Ponham os olhos no Lask Linz
Lask Linz.
Nunca tinha ouvido falar de tal equipa. Calculo que a maioria dos leitores d´És a Nossa Fé também não.
Absolutamente risível, com aquele equipamento cor-de-rosa. Um clube que é uma nulidade de títulos: https://www.transfermarkt.co.uk/lask-linz/erfolge/verein/413
Li algures que o Lask esteve para fechar há poucos anos.
E que banho de bola nos deram, ontem, em nossa casa, perante 31 mil espectadores.
Equipa compacta, organizada, subida, atacante. Fisicamente forte, concentrada, a disputar cada lance com agressividade. Rapidamente capaz de colocar quatro ou cinco jogadores na área adversária. Numa das últimas jogadas da partida, contei oito jogadores na nossa área (talvez até demais, porque é um camisola rosa a bloquear o remate do companheiro de equipa). Sem grandes individualidades, mas com um colectivo fortíssimo, destemida a jogar em casa do adversário.
Parabéns ao Lask Linz e ao seu jovem treinador, Valerien Ismael, pelo excelente futebol que trouxeram ontem a Alvalade.
Não sei qual é o orçamento do clube, mas calculo que nem a metade do nosso chegue. Os vencimentos dos jogadores também devem ser ao nível de um Braga ou abaixo disso.
Vice-campeões austríacos. Um campeonato que há alguns anos era insignificante e hoje produz um campeão (Red Bull Salzburg) que bate o pé ao Liverpool (fora) na Champions (3-4).
E o que é que podemos levar (além dos três pontos) do banho de bola que o Lask deu ontem em Alvalade?
Primeiro, que os jogos não se ganham pelas camisolas. O Sporting pode estar cheio de títulos nacionais (o Lask tem um campeonato na Áustria...) e ter um título europeu (mais recentemente, finalista), mas não é uma equipa de nível europeu, neste momento. O nosso Sporting tem um grande passado, mas, sejamos honestos, é uma fraca equipa no presente. E hoje, a Liga Europa está cheia de equipas austríacas, suíças ou de países de Leste muito competitivas, para aquilo que é o padrão da Liga portuguesa.
Segundo, que podemos ter boas unidades individuais (Bruno Fernandes, Acuña), mas o nosso colectivo é, neste momento, zero ou próximo disso. Será possível construir uma defesa competitiva com Mathieu e Coates? Cada vez menos acredito. Um ataque com Luiz Phellype e Bolasie? São remendos.
Terceiro, a componente física. Ontem fomos mais lentos, mais fracos, mais trapalhões do que o vice-campeão da Áustria. E de uma maneira assustadora.
Quarto, os adeptos. Os nossos assobiavam (Wendel, ao ser substituído....). Os do Lask, mesmo a perder, puxavam pela equipa.
Quinto, o futebol joga-se dentro do campo. Nós, em Portugal - e no Sporting se calhar mais até do que noutros clubes - perdemos dias, horas, semanas a falar mal do presidente, da SAD, do diabo a quatro. Queremos destituição, queremos eleições, etc e tal. Política e mais política. E depois perdemos pouco tempo a pensar em questões mais práticas, que têm a ver com o rendimento da equipa.
Finalmente, há algo de que pouco se tem falado, mas talvez seja a principal explicação para a queda a pique de uma equipa que ainda há dois anos estava a bater o pé ao Real Madrid no Bernabéu: não o treinador, mas os "managers" da equipa. Beto é e será sempre uma das minhas referências no Sporting. Hugo Viana merece o meu apreço. Mas será que estão nas funções certas? Não seria melhor contratar um team manager de excelência, com experiência em clubes de topo, para trabalhar com o treinador na (re)construção (URGENTE!) do nosso paupérrimo plantel? Começar já a subir jovens com alto potencial (Nuno Mendes, João Silva, Quaresma, Tomás Silva, Pedro Mendes, etc etc) para a equipa principal?
E, já agora, não seria melhor investido num grande team manager o dinheiro gasto em aumentos para a direcção?
PS - Bela homenagem ao grande Jordão, ontem. Que recupere rápido e suba em breve ao relvado que será sempre dele, para mais uma merecida ovação.
PS2 - Já desistimos de cantar "O Mundo Sabe Que"?