Para o ano há mais
Passou-me pela ideia que estavam a encenar uma espécie de justiça poética. Seria um corolário da inusitada época 13/14 do Sporting que ela terminasse como havia começado – a dar a volta a um resultado com uma goleada, contra uma equipa amarela.
Em vez disso saiu-se de Alvalade com a bizarra sensação que Leonardo Jardim se despedira deixando para trás uns enigmas, daqueles que aparecem nalguns romances cabalísticos que não sei se ainda estão na moda.
A primeira mensagem cifrada era para nos avisar que não devemos contar com Carrillo para nada: aqueles pezinhos de tonto não têm futuro. A segunda charada foi a ausência de William Carvalho na segunda parte – como quem diz: aprendam a jogar sem ele.
Tão bom foi o trabalho de Leonardo Jardim que todo o plantel se valorizou inesperadamente a ponto de estar na iminência de ser vendido à peça. De modo que poderemos imaginar a época que vem como o verdadeiro ano zero, que este afinal não foi.
Perante esta possibilidade o pessimista desanimará, crendo que 13/14 foi afinal uma época pírrica e antevendo os trabalhos de Sísifo, a carregar a pedra ao topo para que ela role até ao fundo. O optimista, pelo contrário, não esquece que o Sporting está ainda financeiramente convalescente e longe dos voos que os sócios se permitiram sonhar em face dos resultados obtidos.
Por isso, se houver que recomeçar tudo outra vez – seja. Mais vale mais um ano de esforço, dedicação e devoção, mas já com o futuro caucionado, do que começar com sonhos que podem redundar em pesadelos – outra vez.
Fora isto, bravo, rapazes. Obrigado, sobretudo, por depois do jogo terem dado a volta ao campo a agradecerem-nos – merecemos.