Os servos da Sérvia ficaram com azia
Pus-me a pensar, neste serão, que alguns dos comentadores televisivos de futebol alinham pela bitola daqueles involuntários companheiros de almoço do Pedro Oliveira, dias atrás. Vi-os com tamanha cara de enterro, com expressões tão graves, com críticas tão azedas aos jogadores portugueses que pareciam ter torcido pela vitória sérvia no confronto desta noite com vista ao apuramento para o Europeu de 2016.
Não vimos o mesmo jogo. Naquele que eu vi, Portugal levou de vencida a Sérvia com toda a justiça. Triunfámos por 2-1 e estivemos muito perto de um terceiro golo, apontado por Cristiano Ronaldo na marcação de um livre que motivou um voo quase impossível do guardião sérvio para a evitar a bola a fuzilar as redes. Rui Patrício, tanto quanto me lembro, só fez uma defesa.
Os nossos golos resultaram de lances estudados, revelando entrosamento entre os jogadores. Bola parada no primeiro caso, com centro de Fábio Coentrão para o oportuno remate de cabeça de Ricardo Carvalho. Excelente contra-ataque no segundo caso, com Cristiano Ronaldo a lançar João Moutinho que faz uma excepcional assistência para Coentrão, bem desmarcado na grande área sérvia.
João Pereira, Raul Meireles e Miguel Veloso - três intocáveis da era Paulo Bento - não foram convocados nem deixaram saudades. Quatro jogadores recuperados pelo actual seleccionador - Bosingwa, Ricardo Carvalho, Tiago e Danny - alinharam como titulares. Ricardo Carvalho abriu caminho à vitória com o golo, marcado logo aos 11'. Tiago voltou a deixar óptima imagem em campo. Bosingwa esteve seguro a defender na ala direita - oxalá se pudesse dizer o mesmo de Eliseu, na ala esquerda: no golo sérvio, marcado por esse lado, o lateral do Benfica primou pela ausência. Dos jogadores recuperados, só Danny continua a não justificar a convocatória.
José Fonte - que substituiu Ricardo Carvalho aos 16', por lesão - teve uma actuação impecável, confirmando hoje na Luz a boa fama alcançada no campeonato inglês. William Carvalho jogou os últimos dez minutos, entrando para o lugar de Danny: tempo suficiente para dar nas vistas com as recuperações de bola e os passes cirúrgicos que tão bem lhe conhecemos em Alvalade.
Resumindo e abreviando: terceiro jogo da selecção sob o comando de Fernando Santos, terceira vitória consecutiva. Agora a Sérvia, após a Dinamarca e a Arménia. Seguimos em primeiríssimo lugar no nosso grupo de apuramento, com nove pontos, enquanto albaneses e dinamarqueses têm apenas sete.
Ficamos quase todos satisfeitos, naturalmente. Excepto os tais comentadores com cara de enterro e aqueles comensais que se confessaram servos da Sérvia lá para as Portas de Benfica.
A esta hora estão a engolir pastilhas contra a azia. Oxalá lhes façam bem.