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És a nossa Fé!

Que plantel vamos ter esta época?

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Já comecei este post há tanto tempo que algumas frases já foram por mim utilizadas no blogue entretanto, mas repito-as aqui em benefício da ideia que vou tentar expressar:

Parece que ainda foi ontem que Rúben Amorim chegou ao Sporting, numa aposta de altíssimo risco do presidente Frederico Varandas, com direito a uma manifestação à porta do estádio a "saudar" a sua vinda e com um dos ambientes mais crispados de que me lembro nas bancadas de Alvalade. 

E no entanto entrámos já na 4.ª época de Rúben Amorim como treinador do nosso clube, depois dum errático Silas e dum menosprezado Keizer, a segunda após ter sido campeão nacional, coisa de que nem Bölöni, nem Inácio, nem Malcolm Allison, nem Fernando Mendes, nem Mário Lino se puderam orgulhar. O Sporting realmente tem sido um clube marcado pela ingratidão e demonstrado uma enorme dificuldade de conviver com o próprio sucesso.

Com um título de campeão nacional, duas taças da Liga, uma Supertaça e uma passagem aos oitavos de final da Champions, e mesmo no contexto duma competição interna viciada pelo poder mafioso do norte, Rúben Amorim já ganhou mais do que qualquer outro treinador desde que comecei a frequentar as bancadas de Alvalade, e só mesmo algum ignorante ou ressabiado poderá dizer que ele não reúne condições para ganhar bastante mais.

E ganhou com um modelo de jogo assente no 3-4-3 que implantou desde o dia que chegou e do qual não abdica, e um plantel assente em princípios bem definidos, como sejam a liderança de balneário, o compromisso e a atitude em campo e fora dele, a força da juventude, a ligação à formação, mas ganhou também na potenciação da qualidade individual e colectiva dos jogadores. 

 

A época não começou da melhor forma. As lesões em elementos chave sucederam-se, são já duas derrotas e um empate em cinco jogos na Liga, o melhor médio - Matheus Nunes - saiu entretanto por uma oferta irrecusável dum clube inglês, o mercado fechou sem reforços dignos desse nome, e vamos entrar na Champions num grupo muito equilibrado e que nos pode pôr facilmente fora das competições europeias na segunda metade da época.

Tempo para fazer uma análise sucinta do nosso plantel, sempre tentando ir de encontro às ideias de Rúben Amorim e nunca tentando encontrar aquilo que ele não pretende. Porque antes de comentar o plantel teria de comentar o treinador e talvez sugerir um Jorge Jesus qualquer para pôr a equipa a jogar o triplo, pelo menos quando o vento não sopra mais forte e a chuva não resolve cair.

 

Então é assim:

Sempre ouvi dizer que a receita para um bom plantel é assegurar dois jogadores de valor idêntico por posição, complementando depois com "jokers" (jogadores que podem ser tremendamente importantes em momentos específicos) e estagiários. Dificilmente algum jogador será totalista durante a temporada, as lesões e os castigos irão forçosamente aparecer, as baixas de rendimento também, então importa que quem entre consiga igualar ou suplantar quem sai, mesmo no próprio jogo essa questão se coloca. 

Por outro lado importa que o plantel esteja bem distribuido do ponto de vista físico, com o peso e a altura a serem determinantes em certas posições, de forma a poder dispor duma forte presença física nas duas áreas de rigor.

 

Vou então analisar o plantel desse ponto de vista:

Guarda-Redes - Antonio Adán (35, 1,90m, 2,5M€) / Franco Israel (22, 1,90m, 1M€) e... André Paulo (25, 1,88m, 0,1M€), Diego Callai (18, 1,90m, -M€) 

Se é senso comum que um guarda-redes está lá é para defender, no modelo de Amorim tem de fazer algo mais, desde logo coordenar o processo de sair a jogar, sabendo onde e quando colocar a bola perto ou longe. Nem todos conseguem.

Se primeiro pensava que enquanto existisse Adán estávamos bem, depois lesionou-se e surgiu um Israel a dar óptimas indicações, depois ele regressou... muito mal, e agora já nem dá para perceber se o problema é o Adán como titular ou o Israel como suplente. 

André Paulo completa o trio base e assegura que Callai tem tempo para crescer e amadurecer jogando pela equipa B.

