Quente & frio
Parceria Quenda-Gyökeres está a funcionar: três golos em dois jogos seguidos
Gostei muito de Quenda, para mim o melhor de ontem, na meia-final da Taça da Liga contra o FC Porto que disputámos em Leiria. Confirma-se a sua vocação para estar no sítio certo à hora certa, e a sua colaboração bem-sucedida com Gyökeres. Ontem fez a terceira assistência em dois jogos consecutivos para o internacional sueco, no golo que nos valeu o acesso à final desta prova - a primeira final da carreira de Rui Borges. Aos 41' já tinha sido ele a municiar o ponta-de-lança para um forte remate cruzado que passou quase a roçar o poste esquerdo da baliza portista. E ainda foi dele um disparo fulminante que forçou Cláudio Ramos à defesa da noite, aos 45'+1. Sem a intervenção do guarda-redes portista teríamos saído para o intervalo já a vencer 1-0 - que acabou por ser o resultado final. Também gostei muito de ver Viktor manter a impressionante regularidade como artilheiro: foi dele o golo da vitória, aos 56', concluindo da melhor maneira um bom lance colectivo do Sporting. Quarto golo dele nestes escassos dias já decorridos de 2025 e o 31.º da temporada em curso. Um craque.
Gostei dos desempenhos de Fresneda (surpreendente escolha de Rui Borges como lateral direito no onze titular) e Maxi Araújo (primeiro como médio-ala e a partir do minuto 14 adaptado a lateral esquerdo). Fizeram ambos as melhores exibições que lhes vi de leão ao peito. O espanhol, que estará de saída, valorizou-se contra o FCP: adaptou-se muito bem à defesa a quatro, enfrentando com êxito Mora e Galeno, tendo também participado no processo ofensivo, com passes a queimar linhas - notável uma abertura para Gyökeres aos 45'. O uruguaio opôs-se sem temor a Martim Fernandes e envolveu-se bem na dinâmica colectiva, mesmo quando foi forçado a recuar devido à lesão de Matheus Reis. É de elementar justiça realçar também a actuação de Morita: enquanto teve fôlego (saiu aos 70') funcionou como pivô do meio-campo, acorrendo às dobras nos corredores laterais e colocando a bola sempre com precisão, rigor táctico e notável visão de jogo. É dele a recuperação que inicia o golo leonino.
Gostei pouco de ver alguns adeptos ainda cépticos quanto ao mérito de Rui Borges. Em três jogos, dois deles clássicos, levou de vencida Benfica e FC Porto: dificilmente haveria teste mais difícil para um novo treinador. E ainda foi empatar a Guimarães, onde tínhamos perdido no campeonato anterior. Tem um discurso sereno, pausado e claro. Atribui sempre o mérito aos jogadores, como compete a um técnico inteligente. Recuperou a alegria de jogar da equipa, que andou mais de um mês em parte incerta. Impôs a sua ideia de jogo, diferente da que vigorava com Ruben Amorim, e está a conseguir pô-la em prática com sucesso. Isso ficou bem visível na superioridade do Sporting em campo contra o FCP: mesmo quando concedemos a iniciativa ao adversário, tivemos a partida sempre controlada, nunca nos desorganizámos.
Não gostei da fraca réplica do FC Porto, num dos desempenhos mais fracos da temporada. Nenhum dos seus jogadores fez a diferença excepto Cláudio Ramos naquela defesa impossível ao tiro de Quenda, mesmo ao terminar a primeira parte. Em contrapartida, Israel quase não se viu forçado a intervir: a primeira defesa digna desse nome do nosso guarda-redes ocorreu só aos 90'+1, parando um remate rasteiro, sem grande perigo. No duelo dos goleadores, Gyökeres impôs-se a Samu: o avançado espanhol, sempre bem vigiado por Diomande, só apareceu no jogo para um remate que passou muito por cima da nossa baliza. Não por acaso, esta foi a segunda derrota consecutiva da turma ainda orientada por Vítor Bruno frente ao Sporting na temporada 2024/2025: há nove anos que não acontecia. E a quarta derrota que impusemos aos portistas noutras tantas meias-finais da Taça da Liga: costumam ter pouca sorte contra nós.
Não gostei nada da inesperada lesão muscular de Matheus Reis, que ficou impossibilitado de jogar logo aos 13', saindo no minuto seguinte. Outra baixa numa equipa que tem sofrido várias - incluindo algumas de longa duração, como as de Nuno Santos, Pedro Gonçalves e Daniel Bragança. Também Morita já esteve de baixa clínica e ainda não recuperou a cem por cento. Felizmente Gonçalo Inácio está de volta: ontem voltou a sentar-se no banco, podendo calçar na final de sábado - contra o Benfica ou o Braga, que irão defrontar-se esta noite. Enquanto começa a ser preocupante a condição física de Trincão e Morten, muito apagados nesta meia-final: já acusam notório cansaço por serem dois dos mais utilizados desde o início da época.