Para que nunca se repita
Foi há dois anos. Um bando de jagunços, de focinho tapado, assaltava a Academia de Alcochete, partindo tudo quanto via à frente, destruindo parte das instalações, agredindo jogadores, membros da equipa técnica e funcionários do Sporting.
Entraram sem ninguém os deter e quando se fartaram de bater saíram tranquilos, sempre de fuça coberta. Como se fosse uma coisa normalíssima.
Isto quando faltavam cinco dias para a final da Taça de Portugal, entre o Sporting e o Aves. Sabemos o triste desfecho desta partida, que nunca devia ter-se jogado na ressaca imediata daquele assalto.
O País parou, incrédulo e vexado, a ver as tristes imagens que não tardaram a ser exibidas em televisões e redes sociais de todo o mundo.
Falando em nome próprio e dos seus colegas, Bas Dost viria a ser um dos primeiros a quebrar o silêncio. Declarando, ainda combalido: «Ficámos todos aterrorizados, aquilo foi uma ameaça real. Sinto-me completamente vazio, foi um drama para todos.»
A notícia destas agressões abalou todo o universo sportinguista e causou danos reputacionais quase irreparáveis ao emblema leonino. Nos dias imediatos já se falava nas rescisões unilaterais de contratos de grande parte da nossa equipa-base de futebol profissional, o que infelizmente acabou por suceder.
Alcochete deixou uma ferida aberta no Sporting. Uma ferida que ainda não cicatrizou por completo, tanto tempo depois.
Há que seguir em frente e construir o futuro. Mas sem esquecer o que aconteceu. Para que nunca se repita.