Pós-Palhinha (e pré-pós-Coates) - uma defesa à espera de melhores dias
Sendo ainda relativamente cedo para balanços da época, os três golos ontem sofridos contra o Casa Pia (4-3) mostram bem aquele que tem sido o grande problema da equipa esta época - uma defesa menos competente. É certo que Ruben Amorim optou por deixar no banco um titularíssimo (Gonçalo Inácio) e um habitual (St. Juste), mas isso não justifica por si só a facilidade (displicência, mesmo) com que o SCP encaixa 3 golos - sobretudo estando lá o mais titular dos centrais, Coates.
Com os 3 golos encaixados ontem, o SCP 2022-2023 tem em média quase um golo sofrido por jogo. E, a 7 jornadas do fim, tem mais 3 golos sofridos do que em toda a última época. Caso se mantenha esta média até final da temporada, estará praticamente ao nível de 2019-2020, uma das piores épocas da história do clube.
Na época do título, este quadro acima mostra bem, a defesa foi fundamental. Apenas 20 golos sofridos em 34 jogos (sem recorrer a calculadora, deve dar uma média de 0,58 golos por jogo). Uma única derrota em todo o campeonato. Na época passada, a defesa manteve a qualidade, mas as derrotas passaram a 3 (incluindo uma no Dragão, com uma expulsão absurda de Coates que nunca esqueceremos e que, feitas as contas, dá a vitória - e o título - ao FCP).
Com uma equipa rotinada, com processos consolidados e sem grandes alterações ao plantel, o que terá mudado das duas últimas épocas para esta, que nos leva a sofrer tantos golos? Na minha opinião, duas coisas.
Primeiro, a falta de Palhinha - um jogador único que funcionava como uma espécie de central à solta em todo o campo, ganhando bolas atrás de bolas (pelo ar, pelo chão...) e destruindo jogo adversário antes de chegar à nossa defesa. Será sempre, para mim, o jogador mais importante das duas últimas épocas. Ugarte é um bom recuperador de bolas - e um grande jogador - mas João Palhinha é um dos melhores jogadores do mundo nesse aspecto, combinando força física, inteligência e intensidade.
Segundo, Coates. Ele que foi decisivo nas duas últimas épocas - magistral na época do título, com sete golos marcados que terão rendido dezenas de pontos - está este ano em clara perda de rendimento. O que é normal num jogador de 32 anos. Os números demonstram-no - apenas 2 golos marcados - mas as grandes exibições também começam a escassear. Ontem terá sido dos piores jogos que já o vi fazer pelo SCP.
Estamos claramente numa fase de transição na defesa, em que Coates perde importância e Luís Neto, outro jogador importante no título de há duas épocas, se prepara para arrumar as chuteiras. As boas notícias são duas: Amorim está ciente disso e as contratações de Diomande e St. Juste prometem. Há muitos jovens defesas com potencial no plantel, outros a rodar (Quaresma, campeão nacional) e a equipa B está recheada de talentos que rapidamente darão o salto (Muniz parece-me o caso mais óbvio nesta fase).
Palhinha, repito, é insubstituível. Mas temos um jovem com características semelhantes que dentro de 2 anos acredito que estará ao seu nível - Dário Essugo. Caso Ugarte saia no final da época, deve ser aposta.
PS - Vi o 3o jogo do SLB esta época, contra o FCP(1-2). Havia visto outro jogo em que o SLB foi vulgarizado (contra o Braga, 0-3) e contra o SCP (2-2). Pertenço portanto a um grupo de pessoas restrito que não viu o SLB ganhar uma única vez esta época e assistiu a uma equipa vulgaríssima. Admito que só saiba da "missa" metade. Mas também admito que haja a habitual "missa" de adversários "acólitos" dóceis, árbitros simpáticos e jornais a fazer "coro" das maravilhas do treinador e de um jogador que vieram roubar ao SCP e marca os (muitos) penáltis ganhos. Posso estar a ser injusto, mas tendo visto os 3 jogos que vi, espanta-me que o SLB esteja em 1o.