Quem quer ser milionário?
Cá estamos quase a entrar na pior fase da época. Acabam-se os jogos semanais e centram-se as atenções no que mais houver. Vão ser compras, vendas, empréstimos, enfim um ror de acções que apenas vão ser semi-interrompidas por uns quantos jogos da selecção em terras de Vera Cruz.
A crer nos nossos diários desportivos é bem possível que fiquemos apenas com um ou dois jogadores no plantel principal. Mais do mesmo afinal. Vamos ter ofertas mirabolantes dos novos tubarões financeiros que por acaso também são proprietários de clubes de futebol. A UEFA irá mostrar espanto e repulsa por tão grandes cifras despendidas por alguns magnatas, mas no fim estende placidamente a mão e aguarda pelo seu imenso retorno financeiro.
Os clubes aferroam-se a fundos que lhes dão garantia de ilusão de grande liquidez e força negocial. Caminha assim o futebol, os clubes, para o ocaso. São empresas cotadas, que respondem não com resultados desportivos mas sim com balancetes positivos, cash-flow aceitável e mais uma quantidade de expressões, todas elas indecifráveis num campo da bola.
Ao mesmo tempo iremos assistir a golpadas, avanços e recuos em “negociações de passes”, recusas em aceitar condições impostas, declarações intempestivas nos jornais e rádios e por fim acordos selados com fotos de cortesia e desejos de tudo de bom, amigos para sempre. Os nossos diários desportivos encavalitam-se no tempo para serem os primeiros a dar a boa (ou má) nova. Vamos ouvir falar de negócios da china ou das arábias. E também da Rússia o novo-rico entretanto chegado.
Como sempre, este ano mais ainda, do outro lado da 2ª Circular irá nascer uma equipa que ofuscará a mais cintilante constelação. Lá para cima assistiremos a uma prolongada noite de facas longas, sem sabermos ainda quem será o novo capataz.
As ratazanas têm neste período o seu eldorado. Estarão a esfregar as mãos à espreita de qualquer sinal, ténue que seja. Aligeiram listas de entradas e saídas e agora alguns até já sabem trabalhar em excel, fazem as suas tabelas dinâmicas e mudando um campo ou outro, adequam o resultado às calinadas escritas.
Entretanto nos campos a bola irá correr, os balancetes para aqui não são chamados e pouco contam. São onze de um lado que correm, fintam, chutam, centram, cabeceiam e conseguindo, marcam golo.