Poker de ases ou poker de duques?
Foi seguramente a pior conferência de imprensa de Rúben Amorim ao serviço do Sporting. Irritado, frustrado, assumindo o fracasso, trazendo para a conversa nomes que nada têm a ver com o assunto e sugerindo um divórcio que não faz o menor sentido.
Caso o quarto lugar se confirme, o Sporting ficará fora da Champions da próxima época, o que vai ter custos directos e indirectos elevados. Falhará assim aquele que considero ser o principal objectivo de qualquer época. Um passo atrás na construção duma grande equipa.
Mas não é a primeira vez na história do Sporting que isso acontece. Nos últimos dez anos, apenas em cinco estivemos presentes.
Desde o início da época temos aqui alertado para situações e decisões do próprio Amorim que nada auguravam de bom: um plantel curto e desequilibrado, falho de altura e peso no eixo central, uma ideia de ataque móvel condenada ao fracasso pela forma como jogam as equipas pequenas em Portugal, uma equipa B a funcionar num modelo de jogo diferente da A e sem plantel fixo. Mas não podíamos adivinhar que os pilares da equipa cedessem como cederam. E com os pilares a ceder, a ponte não se aguenta.
Adán, Coates, Esgaio, Paulinho (e podia acrescentar Neto), os pilares do plantel, pela idade, experiência, peso no balneário, não conseguiram render o seu melhor. Ainda agora, nesta eliminatória, Adán oferece o golo fora, Coates falha dois golos feitos ao cair do pano, Esgaio isolado remata para a bancada e Paulinho estava mais uma vez lesionado. Talvez existam questões na sua vida privada ou no seu estado físico que ignoramos, só conhecemos as viagens intercontinentais de Coates ao serviço da sua selecção.
O maior problema do Sporting actual não é a falta dum Fran Navarro qualquer. É a falta do melhor rendimento deste quarteto.
Poderão dizer que o problema é de solução bem simples. Sentar os quatro no banco e alinhar com Israel, Inácio, Arthur e Chermiti nos seus lugares. Mas a diferença entre o melhor de uns e o de outros é enorme.
Esteve mal Amorim na gestão desta situação? O que poderia fazer de diferente senão insistir na confiança nestes quatro jogadores a quem devemos muito, que sentem o clube e deixam tudo em campo?
SL