Quente & frio
Gostei muito de ver Gelson Martins, já recuperado, de regresso ao onze titular do Sporting. Não está ainda a cem por cento, mas foi o elemento leonino que mais acelerou o nosso jogo e lhe deu profundidade, actuando desta vez sobretudo no corredor central. Fez a diferença nos confrontos individuais, forçando o FCP a manter em guarda o seu núcleo defensivo em geral e Herrera em particular. Serviu muito bem Ristovski aos 40', na nossa melhor jogada da primeira parte: acabou por ser uma grande oportunidade de golo desperdiçada. Excelente cruzamento aos 87' que Doumbia não conseguiu aproveitar. Foi o nosso melhor em campo: ele não merecia esta derrota por 1-0 no estádio do Dragão - primeira volta da meia-final da Taça de Portugal.
Gostei, apesar de tudo, que esta derrota tangencial nos permita adiar para a segunda mão o desfecho da eliminatória. Continua perfeitamente ao nosso alcance a conquista da Taça - segundo troféu da temporada de futebol profissional 2017/18. Só dependemos de nós. Mas em Alvalade o FCP já deverá alinhar com Marcano, Danilo e Aboubakar, ausentes esta noite por lesão.
Gostei pouco da exibição de Doumbia, novamente titular por força da ausência de Bas Dost, ainda lesionado: o marfinense, em quem Jesus pouco tem apostado, está sem confiança e ainda se mostra desajustado na equipa, desperdiçando as poucas oportunidades de golo que os colegas lhe vão criando: tarda a ser o finalizador alternativo de que o Sporting necessita. Também Bruno Fernandes - hoje como médio de ligação no corredor central - esteve muito abaixo da prestação a que nos tem habituado, nem sequer fazendo a diferença nas bolas paradas.
Não gostei de ver William Carvalho afastado deste clássico, por aparente impedimento físico. Nem da ausência dos "reforços de Inverno" no nosso onze inicial: começa a ser altura de nos questionarmos para que foram contratados. É verdade que dois deles acabaram por saltar do banco: Rúben Ribeiro aos 74' e Montero aos 84'. Mas nenhum fez a diferença - muito longe disso. O ex-Rio Ave teve até uma arrepiante perda de bola à entrada da nossa grande área que quase originou golo do Porto. Também não gostei de ver Acuña expulso por acumulação de amarelos, à beira do fim: quando precisávamos de recuperar tempo, o argentino permaneceu em campo a protestar com o árbitro e os adversários, incapaz de perceber que estava a prejudicar a equipa.
Não gostei nada que tivéssemos disputado o terceiro jogo contra o FC Porto desta temporada sem conseguirmos marcar um só golo à equipa treinada por Sérgio Conceição: são 270 minutos em branco. Nem de ver o Sporting sofrer a segunda derrota da época em competições nacionais no curto intervalo de quatro dias. Espero que não seja uma tendência já a desenhar-se - coincidindo com o desnorte dos órgãos sociais leoninos, que anunciaram uma absurda pré-demissão em bloco a meio da época desportiva. Mas a verdade é que esta equipa tem vindo a decrescer de rendimento, a exibir preocupantes desequilíbrios e a acusar desgaste físico e psicológico.