Para que serve a Taça Lucílio
Já aqui escrevi e repito: a Taça Lucílio Baptista não deve servir para mais nada, na perspectiva do Sporting, senão para observar, rodar e valorizar jogadores. E é isso que tem sido feito com sucesso nesta temporada. As promoções de Tobias Figueiredo, Tanaka e Ryan Gauld à equipa principal decorrem desta oportunidade, que merece ser realçada.
Tudo o resto é secundário atendendo à notória falta de prestígio de um troféu totalmente descredibilizado por arbitragens manifestamente incompetentes. O divórcio do público, que recusa comparecer nos estádios, confirma que esta prova só tem condições de subsistir se for alvo de profundas modificações.
Até lá, vamos fazendo observações.
E o que observei ontem, em Alvalade, frente ao Vitória de Setúbal?
Gostei a espaços de Wallyson, André Martins, Ricardo Esgaio, André Geraldes, Daniel Podence.
Gostei do regresso de Diego Rubio, outra opção para o nosso ataque.
Gostei que Gelson Martins tivesse nova oportunidade, sem dúvida merecida.
Em suma: bons desempenhos individuais, mas falta de coordenação de movimentos - algo natural atendendo ao facto de se tratar de uma equipa improvisada, sem rotinas competitivas. Mas também falta de capacidade física de alguns jogadores que estoiram ao fim de 45 minutos. E uma manifesta incapacidade de "resolver" o jogo com poucos passes. Nota-se a obsessão de transportar a bola em vez de a fazer rolar. Há sempre a necessidade de adornar o lance com duas ou três fintas perfeitamente escusadas que roubam energia e discernimento para a concentração naquilo que mais interessa: o remate com sucesso.
Ontem contabilizei seis oportunidades de golo não concretizadas:
16': Disparo bem direccionado de Miguel Lopes que o guarda-redes Lukas Raeder defendeu com dificuldade;
18': Grande remate de Tanaka, sem preparação, após centro de Esgaio para outra defesa aparatosa do guardião sadino;
19': Cabeceamento muito perigoso de Sarr após canto muito bem marcado por André Martins num período de sufoco para os setubalenses: outra grande defesa de Lukas;
34': Na marcação de um livre directo, André Martins envia a bola à barra;
50': Boa jogada individual de Esgaio, que remata a rasar o poste;
58': Esgaio novamente: desta vez a bola embate mesmo no poste após passe de André Martins.
Nenhuma equipa pode falhar tantas oportunidades. Este é uma tema que suscita certamente uma séria reflexão por parte da nossa equipa técnica, seja qual for o onze escolhido, seja em que competição for. Há que trabalhar muito nesta área porque quase todos os jogadores têm ainda uma larga margem de progressão.
É para isto, no fundo, que a Taça Lucílio serve. E para pouco mais.