parece inexistente) e revelado lapsos ocasionais na nossa estrutura defensiva. Também não gostei de ver Nani ausente, não por opção técnica mas devido a uma mialgia de esforço, o que proporcionou a titularidade de Jovane. O jovem sub-21 formado em Alcochete cumpriu com distinção a tarefa, mas espero ver o nosso campeão europeu - também fruto da formação leonina - de regresso ao onze titular já no próximo domingo, a defrontar o V. Guimarães.
Não gostei nada que apenas 12.108 espectadores tivessem comparecido hoje em Alvalade. Com jogadores a darem o seu melhor, proporcionando um excelente espectáculo e outro festival de golos para todos os gostos, desta vez só falhou mesmo a chamada "moldura humana".