Para arrumar ideias
Foto: Carlos Vidigal Jr. / Global Imagens
No papel, as alterações introduzidas no plantel do Sporting foram previstas a tempo e horas.
Palhinha queria sair para o futebol inglês, onde já está a fazer boa carreira, com Marco Silva no Fulham. Teve oportunidade de passar o testemunho a Ugarte, novo titular da posição 6. Aliás alternaram ambos nesse lugar durante a época passada. Com elogios generalizados dos adeptos.
Até se escreveu aqui uma vez e outra, com evidente exagero, que o uruguaio era superior ao português.
Está registado.
Morita foi contratado em Junho para ser número 8, ou seja, para fazer o lugar de Matheus Nunes. Que nem estava a ter grande desempenho desde os elogios que escutou de Pep Guardiola e desejava rumar também à Premier League, onde hoje ganha um salário seis vezes superior ao do Sporting. «Já há muito tempo que queria vir para aqui», declarou o jogador, desfazendo qualquer dúvida, mal chegou ao Wolverhampton.
Feddal saiu, mas chegou St. Juste. A tempo de ganhar rotinas para a nova época, o que só não aconteceu por súbita lesão.
Sarabia, que esteve por empréstimo, regressou ao Paris Saint-Germain. Ausência muito difícil de colmatar. Veio Trincão, o sucessor possível.
Paulinho viu chegar um concorrente directo, no início de Fevereiro. Era Slimani.
Sinal evidente de que a "estrutura" havia diagnosticado ali um problema.
Que Ugarte esteja agora sem substituto, que Morita ainda não pareça rotinado numa posição que o próprio Matheus só um ano depois de chegar ao Sporting assumiu como titular e que Slimani tenha entrado em ruptura com o treinador são questões relevantes, uma das quais imprevista, mas não retiram acerto ao planeamento leonino.
Algumas serão resolvidas com o tempo (Morita, creio, é mesmo reforço).
Outras exigem ida ao mercado. Foi o que justificou a vinda do jovem grego Sotiris Alexandropoulos, agora contratado, que preenche a ausência de Daniel Bragança, infeliz lesionado de longa duração. Pouco antes chegara Rochinha, capitão do V. Guimarães, para compensar a saída de Tabata, que rumou ao Palmeiras, onde tem um salário três vezes superior ao que recebia no Sporting.
Entretanto, há um dado factual que convém reter: todas as contratações continuam a ser indicadas ou avalizadas pelo treinador. Que também exerce um veto informal a possíveis jogadores sinalizados pela estrutura directiva que não sejam do seu agrado. Terá acontecido com André Almeida, que acaba de trocar o V. Guimarães pelo Valência, rendendo 7,5 milhões de euros ao clube minhoto.
Bom jogador? Sem dúvida.
Valeria a pena insistir nele sem o aval do técnico? Não.
Se Amorim não gosta deste ou daquele, ninguém deverá contrariá-lo. É algo que não faria sentido. Até porque terá recebido carta branca para escolher jogadores, dentro do tecto orçamental definido pelo administrador financeiro.
A excepção foi Slimani, precisamente. E correu mal.
Se o treinador prefere ter Paulinho como opção A e Coates como opção B, na posição de ponta-de-lança, aí talvez o cenário se complique. Porque esse é precisamente o lugar que mais temos urgência em preencher. Sem matador não há golos, sem golos não há vitórias, sem vitórias não há pontos, sem pontos não há títulos. E sem títulos quedamo-nos à porta da glória, impedidos de entrar.