Parabéns, Bruno
Venho dar-te os meus calorosos parabéns, meu caro Bruno. Felicitando-te pelo teu jogo de ontem. Foste a figura do decisivo desafio que acaba de nos colocar na rota do Campeonato do Mundo - e bem mereces esta distinção. Vencemos por 2-0 a briosa Macedónia do Norte que havia derrotado a Alemanha e eliminado a Italia, campeã da Europa.
Os dois golos da partida foram marcados por ti.
Espero que tenham servido para calar de vez os teus detractores. Aqueles que insistem em dizer que não deves ser titular da selecção nacional. Que não rendes, que não corres, que não brilhas, que não marcas.
São os do costume: aqueles que estão sempre prontos a denegrir os compatriotas que se destacam da mediania, alvejando-os com estas balas letais que são as palavras. Dando assim razão a uma escritora francesa contemporânea que nos alerta: «A liberdade de odiar jamais esteve tão descontrolada nas redes sociais, mas a liberdade de falar e de pensar nunca esteve tão vigiada na vida real.»
Por vezes até parece que precisamos de pedir licença para elogiar os nossos. Para enaltecer aqueles que demonstram estar à altura dos melhores futebolistas do globo.
Não por acaso, a tua saída do Sporting para o Manchester United constituiu a maior receita de sempre em Alvalade.
Não por acaso, tens brilhado na Premier League. Confirmando esta triste realidade: é sempre mais fácil um português suscitar aplauso entre os estrangeiros do que entre os próprios compatriotas.
Pergunta ao Cristiano Ronaldo, que ontem esteve a ser alvejado durante largos minutos por vários comentadores na TV. Coitado, ele cometeu o pecado de não ter assinado qualquer golo contra a Macedónia. Apenas te ofereceu de bandeja o primeiro, que tão bem marcaste.
Se alguém merece estar no Mundial és tu, meu caro Bruno Fernandes.
Confesso-te que vibrei ainda mais com esta qualificação de Portugal - a sexta consecutiva, não falhámos uma presença numa fase final do certame máximo do futebol neste século XXI - por teres sido tu a figura do jogo. E ver-te ovacionado por 48 mil espectadores no Dragão, incluindo por gente que ali certamente te assobiou noutros tempos, quando lá jogaste vestido de verde e branco.
Aquele teu segundo golo, que aos 65' confirmou a nossa presença no Catar fazendo levantar o estádio, é um excelente emblema desta modalidade que continua a apaixonar o mundo. Previste a manobra do Jota, que te serviu a partir da esquerda com um magnífico passe longo, correste para o local exacto onde a bola ia cair e nem a deixaste pousar: trataste logo de disparar a bomba com o teu pé-canhão.
Um dos primeiros a felicitar-te, aposto, foi o teu amigo Stefan Ristovski. Ontem, por uma vez, eram adversários. Mas ele até colaborou naquela perda de bola aos 32' que permitiu um rapidíssimo contra-ataque português - e o teu primeiro golo, em parceria com o Ronaldo. Confirmando que o valor supremo do futebol é demonstrar à sociedade que o todo consegue ser maior do que a soma das partes.
Desporto colectivo, como antes se dizia, quando os comentadores usavam uma linguagem simples e clara.
Se alguém percebe disso, és tu.
Deixa os imbecis ganir.
Deixa os invejosos destilar fel anónimo nas redes ditas sociais.
Não dês importância àqueles que se dizem sportinguistas mas ainda te insultam quando já comprovaste ser mais Leão do que qualquer deles.
Tu vais ao Mundial - supremo patamar na carreira de um futebolista. Enquanto eles ficam, cada vez mais afundados no sofá.