Quarto com vista para o terceiro
Resulta evidente para mim que no próximo ano vamos lutar com o Braga pelo quarto lugar.
E não vai ser nada fácil. Braga tem ambiente mais calmo, mais estrutura, é um clube empoderado por vir a crescer e a morder os calcanhares ao terceiro grande, tem bom plantel, tem um futebol físico, paga salários muitos mais baixos, não tem a imprensa e as redes 24 horas por dia em cima, tem boas individualidades que “resolvem” e terá um treinador com ideia de jogo e conhecedor do futebol português.
Ruben Amorim parte bastantes degraus abaixo em experiência, calo, quantidade e qualidade de jogadores, organização e quantidade de pressão (no Sporting é cem mil vezes maior que no Braga, um clube sem adeptos). Além disso, as nossas Finanças coiso.
A perspetiva para a próxima época é, pois, aterradora. Doidos a fingir que somos um grande, e com o Braga sempre a soltar o bafo para cima de nós, temos é de ter cuidado com Rio Ave, Guimarães e talvez outro clube “sensação”. Até podemos ficar em quinto, digo eu.
É culpa do Varandas? Não acho. Nem acho culpa do Bruno ou sequer do Godinho. Enfim, é obviamente culpa de todos um bocadinho, mas não acho que seja culpa de ninguém especificamente. Há décadas que estamos numa trajetória descendente e a ganhar velocidade para aterrar de vez numa espécie de limbo entre o pódium e os chatos que disputam connosco o apuramento para a Liga Europa.
A solução? Sorte. Só isto, sorte. E fazer por isso, como é evidente.
Claro que precisamos de ter bons jogadores, boa equipa, boa estrutura, essas coisas, mas no nosso caso precisamos de lutar por ter sorte. Como preparamos mal a época, ficamos sem o Luiz Phellype por lesão e ficamos tão descalços que meter um golo que fosse se tornou um acontecimento. O Braga, por exemplo, sendo competente, acabou por ter sorte no último minuto com aquele pezinho que meteu o Vinícius em jogo e deu a vitória ao Benfica.
Embora possa dar essa ideia, não estou a desconversar nem com mensagens enigmáticas. Apenas a dizer que precisamos de admitir que nos falta a sorte e estarmos preparados para a reconhecer - um dia que esta apareça.