 

Defesas  - St Juste (25, 1,86m, 16M€) / Luís Neto (34, 1,85m, 2M€) / Sebastián Coates (31, 1,96m, 8M€) / Gonçalo Inácio (20, 1,86m, 23M€) / Matheus Reis (26, 1,83m, 4M€)...  Marsà (20, 1,85m, 0,3M€), Alcantar (19, 1,91m, -M€)

No modelo de Amorim, existe uma "troika" de defesas em linha que além das tarefas óbvias tem como linhas de orientação o controlo da profundidade a defender provocando o fora de jogo contrário e a atracção dos avançados contrários à pressão na construção libertando espaço livre no meio-campo contrário onde o processo ofensivo se pode iniciar.

Se é verdade que quaisquer 3 destes 5 jogadores nucleares podem constituir a tal "troika" , também o é que o lugar de comando está no meio, e esse é o lugar de Coates. Já por lá passaram outros, como Gonçalo Inácio e até Marsà, mas não é a mesma coisa, talvez fizesse sentido contratar mais um central com essas características e que pudesse actuar também como trinco. 

Pelo menos era isso que pensava até ver na B um Marsà muito mais assertivo relativamente ao que era na época passada e um Alcantar com uns pezinhos de encantar. Sendo assim, parece-me que não será por aqui que teremos problemas, desde que os mais velhos, Coates e Neto, estejam ao melhor nível.

St. Juste já se percebeu que se encaixa como uma luva na ideia de jogo de Amorim, precisará apenas de confiança a nível físico depois de muito tempo para estar no seu melhor.

 

Alas Direitos - Pedro Porro (22, 1,76m, 25M€) / Ricardo Esgaio (29, 1,73m, 5M€) 

Os alas são os corredores de fundo do modelo Amorim, descendo para cobrir o flanco, posicionando-se bem colados à linha para terem espaço e tempo para embalar e tabelar e cruzar. Por isso mesmo raramente o Sporting começa e acaba o jogo com os alas com que começou.

Aqui diria que poderíamos ter uma ala direita de luxo se não fosse a apetência de Porro pelas lesões e a dificuldade que Esgaio demonstra, talvez por não ter a continuidade de utilização necessária, de voltar ao nível que atingiu no Braga. Porro em forma é uma coisa, trata-se dum potencial titular da selecção espanhola, o resto é o resto.

 

Alas Esquerdos - Matheus Reis (26, 1,83m, 4M€) / Nuno Santos (26, 1,76m, 7M€) e...  Nazinho (18, 1,80m, 0,5M€)

Depois do sucesso de Nuno Mendes e do fracasso de Rúben Vinagre, quer Matheus Reis quer Nuno Santos podem assegurar o lugar, com um a defender melhor e o outro a atacar melhor, dependerá do adversário jogar um ou outro. Mas curiosamente os dois combinam muito bem, e com Matheus Reis na defesa e Nuno Santos na ala existem movimentos e trocas de posição interessantes que desequilibram os adversários.

Quanto aos "estagiários", Fatawu parece não ser aposta de Amorim para o lugar e percebe-se porquê: ele quer mesmo é entrar e partir aquilo tudo Resta Nazinho, que também vi pela B muito concentrado na posição, no fundo bastante mais jogador do que era na época passada.

 

Médios Centro - Ugarte (20, 1,82m, 8,5M€) / Sotiris Alexandropoulos (20, 1,86m, 3M€) / Daniel Bragança (22, 1,69m, 8M€) / Morita (27, 1,77m, 4M€) / Pedro Gonçalves (24, 1,73m, 30M€) e... Essugo (17,1,87m, 2M€), Mateus Fernandes (18, 1,78m, -€)

No modelo de Amorim os dois médios centros têm uma tarefa deveras exigente, estando quase sempre em desvantagem numérica na zona de terreno onde actuam. Têm como grandes preocupações desarmar sem falta o mais à frente possível, a progressão pelo centro com a bola dominada e a variação oportuna de flanco, solicitando o ala respectivo. Normalmente um deles é mais posicional, sendo o tal "6", outro mais projectado no terreno, o tal "8", mas podendo trocar de papéis durante o jogo caso as características de cada um o permitam.

Daniel Bragança, com toda a pena da nação Sportinguista, deve ter perdido a época, poderá até jogar aqui e ali, mas tem é de recuperar fisica e psicologicamente para a próxima.

Sotiris parece ser mais um projecto de jogador que um jogador feito como era Matheus Nunes. Pedro Gonçalves a médio é um desperdício. Os dois miúdos estão por demais "verdes", ficam Ugarte e Morita a aguentar o sector para toda uma época. Com isso, e com Ugarte a ver um amarelo por jogo, os problemas estão garantidos.

