Quente & frio
Gostei muito de ver Wendel estrear-se a marcar de verde e branco. Havia apenas 9 minutos de jogo em Alvalade, o que prometia uma vitória folgada do Sporting neste jogo da Taça da Liga contra o Estoril, equipa da segunda divisão. Nada mais ilusório.
Gostei de ver Bas Dost regressar à condição de titular mais de dois meses depois. Não marcou mas teve movimentações interessantes, pressionando na área ofensiva e auxiliando nas missões defensivas. Aos 62', por precaução, cedeu lugar a Montero.
Gostei pouco que a equipa começasse demasiado cedo a tirar o pé do acelerador, defendendo a magra vantagem. Os nossos jogadores demoravam uma eternidade a colocar-se no meio-campo adversário, trocavam displicentemente a bola e actuavam como se estivessem num jogo-treino. Alguns mostravam-se claramente desconcentrados, comportamento inaceitável numa equipa com os pergaminhos do Sporting. Adivinhava-se, a todo o tempo, o golo do Estoril. Que acabou por chegar, aos 71'. E logo chegou outro, aos 82'. Saímos derrotados por 1-2. Foi apenas a terceira vez que esta equipa nos derrotou em nossa casa - as outras foram em 1945 e 2014.
Não gostei de ver o técnico do Estoril, que só tem 32 anos, dar uma lição de táctica a José Peseiro, dominando o corredor central, forçando o Sporting a encaminhar o jogo ofensivo pelas alas e explorando de forma muito eficaz o contra-ataque. A nossa equipa foi lenta, apática, previsível, movimentando-se sempre com pouca intensidade. O resultado ficou à vistae é confirmado pelas estatísticas: tivemos apenas três situações de golo, enquanto os estorilistas criaram seis. Parabéns ao jovem Luís Freire: aposto que vai longe como treinador de futebol.
Não gostei nada da atitude de muitos dos nossos jogadores, numa partida em que apenas Gudelj e Diaby repetiram a titularidade da anterior partida, para o campeonato, frente ao Boavista. Salin saiu muito mal com a bola, quase a perdendo, aos 62'. Jefferson, sem conseguir um centro em condições, parecia totalmente alheado, talvez a suspirar por férias - e foi substituído por Lumor aos 62'. André Pinto teve clara responsabilidade no primeiro golo do Estoril, em que é batido em velocidade, e fez pouco depois um autogolo: foi uma daquelas noites em que não devia ter saído de casa. Marcelo falhou passes, pecou por extrema lentidão e raras vezes conseguiu sair com a bola controlada. Bruno Gaspar, no corredor direito, revelou-se inofensivo. Petrovic e Gudelj tentaram fuzilar a baliza, mas só conseguiram atirar a bola para a bancada: o segundo continua a ser um corpo estranho neste onze. Carlos Mané ainda acusa a prolongada inactividade de um passado recente: falta-lhe intensidade e consistência. Lumor, sem ritmo competitivo, não aqueceu nem arrefeceu. Conclusão: cada vez mais se confirma que faltam segundas linhas com qualidade a este Sporting. Mas mesmo Montero e Bruno Fernandes (que rendeu Wendel aos 67') pouco adiantaram. O médio ofensivo revelou-se até desastrado na marcação de cantos: nem parece o mesmo da época passada. Ressalvo apenas as exibições de Wendel, pelo golo marcado, e Diaby, mais inconformado e menos passivo do que os seus colegas. É muito pouco. Compreendi, por isso, o coro de assobios aos jogadores e à equipa técnica no final do jogo.
Não por acaso, o estádio esteve quase vazio. Ora bolas: assim não vale a pena ir a Alvalade.