 

Interiores - Pedro Gonçalves (24, 1,73m, 30M€) / Trincão (22, 1,84m, 20M€) / Rochinha (27, 1,69m, 3M€) / Marcus Edwards (23, 1,68m, 13M€) / Arthur Gomes (24, 1,74m, 1,5M€) /Jovane (24,1,74m, 5,5M€)... Fatawu (18, 1,77m, 0,3M€)

O plano básico de ataque de Amorim lembra o andebol. Dois alas projectados (pontas), dois interiores (laterais) e um ponta de lança (pivot), em que o ponta de lança arrasta os defesas e cria condições para os interiores rematarem ao golo. Assim, os interiores são avançados a jogar de pé contrário ocupando posições interiores para ter facilidade de inflectir para o centro e rematar. E são eles que mais golos marcam, qualquer que seja o ponta de lança de serviço. Na primeira época foi Pedro Gonçalves, na segunda Sarabia, nesta já estão o mesmo Pedro Gonçalves e Edwards à frente da lista dos melhores marcadores do Sporting. E agora, na lesão de Paulinho, Amorim colocou em prática o plano B, sem pivot, com um tridente ofensivo de interiores em permanente troca de posições.

Então estamos a falar basicamente de sete jogadores para duas ou três posições, já sem falar em Nuno Santos. Poderá parecer um exagero, mas é preciso recordar que em cada jogo cinco ou seis destes entram em campo, é talvez a posição mais desgastante, pelo que o número não se pode considerar exagerado, especialmente quando são jogadores de características bem diferentes uns dos outros, como é o caso.

 

Pontas de lança - Paulinho (29, 1,87m, 13M€) e... Chermiti (17, 1,90m, 1M€), Rodrigo Ribeiro (17, 1,85m, 1M€)

No modelo de Amorim o ponta de lança tem de ser o tal "canivete suíço". Além de ter movimentos de ataque à bola de ponta de lança e do servço de arrasto para os interiores, tem de ser o primeiro defensor, recuando no terreno e impedindo a circulação da bola pelo trinco contrário. E ainda servir de referência no possível passe longo vindo do guarda-redes. Enfim, será tudo menos um Jardel.

Muitos jogadores Amorim já testou na posição sem sucesso, como Sporar, Jovane e Tiago Tomás. Por isso o veio Paulinho e o melhor futebol do Sporting na época passada foi com ele a fazer bem a função. Rodrigo Ribeiro está a aprender a função, mas... tem 17 anos.

Mas há jogos e momentos em que esta ideia de ponta de lança não é a mais adequada. É preciso alguém mais massacrante para os defesas e mortífero frente à baliza, forte no jogo aéreo para ser uma referência fácil para os centros dos alas e Paulinho decididamente não tem essas características, como tinha Slimani, por exemplo, ou como poderá vir a ter Chermiti. Quanto a Rodrigo, ainda não tenho ideia definida sobre o rapaz, talvez nem ele próprio saiba ainda onde poderá render mais de acordo com as suas características. Mas ponta de lança clássico não me parece.

 

Concluindo:

Na época passada, por esta altura, tínhamos perdido um titular importante, João Mário, ninguém sabia quem era Sarabia, Nuno Mendes já tinha ido também, Matheus Nunes pouco tinha jogado na época anterior, Bragança vinha duma exibição péssima na Luz, Ugarte era uma incógnita, Matheus Reis parecia uma barata tonta, Jovane e Tiago Tomás entraram muito mal na temporada. Depois foi o que se viu, o bom e o mau.

 

E agora? 

Sem Palhinha e Slimani, começa por ser um plantel com deficit acentuado de peso e altura no eixo central, pelo menos no que aos titulares diz respeito. Porque quando olhamos aos mais novos, Marsà, Alcantar, Sotiris, Essugo, Chermiti, Rodrigo Ribeiro, pelo menos essa altura está assegurada.

Depois porque depende muitissimo de alguns jogadores muito experientes que obrigatoriamente acusam o peso dos anos, como Adán e Coates, mesmo Neto e Esgaio noutro patamar, não estão a ser o que já foram.

Além disso parece existir muita qualidade mas falta a tal qualidade-extra do meio campo para a frente, um ponta de lança que só por si resolva jogos, um comandante no meio-campo. Aquilo que transforma uma boa equipa numa grande equipa, aquilo que faz a diferença.

 

Podia a equipa ter-se reforçado com esse tipo de jogadores no mercado que agora findou? Podia.

E porque não fez isso? 

Vendo de longe, e aguardando o momento de saber mais, não foi de todo pela vontade de Rúben Amorim, valores mais altos se levantaram e que como sócios temos de respeitar porque ter ao mesmo tempo sol na eira e chuva no nabal é coisa que apenas existe na mente dalguns pobres de espírito.

SL

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